E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 2. Manejo Florestal |
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MONITORAMENTO DA ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO TRADICIONAL DE MADEIRA NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MAMIRAUÁ - AMAZONAS NO ANO DE 2009. |
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Maria Creusiane de Souza Moraes 01 Alberto Carlos Martins Pinto 01
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1. Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá - IDSM
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INTRODUÇÃO: |
O contexto histórico da exploração madeireira na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – RDSM pode ser caracterizada em dois momentos. O primeiro antes da criação da Reserva, quando a exploração madeireira praticada pelos moradores e usuários era a principal atividade econômica das populações ribeirinhas, e o segundo, após a implantação da RDSM, quando e o número de árvores exploradas diminuiu devido ao rigor das fiscalizações. Entre 1993 e 1995 pesquisadores preocupados em conciliar a conservação dos recursos naturais com o uso da madeira, monitoraram toda área focal da RDSM, identificando a quantidade de árvores extraídas, espécies e aspectos socioeconômicos dos cortadores e compradores. O estudo mostrou que a exploração era feita de forma predatória e ilegal sob a legislação ambiental vigente. A legislação ambiental (IN/SDS/Nº 003/08) permite as pessoas que moram em comunidades ribeirinhas ou Unidades de Conservação explorar os recursos naturais existentes no local desde que não seja comercializado. Esse estudo pretendeu dar continuidade ao monitoramento da exploração tradicional de madeira para que as comunidades possam ser incentivadas a discutir sobre a disponibilidade dos recursos naturais do lugar em que vivem, usando de maneira sustentável os recursos ainda existentes. |
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METODOLOGIA: |
A área de estudo se localiza na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá localizada na região do Médio Solimões, na confluência dos Rios Solimões, Japurá e Auati-Paraná, a cerca de 70 km a noroeste da cidade de Tefé, no Estado do Amazonas, é a maior área brasileira de conservação de florestas inundáveis, com uma extensão de 1.124.000 ha. O monitoramento foi realizado em 10 setores da Reserva com excursões no período da cheia dos rios e para a obtenção das informações foi aplicado um questionário estruturado junto às comunidades da RDSM com os seguintes tópicos: identificação das espécies (nome comum), comprimento, diâmetro e categoria de uso das madeiras extraídas; local de extração; identificação dos extratores; equipamento de corte e a forma de deslocamento das toras. As árvores foram identificadas pelos nomes comuns e quando não conhecidas, foram descritas como desconhecida. |
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RESULTADOS: |
Foram derrubadas 1.139 árvores para a utilização tradicional da madeira na RDSM. Os motivos que levaram os moradores a explorarem a madeira foi para o próprio consumo (99%). O setor que mais se destacou foi o Guedes com 34% do total e o equipamento mais utilizado foi o machado (60%). A categoria da madeira mais explorada foi a pesada com 62% do total, que devido a sua maior resistência são utilizadas para construção de casas e benfeitorias comunitárias. Porém a espécie mais explorada foi o Hura crepitans L., conhecido como assacu com 40% do total. Essa espécie é muito explorada por causa da baixa densidade que facilita a fabricação de flutuantes. O período de maior exploração foi no mês de julho, com 31%, pois segundo os comunitários, a retirada da madeira ocorre quando o rio está cheio e a forma de transporte se torna mais fácil. O meio utilizado para transportar a madeira das áreas exploradas para as comunidades foi fluvial, através das rabetas, com 75%, pois é o transporte mais comum nas comunidades, além de permitir o fácil acesso às áreas de exploração na época da cheia do rio. |
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CONCLUSÃO: |
Apesar das comunidades da várzea terem fortes dependências dos recursos naturais, pode-se verificar que os dados da exploração tradicional de madeira em áreas da RDSM indicam que o setor Guedes merece atenção especial, pois, após a coleta dos dados de 2009, verificou-se que foi o setor que mais explorou madeira nesse ano. É fundamental a atuação do Programa de Manejo Florestal do IDSM junto a essas comunidades e apresentar a vantagens e técnicas do manejo florestal. Apesar de algumas comunidades já terem aderido às novas técnicas de exploração tentando diminuir os danos à floresta, ainda é preciso discutir a questão da quantidade de árvores derrubadas. Apesar do número de exploração em 2009 ser considerado razoavelmente alto em relação aos anos anteriores, acredita-se que com a implantação do manejo florestal em novas áreas, essas derrubadas possam diminuir cada vez mais. É também de fundamental importância procurar repassar a informação para as comunidades sobre as espécies ameaçadas de extinção da RDSM, pois, pelo levantamento realizado, ainda continuam sendo exploradas. |
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Palavras-chave: Exploração tradicional, Setores, Espécies. |