63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E SOCIOAMBIENTAIS DA DOENÇA DE CHAGAS EM MUNICÍPIOS DO ESTADO DO ACRE (BRASIL).
Cairon Rodrigo Faria Ribeiro 1
Marcos Felipe Salla Corrêa 1
Weslen Luiz Pinto de Barros 1
1. Profa. Msc. /Orientadora Sandra Márcia Carvalho de Oliveira - Centro de Ciências da Saúde e do Desporto (CCSD) - Universidade Federal do Acre (UFAC).
INTRODUÇÃO:
A transmissão oral da Doença de Chagas para seres humanos e outros mamíferos está demonstrada experimental, clínica e epidemiologicamente, significando hoje uma importante via de transmissão, responsável pelo aumento da morbi-mortalidade da forma aguda da doença. Do ponto de vista epidemiológico mais de 120 espécies de triatomíneos (Hemiptera, Reduviidae) são conhecidas. Triatoma pseudomaculata e T. wygodzinskyi são dois vetores Brasileiros da doença de Chagas. A pesquisa da fonte alimentar dos triatomíneos auxilia no conhecimento sobre a biologia destes insetos, inclusive para inferir-se a importância dos mesmos como transmissores do Trypanosoma cruzi ao homem. Esse estudo teve por objetivo avaliar a prevalência da doença de Chagas Agudo no estado do Acre, Amazônia, Brasil. A população estudada reside em área rural do município de Feijó (Acre), apresenta baixo nível sociocultural e tem hábito de consumir açaí. Foram encontrados 5 casos de provável infecção autóctone na região. Dos 5 indivíduos, 4 são do sexo masculino, com idades variando de 4 a 26 anos. A Imunofluorescência indireta (IFI) apresentou resultados positivos e foram encontrados parasitas à microscopia direta.
Os achados deste trabalho, chamam a atenção para uma possível forma de contaminação por via oral da população dessa região.
METODOLOGIA:
A pesquisa realizada foi do tipo quali - quantitativa, coorte transversal. Foi feito um levantamento de dados secundários de pacientes com suspeita de Chagas Agudo, identificados através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAM). Cada ficha possui vários dados sobre o paciente, tais como: nome, idade, endereço, condições de moradia, sinais e sintomas, exames realizados, modo provável de infecção e história de viagens.
Todos os indivíduos da amostra populacional pertencem à zona rural do município de Feijó (AC). A habitação típica encontrada na área possui casas, todas feitas de madeira paxiúba, com cobertura de palha. Em um dos casos, foram coletados 05 (cinco) triatomíneos na fase de ninfa e 01 (um) adulto do gênero Rodhinus em uma palheira há 20 metros da casa.
Todos os pacientes notificados foram submetidos a três testes em paralelo: gota espessa, ensaio imunoenzimático (ELIZA) e Imunofluorescência indireta (IFI) através do Laboratório Central de Saúde Publica(AC).
Foram observadas e obedecidas as diretrizes e normas preconizadas pela resolução de nº 196 de 10 de outubro de 1996 do Conselho Nacional de Saúde que regulamentam as pesquisas envolvendo seres humanos, sendo submetida à avaliação pelo Comitê de ética em Pesquisa (CEP) da UFAC.
RESULTADOS:
Ao exame de Imunofluorescência indireta (IFI) e à microscopia direta (gota fresca), foram encontrados resultados positivos e presença de parasitas respectivamente.
Em um primeiro momento, os três casos analisados pelo método Lab Test obtiveram resultados não-reativos. Em um segundo momento, um dos casos sofreu uma viragem sorológica, confirmando então diagnóstico de Doença de Chagas Agudo nesse caso. Os outros dois casos foram submetidos ao método Bios Chile de ensaio imuoenzimático, encontrando-se resultado positivo em ambos os casos.
Dos 5 indivíduos, 4 são do sexo masculino, com idades variando de 4 a 26 anos. Todos são naturais da região em estudo. Nenhum dos indivíduos referiu história de viagem nos últimos 120 dias.
Segundo Dantas-Maia e cols, tem sido notada a ocorrência na região Amazônica de um padrão de transmissão de Doença de Chagas, característico de micro epidemias familiares, fortemente sugestivo de transmissão por fonte comum, como a via oral.
CONCLUSÃO:
Se exigem estudos mais aprofundados para uma melhor determinação da prevalência da Doença de Chagas Aguda (DCA) no estado do Acre.
Pela importância de se fazer o diagnóstico precoce da Doença de Chagas Aguda (DCA), evitando-se complicações futuras para os portadores desta doença é necessário maiores investimentos para proposições de ações de educação, capacitação e mobilização social, com base no conhecimento da realidade local.
Palavras-chave: Epidemiológicos, Socioambientais, Chagas.