63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências |
PROFESSORES DE CIÊNCIAS FRENTE A REALIDADE DE UM ALUNO HOMOSSEXUAL |
Mônica Ismerim Barreto 1 Maria Inêz Oliveira Araujo 2 |
1. Secretaria Municipal de Educação de Aracaju - SEMED 2. Profa. Dra./ Orientadora - Depto de Educação - UFS |
INTRODUÇÃO: |
O aluno homossexual sofre discriminações e agressões ao longo de sua vida escolar. Diversas pesquisas trazem informações sobre violência sofrida no ambiente escolar por alunos homossexuais, como o estudo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas sobre Ações Discriminatórias no Âmbito Escolar, 10,3% dos professores e 18,7% dos alunos indicaram que viram ou souberam de aluno ter sido agredido na escola por ser homossexual (MAZZON, 2009). Na escola o professor de Ciências é considerado o que tem o 'saber competente' para discutir temas ligados à sexualidade, incluindo aí a homossexualidade. Considerando que professores(as) de Ciências são reconhecidos como os que detêm o ‘saber competente’ e estão na escola com alunos(as) que podem se perceber como homossexuais, faz-se necessário que se investigue como esses educadores(as) agiriam frente ao pedido de auxílio de um aluno homossexual. Dessa forma, o presente trabalho, que compõe a dissertação de mestrado de uma das autoras, teve como objetivo analisar como professores e professoras de Ciências do Município de Aracaju, que participam das ‘Horas de Estudo’ agiriam frente ao pedido de auxílio de um aluno homossexual. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa foi realizada com nove professores(as) de Ciências do município de Aracaju que participam do programa “Horas de Estudo” da Secretaria Municipal de Aracaju. Esse programa tem por finalidade a formação continuada dos professores. Para atender ao objetivo desta pesquisa, utilizamos como instrumento de coleta de dados o questionário anônimo, pois trabalharmos com um tema polêmico que poderia gerar constrangimentos aos pesquisados. Segundo Richardson (1999) esse fato pode ser minimizado pelo anonimato propiciado pelo questionário. Como forma de garantir o anonimato os questionários receberam uma numeração, que foi utilizada na análise. O questionário continha questões abertas e fechadas. Entre as questões abertas foram propostas três situações problema. Para verificar como os professores reagiriam frente a declaração de homossexualidade de um aluno, foi colocado para eles a seguinte situação problema: “Um aluno, em uma conversa em particular, diz: ‘Professor, preciso de sua ajuda, acho que eu sou homossexual.’ O que você faria nesse contexto?” |
RESULTADOS: |
Ao responderem essa questão, quatro professores indicam que encaminhariam o aluno a outros profissionais, três procurariam entender por que o aluno acredita ser homossexual e dois conversariam com o aluno. O encaminhamento do aluno a outros profissionais é uma atitude considerada inapropriada por Louro (2005). Além disso, como indicam os PCN – Temas Transversais (BRASIL, 1998) a falta de acolhimento destes alunos por parte da escola é um dos fatores que provoca a saída deles do ambiente escolar. Três Professores indicam que conversariam com o aluno para tentar entender porque o mesmo acredita ser homossexual. Essa é uma atitude considerada acertada por Mott (2003),pois busca esclarecer ao aluno o que é ser homossexual. Para dois professores, o caminho a ser seguido é uma conversa com o aluno. Porém, ao responder essa pergunta um professor indica que perguntaria ao aluno consideraria ‘anormal’ seu jeito de ser. O uso desse termo (anormal) poderia fazer com que um aluno homossexual se sinta, como nos diz Louro (2005), ‘excêntrico’, ‘desviante’. A pesquisa evidenciou a maioria, não saberia lidar com um pedido de ajuda de um aluno que acredita ser homossexual, pois dos nove professores pesquisados apenas três procurariam auxiliar o aluno a entender o que é a homossexualidade. |
CONCLUSÃO: |
Com a pesquisa foi possível concluir que os professores ainda não têm preparação para orientar seus alunos que acreditam ser homossexuais. Esse aluno que tem dúvidas sobre a sua orientação sexual deve ser acolhido e receber explicações claras sobre a variedade das orientações sexuais, condição necessária para o indivíduo se sentir pertencente ao ambiente escolar. Diante do apresentado, verificamos a necessidade de investir na formação do professor. Tanto a formação inicial com o a continuada devem oferecer disciplinas/cursos que possam desencadear a consciência critica dos educadores e estimulem a busca do conhecimento articulado, capaz de reduzir os preconceitos. |
Palavras-chave: Ensino de Ciências, Homossexualidade, Educação sexual. |