63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
VISÕES E CONCEPÇÕES ATOMISTAS DOS ESTUDANTES DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO
Márcia Conceição Rocha Lima 1
Renata Cardoso de Sá Razuck 2
1. Universidade de Brasília – UnB, Faculdade UnB Planaltina - FUP
2. Profa. Msc./Orientadora - Universidade de Brasília – UnB/FUP
INTRODUÇÃO:
Um dos papéis da escola deve ser garantir aos seus estudantes um aprendizado que articule os conceitos estudados com o cotidiano, de forma a integrar o conhecimento teórico com as novas descobertas tecnológicas, possibilitando a compreensão dos fenômenos. Nesse sentido, o Ensino de Química deve subsidiar a compreensão acerca da constituição da matéria, dos materiais, das suas propriedades e transformações.
Nesse enfoque, o conceito de átomo costuma ser um dos pontos inicialmente abordados no Ensino de Química, com o intuito de subsidiar a compreensão sobre a constituição da matéria, tanto a nível macro quanto microscópico. Porém, para muitos estudantes é difícil compreender a ideia de modelos atômicos e suas evoluções ao longo do tempo.
Este trabalho se propõe a discutir os resultados observados durante a realização de uma oficina sobre modelos atômicos e ligações químicas realizada por licenciandos ao longo da disciplina de Prática de Ensino de Ciências. A oficina foi destinada a alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública do Distrito Federal.
METODOLOGIA:
Durante a disciplina de “Prática de Ensino de Ciências 4”, os licenciandos foram direcionados a observarem aulas e, a partir deste contato inicial com os professores e alunos do Ensino Médio, deveriam propor a realização de oficinas que atendessem a demanda apresentada pelo grupo escolar.
Nesse sentido, foi identificado que os alunos do Ensino Médio não compreendiam as explicações referentes à teoria corpuscular da matéria e como as substâncias poderiam ser formadas. Assim, optou-se pela realização de oficinas que abordassem o conceito de modelos atômicos e, em seguida, passou-se a trabalhar com os conceitos pertinentes a ligações químicas.
A oficina foi dividida em três aulas e ministrada a turmas de 1º ano do Ensino Médio. Em todas as aulas foram utilizados materiais simples e baratos como bolas de isopor, palitos de dente, massinha de modelar, a fim de que os alunos visualizassem e compreendessem os conteúdos abordados.
O presente trabalho contou com a participação de três turmas, totalizando 105 estudantes.
RESULTADOS:
Durante a oficina algumas questões foram feitas aos alunos, com o intuito de verificar como eles compreendiam e expressavam seu entendimento acerca dos modelos atômicos estudados. No primeiro dia de oficina foi feito o seguinte questionamento aos alunos: “Como é o átomo? Qual o seu tamanho?” Ao final da oficina questionou-se: “Vocês acham que os modelos atômicos encontrados nos livros estão corretos?”, além de solicitar que fizessem um desenho que pudesse representar o átomo.
De acordo com as respostas dadas podemos verificar que o nível de compreensão dos estudantes se fundamenta principalmente no modelo Daltoniano, que concebe o átomo como uma esfera. De forma geral, os alunos partem do princípio de que tudo o que está no livro é correto e não passível de questionamentos.
Os resultados obtidos com a oficina evidenciam o quanto o estudante detém concepções variadas a respeito do átomo, não conseguindo criar um modelo mental e entendimento acerca do que vem a ser um modelo. È predominante a ausência de posicionamento, pois a maioria se abstém quanto à concordância ou não com os modelos propostos pelo livro didático.
CONCLUSÃO:
Com esta oficina verificamos que o Ensino de Química ainda precisa avançar para favorecer a articulação entre os conceitos estudados e o cotidiano. Os alunos não conseguem incorporar a evolução de conceitos relacionados ao átomo e, conseqüentemente, as implicações dos modelos atômicos na compreensão de determinados conteúdos. Neste sentido, sugerimos que o enfoque do Ensino de Química estabeleça uma relação mais direta entre os conceitos e o uso de modelos.
Muitos estudos demonstram que o ensino baseado no uso de modelos é um diferencial na aprendizagem contribuindo significativamente para o desenvolvimento do aluno. Contudo não podemos nos esquecer que tal prerrogativa não terá êxito se os docentes envolvidos neste processo não estiverem capacitados e compromissados com esta prática. Sendo assim, os cursos de formação de docentes devem proporcionar aos seus estudantes refletir criticamente sobre o processo. A disciplina “Prática de Ensino em Ciências” possibilitou a reflexão sobre a atuação do futuro educador favorecendo o uso de estratégias diferenciadas de ensino.
Palavras-chave: Prática de Ensino em Ciências, Ensino de Química, Modelos atômicos.