63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
ALIMENTAÇÃO DE PÓS-LARVAS DO SURUBIM HÍBRIDO Pseudoplatystoma sp SOB DUAS CONDIÇÕES DE MANEJO ALIMENTAR
Andréa Fernanda Lourenço da Silva 1
Graziela Martins dos Santos 1
Aryadne Simões Rocha 2
Márcia Regina Russo 3
1. Faculdade de Ciências Biológicas e ambientais, Universidade Federal da Grande Dourados-UFGD
2. Faculdade de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul-UEMS
3. Profa. Dra./orientadora- Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais-FCBA/UFGD
INTRODUÇÃO:
No Mato Grosso do sul, a tecnologia de produção de larvas do gênero Pseudoplatystoma são bem conhecidas, principalmente de Pseudoplatystoma corruscans, Pseudoplatystoma reticulatun e do híbrido dessas duas espécies, no entanto, um dos principais gargalos na produção começa depois da absorção do saco vitelínico, quando se inicia a alimentação exógena, período em que ocorrem as maiores taxas de mortalidade, principalmente por canibalismo (Soares, 2002, Kubitza, 2007). Por esta razão, a disponibilidade de alimentos é considerada um dos fatores mais importantes na sobrevivência de larvas de peixes (Farias, 2001).
No Mato Grosso do Sul, dois sistemas de produção de alevinos são utilizados: o sistema semi-intensivo, do qual após alguns dias de alimentação com Artêmia salina, as pós-larvas são transferidas para viveiros externos pra se alimentarem de invertebrados produzidos por fertilização e o sistema intensivo, no qual as pós-larvas são alimentadas com plâncton de viveiros externos coletado por redes de plâncton e oferecidos dentro do laboratório. Deste modo, a avaliação da dieta nos dois sistemas de produção tornam-se uma ferramenta importante que proporcionará o manejo adequado, podendo se refletir sobre a produção.
Com base nestas informações a presente pesquisa objetivou verificar a composição da dieta de pós-larvas do surubim híbrido P. corruscans x P. fasciatum sob duas condições de manejo alimentar.
METODOLOGIA:
O estudo foi conduzido em duas pisciculturas. Na piscicultura MI (manejo I), após o décimo dia de vida as pós-larvas são transferidas da área interna (laboratório) para viveiros externos escavados previamente fertilizados para alimentação natural. Na MII (Manejo II) todo o manejo alimentar é realizado em laboratório, onde o produtor coleta o plâncton nos viveiros externos e fornece as pós-larvas.
Durante 15 dias, foram efetuadas amostragens diárias, no inicio da manhã, de 10 indivíduos de cada sistema de produção para a análise de conteúdo estomacal. No laboratório, aferimos o comprimento padrão (cp) e o comprimento total (ct), em seguida pesamos individualmente todos os indivíduos capturados.
Do total de peixes capturados 183 estômagos do Surubim híbrido (M I) e 169 do Surubim híbrido (M II) apresentaram conteúdo para serem analisados.
Para a análise quantitativa da dieta foi utilizado o método volumétrico onde o volume de cada item alimentar foi calculado em relação ao volume total dos conteúdos estomacais (Hyslop, 1980). Estas medidas foram obtidas através de placa milimetrada onde o volume de cada categoria taxonômica foi calculado em mm3 e, posteriormente, transformado em “ml” segundo a literatura (Hellawel, 1971).
RESULTADOS:
Foram encontrados 32 itens alimentares nos conteúdo estomacais dos peixes em MI e MII.
Considerando que o número de estômagos analisados no MII foi menor (169) e que o volume de peixes ingeridos foi maior (21,85%), verificou-se que houve maior incidência de canibalismo nesse manejo. Ocorreu predomínio de itens como: microcrustáceos, restos de peixes e insetos, sendo que no MI observou-se uma grande quantidade de larvas de insetos 30,71% na dieta em comparação com um percentual tênue no MII de apenas 0,06%.
No MI encontraram-se maiores percentuais de zooplâncton 42,31% e insetos e uma pequena quantidade de algas. Em função da maior disponibilidade de espaço e recursos alimentares dentro do viveiro escavado, o surubim da MI foi capaz de consumir maior variedade de itens que o surubim do MII.
Com relação aos táxons consumidos no MII verificou-se que a disponibilidade dos itens alimentares fornecidos pode ter ocasionado alteração no hábito alimentar, uma vez que larvas de insetos tiveram valores tênues comparados com o MI. De acordo com Hart & Purser (1996), existem algumas desvantagens na utilização do fornecimento do plâncton, entre elas: o alimento preferencial das larvas pode não estar disponível no momento da coleta e em quantidades suficientes, como observado neste trabalho.
CONCLUSÃO:
Os resultados deste trabalho demonstraram que houve diferença nas preferências alimentares das pós-larvas do surubim híbrido nos diferentes tipos de manejos e que estas diferenças foram importantes para se verificar a incidência de canibalismo. O surubim híbrido do MI apresentou uma dieta mais diversificada e com menor incidência de canibalismo, fato importante na escolha do manejo a ser empregado na produção.
Palavras-chave: Larvicultura, Dieta, Manejo Alimentar.