63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 2. Helmintologia de Parasitos |
CONTAMINAÇÃO DE AMBIENTES ARENOSOS POR HELMINTOS EM PRAÇAS PÚBLICAS DA CIDADE DE MACEIÓ-AL |
Meclycia Shamara Alves 1 Antônio Thaywan Gama de Oliveira 1 Ângelo Paulo Pereira Soares da Silva 1 Lindon Johoson Diniz Silveira 2 José Alex Carvalho de Farias 3 |
1. Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, FCBS/CESMAC 2. Prof. Msc./Co-Orientador - Fac. de Ciências Biológicas e da Saúde, FCBS/CESMAC 3. Prof. Msc./Orientador - Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, FCBS/CESMAC |
INTRODUÇÃO: |
A contaminação de praças e outros espaços por helmintos ou seus ovos, oriundos de fezes humanas ou animais, constitui um problema de saúde pública, devido à possibilidade de transmissão de doenças parasitárias, tais como ascaridíase, teníase, ancilostomíases, estrongiloidíase e, especialmente, larva migrans vísceral e larva migrans cutânea, a humanos e animais que transitam por estes locais. Ao frequentar espaços com areia em praças públicas, escolas e creches, as crianças em idade escolar têm maior exposição aos patógenos, ficando mais propensas a estas infecções. Tais parasitoses podem afetar o equilíbrio nutricional e gerar complicações intestinais, distúrbios neurológicos e depauperamento físico e mental. No entanto, as infecções por helmintos veiculadas pelo solo são frequentes e relacionam-se à deficiência de condições de saneamento e de educação sanitária. Deste modo, faz-se necessário avaliar a contaminação de ambientes arenosos por helmintos em praças públicas na cidade de Maceió-AL, por se tratar de uma região de pouco acesso ao saneamento básico. Este trabalho teve como objetivo determinar a frequência de cada espécie de parasito encontrada, auxiliando no levantamento de dados para realização de medidas preventivas na promoção da saúde. |
METODOLOGIA: |
As amostras coletadas para análise foram obtidas em dois períodos distintos: chuvoso e seco, relativos às condições meteorológicas. As coletas ocorreram em seis praças públicas localizadas em áreas geográficas (bairros) distintas de Maceió, tendo como critério fundamental para a sua seleção o fato de apresentar ambiente arenoso (caixa de areia, solo arenoso) para recreação da população em geral. Foram coletadas 10 amostras de areia de cada praça pública estudada (duas por dia, durante cinco dias em cada período), obtidas pela introdução de coletor universal estéril no solo a uma profundidade de 5 cm, perfazendo uma quantidade total de, aproximadamente, 150 a 200 gramas de material arenoso. Em seguida, as amostras foram armazenadas em sacos plásticos estéreis, identificadas e colocadas em caixa de isopor até o momento do processamento. Todas as amostras foram submetidas a três técnicas parasitológicas para a detecção de possíveis patógenos, sendo elas: método de Hoffman, Pons e Janner (HPJ), para verificação microscópica de ovos ou larvas de helmintos por sedimentação espontânea; método de Willis, para verificação de ovos de helmintos através da flutuação simples; e o método de Baermann-Moraes, que utiliza a técnica do hidro e termotropismo positivo de larvas vivas. |
RESULTADOS: |
Das 120 amostras de areia coletadas para a pesquisa de formas evolutivas de helmintos, foram encontradas 68 positivas (57% das amostras), de praças públicas localizadas nos bairros do Farol, Pinheiro, Jatiúca, Prado, Eustáquio Gomes e Benedito Bentes. Com relação à contaminação por praça estudada, as três que tiveram índices mais altos foram as dos bairros do Farol (22%), Eustáquio Gomes (19,2%) e Jatiúca (17,6%) por apresentarem o maior número de amostras positivas para helmintos, podendo ser consideradas as mais contaminadas. Por outro lado, as praças dos bairros do Prado (16,2%), Benedito Bentes (14,7%) e Pinheiro (10,3%) tiveram índices de contaminação menores. Nas amostras de areia positivas obtidas entre os períodos chuvosos e secos, a pesquisa encontrou apenas formas larvárias de helmintos, não sendo identificados seus ovos, embora alguns estudos epidemiológicos demonstrem que nos períodos secos existe uma maior prevalência deles. Todos os helmintos encontrados são parasitos intestinais humanos, não sendo observados parasitos de outros animais. Através de análise morfológica de todas as larvas observadas, foi encontrada nesta pesquisa apenas a espécie Strongyloides stercoralis, parasito muito comum em ambientes arenosos e frequentemente encontrado em fezes humanas. |
CONCLUSÃO: |
Os resultados obtidos caracterizam uma situação de alerta à saúde pública, uma vez que mais de 50% das amostras coletadas foram positivas para a forma larvária do parasita Strongyloides stercoralis, indicando que existe a possibilidade de um aumento significativo de contaminação. Tal parasito tem a sua forma larvária infectante, podendo penetrar na pele do hospedeiro que entrar em contato com a areia contaminada, e tem uma importância clínica associada à predominância de infecção em crianças e ao óbito de pacientes imunossuprimidos, devido à autoinfecção. Diferentemente de outros parasitas, que excretam ovos, nesta condição são excretadas larvas, pois podem penetrar na mucosa antes de saírem com as fezes. Contudo, a execução de ações preventivas e de educação sanitária, bem como a melhoria do saneamento básico, são medidas que devem ser tomadas para combater o ciclo do parasita, diminuindo o risco de infecção e proporcionando qualidade de vida às pessoas que têm acesso a praças públicas. |
Palavras-chave: praças públicas, Strongiloydes stercoralis, helmintos. |