63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES BÁSICAS DE VIDA DIÁRIA DOS MUITO IDOSOS DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA-GO
Gabriela Ferreira de Oliveira 1
Adelia Yaeko Kyosen Nakatani 2
Dayana Clênia Castro 3
Ivania Vera 4
Lílian Varanda Pereira 5
Valéria Pagotto 6
1. Aluna do 9º período de Graduação PIBIC/CNPq/UFG
2. Profª Dra. Orientadora - Faculdade de Enfermagem/UFG
3. Mestranda no Programa de Pós-Graduação da FEN/UFG.
4. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação da FEN/UFG.
5. Dra. Docente da Faculdade de Enfermagem UFG
6. Doutoranda Programa de Pós-Graduação Ciência da Saúde/UFG.
INTRODUÇÃO:
A população das pessoas com idade igual ou superior a 80 anos constitui 12,8% dos habitantes no mundo. No Brasil corresponde a 1,5% da população total e em Goiânia 1,1%, no ano de 2010. O desempenho funcional se deteriora paulatinamente ao longo da vida. Quando o envelhecimento é acompanhado de patologias e limitações graves, instala-se a senilidade, afetando a capacidade funcional da pessoa. A capacidade funcional pode ser avaliada por meio das atividades básicas da vida diária (ABVD) e atividades instrumentais da vida diária (AIVD). Para avaliar o desempenho das ABVD pode ser utilizada a Escala de Katz. Investigações de base populacional identificaram maior prevalência de dependência entre os muito idosos. A preocupação com a incapacidade passa com isso a ser um assunto de saúde pública justificado pelo envelhecimento rápido e intenso nesta faixa etária, somada da alta prevalência de doenças crônicas causadoras de limitações entre os muito idosos. O objetivo deste trabalho foi descrever as características demográficas, socioeconômicas e o comprometimento de atividades básicas de vida diária dos muito idosos do Município de Goiânia.
METODOLOGIA:
Estudo epidemiológico, transversal de base populacional, com idosos da área urbana de Goiânia-GO. Realizou-se amostragem em múltiplos estágios, por conglomerados, sendo que entre os 1068 Setores Censitários (SC), foram sorteados 56, e em cada um foram entrevistados em média 17 idosos. A coleta de dados foi realizada entre os meses de dezembro de 2009 a abril de 2010, por entrevistadores previamente treinados. Para este projeto, a amostra foi constituída por indivíduos com idade igual ou superior a 80 anos, considerado os muito idosos. Os idosos foram abordados em seus domicílios e convidados a participarem da pesquisa. Foram informados que participariam como voluntários e sem qualquer ônus ou remuneração. Em caso de aceite, foram convidados a assinar ou identificar com a marca digital o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE). As ABVD foram avaliadas pelo Índice de Katz, que consta dos seguintes parâmetros: alimentação, controle de esfíncteres, transferência, higiene pessoal, capacidade para se vestir e tomar banho. Para a análise descritiva utilizou-se o pacote estatístico Stata 11.0. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFG (050/2009).
RESULTADOS:
Dos 934 idosos entrevistados, 174 idosos tinham 80 anos e mais (18,6%). A maioria era do sexo feminino (63,2%), média de idade de 84,6 anos, fato semelhante ao encontrado em outros estudos nacionais com idosos na mesma faixa etária, e possuíam nível primário (52,8%). Possuíam moradia própria (82,7%) e residiam com esposa e/ou filhos (42,5%). Verificou-se que a maioria (74,7%) residiam com alguém, similares aos resultados encontrado na Espanha ao identificar que os muito idosos ainda residiam com esposa/filhos (76,5%). Quanto à escolaridade 52,8% tinham concluído o primário. Em relação à renda, observou-se que 95,9% possuíam algum rendimento, do qual 58,0% oriundos de aposentadoria (R$510,00). Quanto ao desempenho nas ABVD, 77,5% não apresentaram nenhuma atividade comprometida, 9,2% uma ou duas e 13,2% três ou mais. Nesta avaliação, os muito idosos de Goiânia se mostraram mais independentes quando comparado aos do Município de São Paulo (62,4%). A capacidade para alimentar-se de forma independente foi de 89,6% seguida da atividade de transferência (87,8%) e uso do banheiro (87,3%). O ato de vestir-se (15%) e banhar-se (13,3%) constituíram de maiores dependências, evidenciando a necessidade do cuidado. A disfunção esfincteriana esteve presente em 5,8% na população deste estudo.
CONCLUSÃO:
Observamos que os resultados deste estudo foram divergentes do nível de comprometimento hierárquico na atividade do autocuidado estabelecido pelo autor da escala original, em que a atividade tomar banho, seria a primeira a apresentar dependência no idoso, e a alimentação a ultima atividade de autocuidado a ser comprometida, ou seja, esta pesquisa evidenciou que a maior prevalência para incapacidade foi vestir-se, seguida de tomar banho, utilizar o banheiro, incontinência, alimentação e transferência, evidenciando um perfil de perda diferenciada nesta faixa etária, o que sugere novas investigações acerca do tema neste extrato populacional. Há necessidade de investimento no acesso à promoção da saúde, prevenção de agravos e reabilitação. Ao considerarmos que não há um sistema formal voltado para o idoso e sua família em suas necessidades imediatas, a capacitação dos cuidadores familiares com vista à integralidade do cuidado carece de envolvimento intersetorial. A implementação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa na qualificação permanente da equipe que assiste o idoso é necessária.
Palavras-chave: Idoso de 80 anos ou mais., Atividades cotidianas., Enfermagem geriátrica..