63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 3. Citologia e Biologia Celular |
VARIAÇÃO NO NÚMERO DE CÉLULAS MUCOSAS NO EPITÉLIO SECRETOR BRANQUIAL DE Poecilia reticulata EXPOSTO A SALINIDADE |
Adriana Maria Antunes 1 Joana Cristina Neves de Menezes Faria 1 Simone Maria Teixeira de Sabóia-Morais 2 |
1. Depto.de Morfologia, Instituto de Ciências Biológicas – UFG/ GO 2. Profa. Dra./ Orientadora – Depto de Morfologia, Instituto de Ciências Biológicas – UFG/GO |
INTRODUÇÃO: |
O Poecilia reticulata é um teleósteo conhecido popularmente como guaru ou barrigudinho. Os guarus são peixes de pequeno porte, com tamanhos entre dois e cinco centímetros, caracterizados como larvófagos, onívoros e eurialinos, ou seja, sobrevivem e reproduzem em ambientes com variações de salinidade que vai desde a condição de água doce (0 ppm) (AD) até a água salobra (20 ppm) (AS). No entanto, para resistir às condições adversas do ambiente aquático as células desse animal elaboram respostas capazes de alterar a estrutura de orgãos como as brânquias. As brânquias possuem papéis vitais para os peixes, atuando como sítio de trocas gasosas e em processos de osmorregulação, equilíbrio ácido-básico, excreção de compostos nitrogenados e gustação. Uma das reações frente às alterações de salinidade pode ser o aumento ou a diminuição dos índices proliferativos de alguns tipos celulares constituintes das brânquias, e entre eles destacam-se as células mucosas. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo analisar morfometricamente o número de células mucosas presentes nas brânquias de alevinos de Poecilia reticulata expostos a variação de salinidade, visando compreender os mecanismos de modulação celular do guaru. |
METODOLOGIA: |
Para tal estudo foram necessárias 10 fêmeas de guaru em estágios avançados de prenhês. Os animais foram coletados em tanques do setor de piscicultura da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFG em Goiânia, e aclimatados por um período de 48 horas em tanque com 40L de água doce no Laboratório de Comportamento Celular ICB-UFG. As fêmeas foram divididas em tanques maternidades, e assim mantidas até o nascimento dos alevinos. Ao nascer, os alevinos foram retirados da AD e expostos à água com diferentes salinidade (0‰, 5‰, 10‰, 15‰ e 20‰) por um período total de 24 horas. Foram utilizados 5 alevinos para cada tratamento. Após a exposição, os alevinos foram fixados por imersão em Karnovsky por duas horas, mantidos em álcool etílico 70%, em seguida inclusos em historessina e seccionados com 2 µm de espessura no ultra-micrótomo. Os cortes foram submetidos à coloração de azul de toluidina aquoso a 1% pH 8,4. Foram realizadas fotodocumentação e análise morfométrica do tecido branquial, para tal foi usado como parâmetro histométrico o número de células mucosas presentes no epitélio de revestimento do arco branquial e dos filamentos branquiais. A análise estatística baseou-se no teste de análise de variância (ANOVA) e no teste de Tukey, por meio do programa BioEstat 4.0. |
RESULTADOS: |
As análises realizadas comprovaram que os alevinos de guaru já possuem as brânquias funcionais e estruturalmente amadurecidas desde o momento do nascimento. As células mucosas do tipo IV foram observadas no epitélio branquial do rastelo. Essa população celular mostrou um núcleo levemente achatado localizado na porção basal das células. Verificou-se aumento significativo na quantidade de células mucosas tipo IV (F= 22.3384 e P < 0,0001) de todos os espécimes expostos a concentrações de sal marinho (AS), quando comparado com os espécimes de água doce (AD). Esses resultados podem ser justificados, uma vez que em ambientes com variação de salinidade o guaru muda os mecanismos fisiológicos para se adaptar as mudanças ambientais. O aumento do número de células mucosas em AS representa um dos mecanismos realizados pelos peixes para manter a homeostase do organismo. As células mucosas secretam glicoproteínas que revestem a superfície branquial e o epitélio faringiano, formando uma barreira seletiva na absorção de moléculas presentes da água e atuando na osmorregulação, minimizando as perdas de água para o ambiente. |
CONCLUSÃO: |
Nesse trabalho foi possível caracterizar o comportamento das células mucosas branquiais frente à variação de salinidade. A análise morfométrica indicou que as células mucosas presentes nos grupos de alevinos expostos a salinidade foram significativamente mais abundantes do que as células mucosas presentes nos alevinos expostos a água doce. Dessa forma a salinidade leva a um aumento no numero de células mucosas tipo IV e a hipersecreção, mecanismo compensatório de defesa. |
Palavras-chave: células mucosas, brânquias, guaru. |