63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
AUTOMEDICAÇÃO EM IDOSOS COM DOR AUTORREFERIDA EM GOIÂNIA-GO
Layz Alves Ferreira Souza 1
Ana Paula da Costa Pessoa 1
Ligia Vanessa Silva Cruz Duarte 2
Charlise Fortunato Pedroso 2
Adelia Yaeko Kyosen Nakatani 3
Lilian Varanda Pereira 4
1. Mestranda da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG)
2. Acadêmica de Enfermagem / Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG)
3. Profª/Drª Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG)
4. Profª Drª/Orientadora Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG)
INTRODUÇÃO:
A dor é causa de inúmeros prejuízos e sofrimento para a população idosa. A intensidade e continuidade da dor leva os idosos a buscarem o seu alívio na automedicação (AM), prática que consiste na iniciativa do indivíduo em utilizar algum produto, sem prescrição médica, a fim de aliviar sintomas ou agravos autorreconhecidos. No Brasil, a prevalência de AM entre idosos varia de 31,7% a 60%, sendo que os medicamentos mais utilizados são o diclofenaco de sódio, a dipirona e o paracetamol. Mundialmente, a automedicação também é praticada por idosos, como no México que 53,5% dos idosos automedicam-se sendo a principal causa a dor. Considerando que os idosos apresentam aspectos peculiares, especialmente em relação às alterações farmacodinâmicas e farmacocinéticas e que a AM associa-se à indução publicitária para o uso de produtos farmacêuticos de forma irracional, este estudo teve como objetivos: Estimar a prevalência de automedicação em situações de dor, entre idosos de Goiânia-GO; Caracterizar os analgésicos mais utilizados pelos idosos na automedicação; Identificar a fonte geradora de automedicação em situações de dor ; Verificar e descrever associações entre as variáveis sócio-econômicas, demográficas, de saúde, variáveis específicas da dor e a varíavel automedicação.
METODOLOGIA:
Estudo de base populacional, transversal, aninhado ao projeto “Situação de Saúde da População Idosa de Goiânia, GO” realizado no município de Goiânia, Brasil, entre novembro de 2009 e março de 2010. A população alvo constituiu-se de idosos de ambos os sexos e não institucionalizados. A amostra probabilística incluiu 934 idosos (60 anos ou mais), de qualquer cor ou sexo, não institucionalizados, residentes no domicilio visitado e que autorreferiram dor. Foram excluídos, os indivíduos não encontrados no domicílio em três encontros pré-agendados. A variável de desfecho foi automedicação e as de exposição foram a fonte geradora da AM e o tipo de medicamento utilizado na AM. As variáveis relacionadas à dor: dor crônica - existente há seis meses ou mais, de caráter contínuo ou recorrente, intensidade de dor (medida por uma escala numérica de dor), local de dor (identificada através de diagramas corporais). Entrevistadores treinados coletaram os dados nos domicílios por meio de entrevista semi-estruturada. Todos os idosos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFG (Protocolo 050/2009). Os dados compilados e analisados pelo programa SPSS 16.0.
RESULTADOS:
A prevalência de automedicação para o alívio da dor foi de 40,2% (217),assemelhando-se aos dados encontrados em Salgueiro-PE (38,3%) e contrapondo com a prevalência de AM observada entre idosos de Bambuí-MG (17,1%). Os medicamentos mais utilizados pelos idosos desse estudo incluíram os analgésicos simples, como a dipirona (35,2%) e o paracetamol (32,3%) (p<0,001), corroborando com estudos realizados no Chile e Estados Unidos em que os antiinflamatórios não-esteroidais (AINE) foram as opções analgésicas para 12,9% dos idosos, e o diclofenaco de sódio o AINE mais utilizado. Os idosos automedicaram-se “por conta própria” (64,1%), por meio de “receitas médicas antigas” (16,1%), “por indicação de familiares” (9,2%),por indicação de balconista de farmácia” (5,5%) e “por indicação de amigo ou vizinho” (5,1%), como em Santa Catarina onde16,9% do idosos alegaram se automedicar pela própria experiência e 55,9% relataram indicação de amigos, vizinhos e familiares.Observou-se associação significativa (p<0,050) entre AM e escolaridade (semelhante ao encontrado no México), AM e dor localizada na cabeça, espinha lombar, MMII e região sacral. Nos estudos realizados na China e Espanha, a maior prevalência de dor foi em MMII, no entanto sem associação significativa para AM.
CONCLUSÃO:
A prevalência de AM nessa população é semelhante à observada em outros estudos brasileiros. Os idosos automedicam-se por conta própria, o que inviabiliza a AM como forma de auto-cuidado. Os fármacos mais utilizados foram os analgésicos simples e AINEs, frequentemente livres de prescrição médica. Aponta-se o consumo irracional desses medicamentos como causa de efeitos adversos desastrosos à saúde do idoso. Associa-se o fato do tratamento paliativo da dor poder retardar a elucidação do diagnóstico e o tratamento adequado, contribuindo no processo de cronificação da dor.
Palavras-chave: Idosos, Dor, Automedicação.