63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
FATORES DE RISCO PARA AQUISIÇÃO DA TUBERCULOSE NO MUNICIPIO DE DOURADOS
Vanessa da Costa Maldonado 1
Débora Rigo Guimarães de Macedo Bento 1
Gisele Douradinho Teixeira 1
Giovana de Castro Oliveira 1
Anderson Oliveira Estevan 1
Julio Croda 1
1. Faculdade de Ciências da Saúde - Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD
INTRODUÇÃO:
A tuberculose (TB) representa um grande problema de saúde pública. Em Mato Grosso do Sul, a incidência da doença é de 43/100.000 habitantes. A cidade de Dourados apresenta incidência da doença na população indígena de 260 casos por 100.000 habitantes, enquanto na população não indígena de 20 por 100.000 habitantes. O objetivo desse estudo é identificar fatores de risco para o desenvolvimento da TB tanto na população indígena quanto na não indígena.
METODOLOGIA:
Estudo prospectivo caso-controle, realizado no período de junho de 2009 a agosto de 2010, em Dourados (MS). Os critérios de inclusão dos casos no estudo foram: paciente ter diagnóstico de TB, registro pelo SINAN e residir no município de Dourados. Os controles foram pareados aos casos pela idade e local de moradia. Aplicou-se um questionário padronizado com perguntas que avaliaram variáveis sócio-econômicas e associadas ao risco de desenvolvimento de tuberculose para casos e controles, mediante consentimento escrito. Os dados foram tabulados com Epidata 3.1, em dupla entrada, e analisados pelo SAS 9.1.
RESULTADOS:
No período de estudo 86 casos e 170 controles foram entrevistados. As variáveis relacionadas com o desenvolvimento da TB, estatisticamente significantes (p < 0.05) após a análise multivariada, na população não indígena foram: sexo masculino (OR 3.29, IC 95%, 1.16-9.30), contato com paciente com TB (OR 6.50, IC 95%, 1.57-26.93), detento ou ex-detento (OR 9.11, IC 95%, 2.38-34.85), CAGE ≥ 2 (OR 19.91, IC 95%, 1.80-220.48). Para a população indígena foram: sexo masculino (OR 3.04, IC 95%, 1.01-9.10), contato com paciente com TB (OR 3.47, IC 95%, 1.15-0.41) e apresentar cicatriz da vacina BCG (OR 0.26, IC 95%, 0.07-0.97).
Nossos resultados demostraram que os fatores de risco para o desenvolvimento de TB são diferentes entre as duas populações. Na população não indígena pudemos observar associação de ser presidiário e fazer uso de bebidas alcoólicas com o adoecimento.
Na população indígena, a cicatriz vacinal para BCG comprovou-se um fator protetor através da análise multivariada. A população indígena apresenta menor média de idade, e portanto pode se beneficiar mais com o uso da vacina BCG. Alternativamente, a ausência da cicatriz vacinal pode representar um marcador de anergia nessa população, dessa forma representar uma baixa resposta celular frente ao bacilo, determinando o adoecimento dos pacientes.
CONCLUSÃO:
Os resultados comprovaram fatores de risco presentes na literatura e outros ainda pouco esclarecidos, como a vacina BCG. Futuras intervenções poderão ser propostas baseadas nos fatores de riscos identificados.
Palavras-chave: Tuberculose, Fatores de risco, Epidemiologia.