63ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GESTÃO DOS RESÍDUOS ESGOTADOS POR CAMINHÕES LIMPA-FOSSAS DA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE – CE.
Iacy Maria Pereira de Castro 1
Maria Carolina da Silva Oliveira 2
Thamirys Rafaelle Rodrigues Ferraz 3
Joana Paula Menezes Gomes 4
Jefferson Queiroz Lima 5
Yannice Tatiane da Costa Santos 6
1. Eng.AmbientalInstituto Federal do Ceará (IFCE), campus Juazeiro do Norte
2. Ensino médio - Instituto Federal do Ceará (IFCE), campus Juazeiro do Norte
3. Ensino médio - Instituto Federal do Ceará (IFCE), campus Juazeiro do Norte
4. Eng.AmbientalInstituto Federal do Ceará (IFCE), campus Juazeiro do Norte
5. Prof.Dr.Depto. de Eng. Ambiental, Juazeiro do Norte – IFCE
6. Profa. MSc./Orientadora - Depto. de Eng. Ambiental, Juazeiro do Norte – IFCE
INTRODUÇÃO:
A cidade de Juazeiro do Norte está localizada ao sul do Ceará, vale do Cariri, com área de 249 km2 e uma população de 242.139 habitantes. Dos 97,6% das residências com abastecimento de água, apenas 40,32% possuem esgotamento sanitário. Por se tratar de uma cidade não planejada em desenvolvimento, essa porcentagem está diminuindo.
Dessa forma, acredita-se que o uso de fossas e tanques sépticos sejam muito utilizados pela maioria da população, por se tratar de um sistema simples em termos de construção, manutenção e operação. No entanto, a forma de tratamento e a disposição final desses resíduos são preocupantes.
O lançamento do conteúdo desses sistemas in natura pode acarretar riscos à qualidade de vida e saúde da população, do solo e principalmente dos mananciais, pois a água atingida por efluentes pode tornar-se o principal meio de transmissão das doenças de veiculação hídrica, como também prejudica os demais usos que a água possui.
Diante disso surgiu o questionamento sobre qual é a forma de gestão dos resíduos esgotados pelos caminhões limpa-fossas da cidade de Juazeiro do Norte. O objetivo do trabalho foi realizar um diagnóstico baseado nas informações e avaliação do processo de gestão que envolve a coleta, transporte e disposição dos resíduos esgotados por carros limpa-fossas.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi desenvolvida em dois principais momentos. Primeiramente fez-se um levantamento de dados sobre as condições de saneamento da cidade, através de pesquisas em internet de sites governamentais, inventários e documentos de órgãos competentes, tais como Concessionárias dos serviços de saneamento (Companhia de Água e Esgoto do Ceará), Secretaria de Meio Ambiente (Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará - SEMACE), prefeitura Municipal e Secretaria de Infraestrutura.
Nesta etapa buscou-se descobrir o número de empresas imunizadoras que atuam no município e na região, os tipos de caminhões utilizados no esgotamento (volume do caminhão), tipos de serviços oferecidos, se possuem licença para tal atividade, locais de atendimento dentre outros aspectos, como a estimativa do volume mensal e anual que é gerado de resíduos pelas imunizadoras.
Em um segundo momento foi iniciado a pesquisa de campo que contemplou as visitas junto às empresas atuantes na área e nos órgãos competentes. Também foi acompanhado o momento do esgotamento realizado por duas empresas imunizadoras atuante na cidade.
RESULTADOS:
Verificamos a atividade plena de seis empresas, cinco sabe-se que são licenciadas pela SEMACE, cada empresa apresentou uma frota mínima de um caminhão com capacidade de 8m3. As quais atuam na cidade, nos municípios visinhos e em outros estados.
A disposição final é feita através do lançamento direto na ETE Malvas, localizada em Juazeiro. O sistema é composto por 2 lagoas anaeróbias, 2 facultativas e 1 de maturação em série. A capacidade de suporte para o tratamento é de 20L/s, a mesma atende cerca de 40% do saneamento da cidade e seu órgão gestor é a concessionária de estado (CAGECE).
A permissão dos despejos dos carros limpa-fossas se dá mediante a comprovação de licenciamento e do pagamento de tickets com valor de R$ 7,61 por caminhão. O processo de licenciamento exige que os carros sejam inspecionados quanto à emissão de gases poluentes e se atendem a NBR 7501 que estabelece os padrões para transporte terrestre de produtos perigosos.
O problema encontra-se no fato de que a estação está recebendo e tratando efluentes com carga orgânica superior as encontradas em efluentes domésticos. Não se sabe se a qualidade do efluente final da estação está prejudicada, contudo é importante monitorar e controlar o despejo de resíduos no sistema para não permitir que a estação entre em colapso.
CONCLUSÃO:
Conclui-se que a utilização de fossas e tanques sépticos se torna presente devido a vasta atividade das empresas imunizadoras que apesar de licenciadas, não apresentam um sistema de tratamento próprio para dispor e tratar seus resíduos, e o fazem através da contratação de serviços oferecidos pela concessionária estadual.
As deficiências do sistema de saneamento local e das regiões vizinhas incentivam o uso desses sistemas rudimentares que geram resíduos potencialmente mais poluidores do que o esgoto doméstico, com poucas possibilidades de destino, restando apenas à disposição na ETE mais próxima, que termina por atender inclusive as cidades fora do estado.
Apesar da ETE operar com vazão de 70L/s, três vezes menor que sua capacidade, a carga de resíduos é 100 vezes maior para sólidos totais e DQO, uma vez que as concentrações típicas para os resíduos são de 110.000 mg/L e 64.000 mgO2/L.
Em virtude da não existir não outro sistema disponível para descarga e tratamento dos resíduos oriundos de fossas e tanques sépticos da região, tem-se a necessidade de monitorar e controlar os resíduos despejados na ETE Malvas, principalmente pela qualidade do efluente final que pode prejudicar a qualidade do corpo receptor, de importância fundamental para o desenvolvimento das atividades locais.
Palavras-chave: Resíduos esgotados, Limpa-fossa, Esgotamento.