63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 3. Enfermagem Médico-Cirúrgica |
POTENCIAL CICATRIZANTE DO ÓLEO DE COCO EM FERIDAS CUTÂNEAS: um estudo histomorfométrico em ratos |
Emiliana de Omena Bomfim 1 Giani Maria Cavalcante 2 |
1. Graduanda em Enfermagem - Centro Universitário CESMAC 2. Profa MSc. em Anatomia Patológica - Centro Universitário CESMAC |
INTRODUÇÃO: |
Dados da organização mundial de saúde apontam que cerca de 80% da população mundial, principalmente dos países em desenvolvimento, utilizam algum tipo de vegetal na atenção primária à saúde. Também se constatou que em torno de 25% das prescrições aviadas nas farmácias dos Estados Unidos, continham ao menos um ingrediente ativo derivado de planta. Produtos originários de plantas medicinais têm se mostrado uma alternativa terapêutica viável no tratamento de lesões cutâneas, devido à capacidade de determinados metabólitos secundários, como os taninos e ácidos graxos em acelerar o processo cicatricial. Escritos da Indonésia relatam o uso do óleo de coco para a cura de feridas, queimaduras, dissolução de pedras de rim e tratamento dos Dysenteries choleraic. Nesse sentido, partindo da inexistência de pesquisas científicas que legitimem ou refutem a ação cicatrizante do óleo de coco, propôs-se a investigação do potencial cicatrizante deste fruto em modelo animal de lesão cutânea. |
METODOLOGIA: |
Trata-se de um estudo experimental desenvolvido após aprovação do comitê de ética e pesquisa (protocolo: nº 067A/09) no Biotério Central e no Laboratório de Patologia do Centro Universitário CESMAC (FCBS). Foram utilizados ratos adultos (n= 36), machos (Rattus novergicus), divididos em 2 grupos: Grupo Controle (GC7, GC14, GC21), tratado com soro fisiológico e grupo tratamento (GT7, GT14, GT21), tratado com óleo de coco, ambos com aplicação tópica diária em ferida circular padronizada em 1cm2 de diâmetro na região dorsal de cada animal. Para confecção das lesões, optou-se pela anestesia por via IM, pela mistura dos fármacos xilazina (50 mg/kg) e quetamina (15 mg/kg). As análises morfométricas das feridas foram feitas diariamente com auxílio do paquímetro até o período estabelecido de PO. As áreas das feridas foram obtidas a partir da equação A = π. R. r (onde: “A” representa o valor da área calculado em mm2, “R” corresponde à metade do diâmetro maior da ferida e “r” a metade do diâmetro menor da ferida). Foi realizada a análise morfológica das feridas a partir de fragmentos coletados da lesão para confecção de lâminas histológicas conforme a metodologia descrita por Conceição (2004). |
RESULTADOS: |
A análise da média das áreas das feridas demonstra que houve maior contração do diâmetro da ferida do GT chegando ao 7º dia com uma média de áreas menor que a do GC. O aspecto microscópico das feridas mostrou uma diferença significativa no grau de epitelização do GT sendo superior ao GC. Histologicamente houve colagenização significantemente maior no 14º dia de pós-operatório nos animais do grupo tratado (p = 0,017), além de uma resposta inflamatória superior deste grupo quando comparado ao grupo controle nos quesitos: parâmetros celulares inflamatórios e grau e tempo de reepitelização. Infere-se a partir deste estudo, que o uso tópico de óleo de coco apresenta um efeito microscópico significativo, com aumento da proliferação fibroblástica no 7º dia e colagenização maior no 14º dia de pós-operatório nos grupos tratados (GT). Em 21 dias de PO foi registrado reepitelização completa em todos os grupos. Este evento já era esperado uma vez que, mesmo com o uso apenas de soroterapia, fatores de cicatrização são naturalmente liberados ao longo dos 21 dias, os quais, em organismos sadios, são capazes de restaurar o tecido lesado. Ademais, epitélio e conjuntivo no GT2 mostraram-se, ao 21º dia, veementemente mais organizados em contraposição aos mesmos aspectos observados no GT1. Nesse sentido quer se destacar as disposição das fibras colágenas no grupo GT2 que se mostraram acentuadamente mais organizada. |
CONCLUSÃO: |
A aplicação tópica do óleo de coco originou um comportamento estável da ferida com cicatrização gradual e com quantidades superiores de tecido de granulação e reepitelização no 7º e 14º dias quando comparados os grupos controle (GC) e tratamento (GT). O uso do óleo de coco favoreceu com igual veemência a neoangiogênese em ambos os grupos: GC e GT. Macroscopicamente não se registrou diferença entre os grupos tratamento no 21º dia de PO, haja vista que ambos atingiram a cicatrização total. Microscopicamente, entretanto, a intensa organização das fibras colágenas ao 21º dia, permite inferir que o óleo de coco acelerou o processo de reepitelização reparando a área lesionada com maior veemência no grupo GT quando comparado com o grupo GC. |
Palavras-chave: cicatrização tissular, ratos, óleo de coco. |