63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 2. Economia Doméstica
REFEIÇÕES TRANSPORTADAS E ALIMENTAÇÃO NO LOCAL DE TRABALHO: COPAS E/OU REFEITÓRIOS COMO FATOR DE SEGURANÇA DO ALIMENTO
THAIS Camilo Rodrigues Manso 1
KEYLA Galgani Izidoro Valadão 2
TAYNÁ Nascimento Messinetti 3
VALÉRIA Ruschid Tolentino 4
1. Departamento de Economia Doméstica - UFRRJ
2. Arquiteta, Equipe do Plano Diretor Participativo – UFRRJ
3. Depto. de Arquitetura e Urbanismo - UFRRJ
4. Profa. Dra./ Orientadora - Depto. de Economia Doméstica – UFRRJ
INTRODUÇÃO:
O Ministério do Trabalho e Emprego brasileiro institui na norma regulamentadora NR 24 as condições sanitárias e de conforto para realização de refeições nos locais de trabalho (BRASIL, 2010). Do ponto de vista da segurança dos alimentos, impõe-se a utilização de padrões de edificação, instalações e equipamentos para a minimização de perigos físicos, químicos e biológicos que possam comprometer alimentos e, consequentemente, a saúde do consumidor (SILVA JÚNIOR, 2002). Atente-se para o fato de que, neste caso, embora a regulamentação esteja relacionada a refeições produzidas fora do ambiente de trabalho, não há exigência relacionada a cadeia do frio para conservação adequada de alimentos no tempo de espera, caso sua origem seja o domicilio do trabalhador. Nesse sentido, este trabalho buscou investigar a conformidade dos espaços destinados à realização de refeições para servidores de instituição pública em campus universitário bem como para identificar situações de risco relacionadas à segurança dos alimentos nesse ambiente.
METODOLOGIA:
Os procedimentos deste estudo foram realizados no período de outubro de 2010 a janeiro de 2011 na cidade universitária da UFRRJ/Seropédica, RJ. Primeiro, obteve-se dados secundários provenientes de documentos do Plano Diretor/UFRRJ que permitiram identificar espacialmente unidades administrativas e servidores por meio dos mapas do território com edificações e respectiva distribuição dos trabalhadores. No segundo momento, dados primários foram coletados nas edificações com utilização de formulário pré-elaborado com base na NR 24 (BRASIL, 2010) e roteiro para registro fotográfico. As variáveis usadas no levantamento abrangeram a existência de espaço fora da área de trabalho para realização de refeições, com pia, piso lavável, ventilação e iluminação; mesas e assentos em número correspondente ao de usuários; lavatórios instalados nas proximidades ou no próprio local; fornecimento de água potável aos empregados; estufa, fogão ou similar, para aquecer as refeições; que são os itens que compõem os requisitos mínimos contidos na norma regulamentadora. Os dados foram inicialmente tabulados com utilização do software Excel para em seguida serem analisados com o programa SPSS, que proporcionou o cômputo de estatísticas descritivas e a montagem de tabelas de freqüência.
RESULTADOS:
Os resultados apresentaram sessenta (60) diferentes situações para condições dos espaços destinados à realização de refeições no local de trabalho no campus universitário investigado. No que se refere ao atendimento à regulamentação trabalhista, 78,3% apresentavam conformidade para localização fora do ambiente de trabalho e igual índice para disponibilização de água potável e acesso adequado; 75% apresentavam mesas para realização das refeições e pisos laváveis. Note-se que embora a existência de mesas tenha alcançado altos índices, a dimensão de áreas de consumo merece maior investigação tendo em vista o registro da utilização das copas apenas para aquecer alimentos para em seguida serem consumidos na própria mesa de trabalho. Além disso, quesitos como iluminação e ventilação obtiveram ocorrências superiores a 60% para “não conformidade” e, ainda que 83,3% tivesse uma pia para higienização de utensílios e/ou alimentos, em 90% não havia lavatórios para mãos dos usuários. Em relação a equipamentos para aquecer as refeições, em 56,7% havia fogão e 46,7% possuíam forno de microondas. Mesmo não contemplado pela legislação, a existência de geladeira foi registrada em 83,3% dos espaços visitados.
CONCLUSÃO:
A freqüência da ocorrência dos espaços destinados à realização de refeições para servidores, demonstrou sua necessidade na instituição. No entanto, por limitações qualitativas (condições de conforto) ou quantitativas (dimensionamento de áreas e equipamentos), muitos desses espaços não atendem às exigências legais e à demanda tendo em vista a ocorrência de usuários que realizam suas refeições nas salas de trabalho depois de aquecê-las nas copas quando provenientes do próprio domicilio, ou ao recebê-las de um serviço de entrega. Uma das conseqüências, o descarte de lixo orgânico nas salas de trabalho, cria uma lacuna para a proliferação de pragas urbanas, um dos problemas da cidade universitária. Além disso, embora a “não conformidade” para localização tenha sido pouco expressiva (20%), isso significou a existência de doze situações de improviso para realização de refeições incluindo o uso de laboratório, varanda, banheiro, salas de trabalho, etc., potencializando riscos sanitários. Conclui-se, portanto, necessário efetivar planejamento para reparos e/ou adaptações dessas copas e/ou refeitórios considerando especificidades das edificações e da distribuição dos servidores de forma a promover condições sanitárias mais adequadas à segurança dos alimentos e dos usuários.
Palavras-chave: segurança do alimento, alimentação do trabalhador, normas regulamentadoras.