63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 5. Ciências Florestais
EFEITO DE BORDA EM UM REMANESCENTE DE FLORESTA ATLÂNTICA, ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TAPACURÁ, SÃO LOURENÇO DA MATA - PE
Fabio Mesquita de Souza 1
Lamartine Soares Bezerra de Oliveira 1
Wedson Batista dos Santos 2
Morgana de Jesus Brito de Albuquerque 2
Luiz Carlos Marangon 3
Ana Lícia Patriota Feliciano 4
1. Depto.de Engenharia Florestal, Fac.de Tecnologia – PPGCF/UnB
2. Depto. de Ciência Florestal – UFRPE
3. Prof. Dr./Orientador – Depto. de Ciência Florestal – UFRPE
4. Profª. Drª./Co-orientadora – Depto. de Ciência Florestal – UFRPE
INTRODUÇÃO:
Deste o início da ocupação do Brasil que os ecossistemas florestais vêm sofrendo com a ação humana, iniciado ao longo do litoral e estendendo-se ao interior do país. Com disso, um das formações mais devastadas foi a Floresta Atlântica, a qual ocupava uma área em torno de 1,3 milhões de km², em que, atualmente estimada uma redução de 88 a 95%.
A principal consequência dessa redução é o processo de fragmentação, originando remanescentes pequenos, isolados e inseridos sob uma matriz não florestal, proporcionando diversas alterações nas comunidades florestais, em nível de composições, estrutura, dispersão, bem como, extinção local de espécies. Tal processo ainda acentua o efeito de borda, o qual é ocasionado pela interação entre os fragmentos e a matriz não florestal.
As principais perdas na composição e estrutura da vegetação localizada nas áreas limítrofes dos remanescentes são ocasionadas pelas alterações microclimáticas a níveis de temperatura; de velocidade e turbulência do vento; e de umidade do ar, bem como de umidade do solo, os quais estão diretamente relacionados ao efeito de borda. Com isso, o objetivo deste trabalho foi avaliar efeito de borda sobre o componente arbóreo em um fragmento de Floresta Atlântica na Estação Ecológica do Tapacurá, São Lourenço da Mata - PE.
METODOLOGIA:
O trabalho foi desenvolvido na Mata da Buchada, pertencente à Estação Ecológica do Tapacurá em São Lourenço da Mata-PE. O fragmento faz limite com as águas da Barragem de Tapacurá, sofrendo inundações esporádicas. A avaliação do efeito de borda sobre o componente arbóreo adulto (CAP≥15 cm) foi realizado a partir da marcação de 15 parcelas de 10x25 m. Já o componente regenerante (CAP<15 cm e altura≥1 m), por uma sub-parcela de 1x25 m dentro de cada parcela. As parcelas foram locadas em três ambientes, cada um com cinco parcelas equidistantes 25 m entre si, sendo o primeiro ambiente locado a margem do fragmento e os demais com 50 m de intervalo, dividindo a área em três ambientes, conforme a distância da borda.
As comparações entre os ambientes (A1 - margens do fragmento, A2 - 50 m após o ambiente A1 e A3 - 50 m após o ambiente A2) foram realizadas por: comparação da riqueza em comum entre os ambientes pelo diagrama de Venn; e similaridade entre os ambientes por análise de agrupamento, utilizando-se como medida de dissimilaridade a distância euclidiana, calculada com as médias da riqueza, densidade, dominância, diâmetro, altura, índice Shannon e o índice de Pielou por ambiente, sendo utilizado o método de agrupamento de Ward.
RESULTADOS:
No fragmento estudado foram inventariados 1.025 indivíduos, 630 adultos e 395 regenerantes, pertencentes a 60 espécies. Foi observada maior riqueza de espécie na área mais distante da borda, ambiente três (A3). Em áreas de Florestas Atlânticas o interior dos fragmentos apresentar maior riqueza de espécies, pois as mesmas, além de serem mais adaptadas, tentem a encontra condições mais favoráveis ao seu estabelecimento. Já na área limítrofe do fragmento as espécies sofrem maior pressão seletiva, devido às mudanças sofridas nesse ambiente, ocasionadas pelo efeito de borda.
Pode ser observado de forma mais clara, pela análise de agrupamento, que a interação entre o ambiente antrópico e o fragmento causa efeitos sobre a comunidade arbórea adulta e regenerante, ou seja, foi observada diferença na composição e estrutura das espécies adultas nos dois primeiros ambientes (A1 e A2) quando comparadas com as estabelecidas no interior do fragmento (A3). Já na regeneração o ambiente um (A1) é isolado dos demais ambientes (A2 e A3). Isto evidencia a existência do efeito de borda e a tendência na diminuição do mesmo nos 50 a 100 metros para o interior do fragmento.
CONCLUSÃO:
A interação entre o ambiente antrópico e o fragmento causou efeitos sobre a comunidade arbórea adulta e regenerante, ocasionando perdas a níveis de composição e de estrutura da comunidade localizada nas áreas mais limítrofes do fragmento Mata da Buchada.
Entre 50 e 100 metros em direção ao interior do fragmento, o efeito de borda sobre o componente arbóreo tende a minimizar.
Palavras-chave: Fragmentação Florestal, Espécie Arbórea, Regeneração.