63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 1. Anatomia Patológica e Patologia Clínica
RELAÇÃO DA ANGIOGÊNESE COM A PROLIFERAÇÃO FÚNGICA NA PARACOCCIDIOIDOMICOSE BUCAL
Janaina Moreira Lacerda da Silva 1, 2
Mayara Regina Pereira 1, 2
Douglas Fagundes Teixeira 1, 3
Eliza Carla Barroso Duarte 1
Eneida Franco Vencio 4
Flávia Aparecida de Oliveira 5
1. Setor de Patologia – IPTSP/UFG
2. Faculdade de Enfermagem - UFG
3. Faculdade de Medicina - UFG
4. Patologia Bucal da Faculdade de Odontologia – UFG
5. Profª. Dra./Orientadora – Setor de Patologia – IPTSP/UFG
INTRODUÇÃO:
A paracoccidioidomicose é uma doença classificada como sistêmica causada pelo agente etiológico Paracoccidioides brasiliensis . É considerada a infecção fúngica mais importante da América Latina, sendo restrita ao continente americano. No Brasil, esta enfermidade tem caráter endêmico. A forma crônica da doença apresenta predominantemente, lesões na orofaringe e comprometimento pulmonar. A participação dos mastócitos na etiopatogenia da paracoccidioidomicose tem sido relevante, pois substâncias liberadas por essas células podem participar no desenvolvimento de muitas das alterações histológicas e dos sinais clínicos relacionados a várias doenças. Enfim, há evidências de que os mastócitos atuam efetivamente no processo de angiogênese. Dessa forma, baseado na importância da paracoccidioidomicose bucal na atualidade, e no fato de ainda haver poucos relatos na literatura sobre o papel da angiogênese na proliferação fúngica e na inflamação observada em pacientes portadores da doença, a proposta deste estudo foi descrever a relação da densidade de vasos com a proliferação fúngica em casos de paracoccidioidomicose bucal.
METODOLOGIA:
Foram selecionados 12 casos dos arquivos de laudos e blocos parafinizados do Laboratório de Patologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás. Os casos selecionados e incluídos foram de paracoccidioidomicose bucal com manifestação crônica/adulta. O material foi incluído em parafina e seccionado em micrótomo. Posteriormente, os cortes foram corados pelos métodos de HE e de grocott. Os vasos foram identificados pelo anticorpo CD34 e como anticorpo secundário foi utilizado o “kit Starr Trek - Bio Care Medical”. A contagem dos vasos foi realizada nos cortes corados pela imunohistoquímica e os fungos pela coloração de grocott. Os campos utilizados para análise e quantificação dos fungos e vasos foram obtidos e digitalizados na região submucosa de cada corte histológico. Foram quantificados uma média de 32,8 campos por caso. Todos os vasos imunomarcados e os fungos presentes nas imagens previamente digitalizadas foram quantificados com auxílio do programa “AxionVision 3.1 Carl Zeiss”. A análise estatística foi realizada por meio do programa SigmaStat 2.03, após aplicação do teste de Kolmogorov-Smirnov, a distribuição foi não-normal, sendo usada a correlação de Spearman (rS). Os resultados foram considerados estatisticamente significativos quando p<0,05.
RESULTADOS:
As características microscópicas predominantes foram à formação de um infiltrado inflamatório difuso e extenso na submucosa. Granulomas bem formados e bem definidos de tamanhos variados foram vistos em 100% dos casos analisados. Observou-se também ulcerações no epitélio e em alguns casos hemorragia. Os fungos apresentaram características bastante peculiares. Os formatos de “roda de leme” e “Mickey” foram bem visualizados durante a quantificação. Foi observada uma correlação positiva e significativa entre a densidade de P. brasiliensis e de vasos (rS=0,158; p<0,05). Estudo in vitro demonstrou que antígenos solúveis do ovo de Schistosoma mansoni, agente causador da esquistossomose, induzem a proliferação de células endoteliais e também aumentam a regulação do VEGF. Assim, é possível que o P. brasiliensis também possa ter uma parcela de influência sobre a angiogênese, além dos fatores fisiológicos que levam a formação de novos vasos em processos inflamatórios. Há evidencias que aponta a hipóxia como regulador principal da angiogênese. A hipóxia é um componente bem documentado em vários processos caracterizados pela angiogênese inclusive cicatrização, vascularização do tumor, retinopatia diabética e doença isquêmica do coração.
CONCLUSÃO:
Desta forma, concordando com outros estudos em relação a possível influência do agente etiológico na proliferação dos vasos, pode se considerar a hipótese de que a indução da angiogênese possa ocorrer na infecção pelo P. brasiliensis, por meio de mecanismos ainda não conhecidos. Este fato pode ser evidenciado pelo aumento da densidade de vasos relacionado ao aumento da densidade de fungos observada no presente estudo. Entretanto, outros estudos serão necessários para confirmar a angiogênese associada à infecção pelo P. brasiliensis. Portanto, na paracoccidioidomicose bucal a proliferação fúngica apresentou relação com o aumento da densidade de vasos.
Palavras-chave: Paracoccicidoides brasiliensis, Paracoccidioidomicose, Mucosa bucal.