63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 5. Arquitetura e Urbanismo
CONJUNTOS HABITACIONAIS E CONDOMÍNIOS RESIDÊNCIAIS HORIZONTAIS FECHADOS EM GOIÂNIA – DE 1990 A 2010 - DA SEGREGAÇÃO SOCIAL IMPOSTA À AUTOSSEGREGAÇÃO.
Maria Heloisa Lima de Moraes Morué. 1
Ycarim Melgaço Barbosa 2
1. Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC-GOIÁS – Mestranda do Curso de Desenvolvimento e Planejamento Territorial.
2. Professor Doutor /Orientador - Mestrado em Desenvolvimento e Planejamento Territorial – PUC-GOIÁS.
INTRODUÇÃO:
Os problemas habitacionais detectados em Goiânia repetem-se na maioria das grandes cidades brasileiras. Quando foi criado o Banco Nacional da Habitação (BNH) em 1964, pretendia-se inaugurar um novo caminho para a solução do problema da habitação no Brasil, com financiamento para a construção de moradias adequadas às condições da população. Em Goiânia, as ações dessa natureza foram pontuais e deram-se através da participação prioritária do governo, principalmente nas décadas de 70 e 80, com a implantação de vários conjuntos habitacionais populares adensando as regiões periféricas do município. Em oposição às ações do poder público, a iniciativa privada, a partir da década de 1980, lança no mercado imobiliário empreendimentos como os condomínios residenciais horizontais fechados implantados em áreas valorizadas, incorporados na paisagem urbana, construindo a nova paisagem do poder e do dinheiro. Sua prática e expansão têm gerado vários estudos que abordam suas origens causas e conseqüências demonstrando as alterações na estrutura morfológica e na paisagem urbana, reduzindo as interações sociais e físicas entre os espaços públicos e os espaços privados. Ao colocá-las em confronto nos são fornecidos elementos para caracterizar a segregação física que cada um representa.
METODOLOGIA:
Os instrumentos de pesquisa que nortearam o trabalho foram a pesquisa documental junto aos órgãos Municipais competentes – Secretaria de Planejamento e Urbanismo do Município SEPLAM, seguimento imobiliário e da construção civil onde foram levantados e mapeados dados dos condomínios fechados e conjuntos habitacionais aprovados na cidade de Goiânia, respeitando uma delimitação temporal de 1990 a 2010. A Pesquisa Bibliográfica foi concentrada na historia da habitação no Brasil em livros, artigos e dissertações pertinentes ao assunto traçando o panorama habitacional atual. A Pesquisa Exploratória para seleção de amostra foi realizada através da visitas ao locais de análise, registro fotográfico e aplicação de questionário junto a moradores e proprietários de condomínio fechados e conjuntos habitacionais.
RESULTADOS:
As primeiras investigações evidenciaram que a implantação desses empreendimentos alterou as relações entre os espaços existentes na cidade modificando sua estrutura morfológica urbana. Nos condomínios fechados a paisagem é totalmente manipulada criando um ambiente novo, intramuros, dissociado do entorno. A segurança e qualidade de vida vendida pelo mercado imobiliário especulador é falsa, onde o valor econômico é que dita o “status” e a posição social do morador, caracterizando uma sociedade do espetáculo. Nos conjuntos habitacionais observa-se a expressão do poder político de caráter assistencialista. As áreas de uso comum não são prioridade de projeto. O maior número de unidades é o principal objetivo a ser alcançado. A infra-estrutura urbana desses conjuntos é precária e em muitos casos inexistente.
CONCLUSÃO:
Goiânia está entre as capitais brasileiras que teve sua origem planejada em 1933 para abrigar uma população de 50.000 habitantes e abriga, nos dias atuais, mais de 1milhão de habitantes. O inchaço populacional aliado a interesses dos setores da construção civil e mercado imobiliário propiciou crescimento desordenado com a implantação de loteamentos cada vez mais periféricos e sem preocupação quanto à oferta de infraestrutura instalada. A importância em se discutir este tema provém da possibilidade de compreender qual a dinâmica da implantação desses condomínios horizontais fechados e dos conjuntos habitacionais e suas conseqüências no ambiente construído, modificando a estrutura morfológica da cidade, uma vez que materializam um ambiente urbano segregado dos elementos da cidade real. Os condomínios fechados apresentam-se autossegregados por opção de modelo espacial de moradia. Os conjuntos habitacionais por sua vez, apresentam-se segregados pelas características de implantação e pelo sítio pouco valorizado e distante do centro urbano. Assim, ao se contrapor as tipologias conjuntos habitacionais e condomínios fechados volta-se ao significado de cidade evidenciando profunda desarticulação com a cidade real.
Palavras-chave: Condomínios Fechados, Conjuntos Habitacionais, Segregação.