63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 7. Teorias da Comunicação
A AGROENERGIA NA AGENDA DA CIÊNCIA DO BRASIL
Cezar Eduardo Soares Cordeiro 1
Letícia de Oliveira 2
Edson Talamini 3
1. Graduando em Ciências Contábeis da FACE/UFGD
2. Profa. Dra./ Orientadora - FACE/UFGD
3. Prof. Dr. - FACE/UFGD
INTRODUÇÃO:
A recente preocupação mundial com o meio ambiente, que decorre, principalmente, do agravamento do efeito estufa, provocado na maior parte, pela emissão de grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) geradas na utilização dos combustíveis fósseis, tem favorecido a busca por formas de energia que sejam mais limpas (LIMA, 2007). Este fato guia o mundo a uma nova era energética, na qual a agroenergia, representada aqui pelos biocombustíveis líquidos, surge como uma das alternativas mais viáveis para substituir as fontes de origem fóssil. O etanol e o biodiesel são, respectivamente, os biocombustíveis líquidos que mais representam a agroenergia, já que são os mais produzidos, seja em escala mundial ou brasileira.
Neste contexto, é notável que novas formas de energia sejam bem-vindas no cenário energético mundial, e por isso é importante a produção de estudos que revelem novas informações sobre o tema, gerando mais discussão e conseqüentemente despertando a atenção dos agentes econômicos para o tema.
Dessa forma, esse trabalho objetiva demonstrar a importância que o tema “agroenergia” adquiriu no meio científico brasileiro e identificar o grau de relação existente entre a evolução da produção científica e a evolução da produção física de agroenergia no Brasil.
METODOLOGIA:
Para atingir os objetivos do trabalho, em primeiro lugar, realizou-se uma revisão de literatura sobre a Teoria do Agendamento, procurando entender como um determinado tema está ou não está sendo agendado. Depois, apresenta-se uma contextualização do tema “agroenergia”, destacando a produção de biocombustíveis líquidos no Brasil e no mundo, mostrando a relação do Brasil em comparação ao mundo na produção de agroenergia. Em seguida, apresentam-se os dados da produção científica utilizados na pesquisa. Esses dados (documentos) foram coletados a partir da base de dados Scopus, para os nos de 2007, 2008 2009. Para a obtenção dos documentos relacionados ao tema “agroenergia” selecionou-se uma lista de palavras-chave que representam o objeto de pesquisa agroenergia/biocombustíveis líquidos.
Para análise dos dados, as freqüências encontradas para os anos de 2007 a 2009 foram adicionadas aos valores já disponíveis para os anos de 1997 a 2006 (TALAMINI, 2008), construindo, dessa forma, uma série histórica de treze anos.
Coletou-se também dados da produção de etanol para o mesmo período, que juntos com os dados da produção científica permitiu, dessa forma, calcular o coeficiente de correlação linear, que indicou se existe ou não uma relação entre as duas variáveis.
RESULTADOS:
Em relação à produção científica de agroenergia no período de 1997 e 2009, observa-se que do ano de 1997 a 2005 o número de publicações, por ano, não ultrapassou a quantidade de 50 artigos durante esses nove anos pesquisados, o que relativamente indica uma baixa atenção da ciência para o tema agroenergia nesse período. De 2006 para 2007, a produção científica aumentou em mais de 400% o número de artigos publicados por ano, e nos anos seguintes a produção continuou aumentando, indicando que a partir 2007, a mídia aumentou significativamente a atenção ao tema em questão.
Na produção física de agroenergia, aqui representada pela produção de etanol, nota-se um comportamento semelhante à produção científica, principalmente em relação aos três últimos, nos quais também se tem a maior produção do período analisado.
Feita a correlação entre a produção científica e a produção de etanol entre 1997 e 2009, percebe-se que em termos gerais, à medida que a produção científica aumenta, a produção de agroenergia tende a aumentar. Em outras palavras, a relação entre a produção científica e a produção física da agroenergia está forte e positivamente relacionada no Brasil.
CONCLUSÃO:
O estudo aqui realizado procurou demonstrar o grau de relevância com que o tema “agroenergia” vem sendo agendado pela ciência do Brasil nos últimos anos. Para tanto, foi necessária a ajuda da Teoria do Agendamento, explicando que a maneira para medir se um assunto está sendo agendado ou não é através da freqüência com que ele é divulgado pela mídia, pela ciência ou pelo governo. Diante do número crescente de artigos científicos relacionados ao tema “agroenergia”, conclui-se que a ciência brasileira está, gradativamente, pautando esse tema em sua agenda.
Além disso, o estudo focou estabelecer a relação entre a produção científica e a produção física da agroenergia no Brasil. Para isso, utilizou-se do coeficiente de correlação linear r, que, primeiro, verifica se duas variáveis estão relacionadas e se estiverem, segundo, mostra o grau com que estas variáveis se correlacionam. O resultado apontou que há uma forte correlação positiva entre as duas variáveis.
Palavras-chave: Agroenergia, Macroambiente, Teoria do Agendamento.