63ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 5. Teoria Literária |
POESIA ÉPICA E HISTÓRIA |
Denise Freire Ventura 1 Jamesson Buarque de Souza 2 |
1. Graduanda - Faculdade de Letras - UFG 2. Prof. Dr./ Orientador - Faculdade de Letras - UFG |
INTRODUÇÃO: |
A relação entre poesia épica e história vem sendo estudada desde Aristóteles, passando por Hegel, Staiger, Adorno e outros, mas os estudos acerca de tal relação não apontam para um consenso. Consideramos para tal pesquisa que o autor épico não faz questão de separar o que em sua composição poderá ser identificado como fato histórico, mito, lenda, criação poética, pois o poeta imbrica o real no ficcional. Afim então de colaborar com estudos dessa natureza, agregando reflexões e discussões sobre os estudos épicos, é que partimos de Aristóteles, visto que tal filósofo foi quem primeiro assinalou, no Ocidente, esse princípio de que uma epopeia é um poema que inclui história, para iniciar uma exposição sobre a relação entre poesia e história. Nosso corpus literário perpassa poemas-livro antigos, clássico e modernos, compondo-se então por Eneida, de Virgílio, a Ilíada, de Homero, Os Lusíadas, de Camões, Jerusalém Libertada, de Torquato Tasso, Martim Cererê, de Cassiano Ricardo e o Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Procuramos então demonstrar como a história se configura no poema em estilo épico e ainda de que forma isso ocorre. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa teve enfoque analítico, teórico-crítico e interpretativo. Conforme introduzimos, ocupamo-nos daquilo que no poema em estilo épico tem relação com a história, sobretudo quanto à poesia brasileira moderna e contemporânea. Procedemos sempre com a leitura dos poemas-livro e de leituras teóricas seguidas da produção de resenhas e textos como forma de sistematização do conhecimento adquirido, bem como ainda elaboramos fichamentos e trabalhos que foram apresentados em congressos no decorrer da pesquisa. |
RESULTADOS: |
Quando Aristóteles (1992, p. 28) diz que “a obra do poeta não consiste em contar o que aconteceu, mas sim coisas quais podiam acontecer, possíveis do ponto de vista da verossimilhança ou da necessidade”, entendemos que o poeta ao narrar não precisa ater-se somente ao que aconteceu de fato (como o historiador), mas pode ater-se também ao que poderia ocorrer de acordo com a lógica dos acontecimentos, ou seja, que o poeta pode partir de algo que realmente aconteceu, e daí fabular. E é isso que ocorre na poesia épica, pois há um fundamento na história, como um ponto de partida do qual o poeta parte para iniciar a fabulação presente no poema. E como já diz Hansen (2008, p. 41) “A forma da poesia épica [...] deve ser semelhante à matéria da história – guerras históricas, feitos de homens históricos – mas não idêntica.” Podemos dizer então, em relação aos poemas épicos clássicos ocidentais e também com relação aos modernos e contemporâneos, que todos partiram do mesmo princípio, de algo real, presente em relatos históricos, e aí se fabulou, de acordo com a poética desenvolvida por cada poeta, uns sendo mais fiéis ao fato de que partiram, outros não, uns reportando seus poemas à tradição cultural de um determinado povo, o que não deixa de participar da história. |
CONCLUSÃO: |
A partir da discussão feita podemos dizer que a história está presente nas obras épicas antigas, clássica até as modernas e contemporâneas, bem como também que essa presença de fatos históricos em cada poema-livro se configura de uma forma diferente, até por que as culturas representadas são distintas e as poéticas diferem, por exemplo, a história presente no Romanceiro da Inconfidência aparece de forma espontânea e não com o compromisso de ser um documento. E após a leitura de Hansen (2008) podemos entender que a matéria histórica pode ser utilizada pelo poeta épico para a obra do poeta seja verossímil, assim o poeta se vale do histórico, mas sempre o modificando de acordo com sua imaginação e talento, fabulando. Esperamos ter de fato contribuído para a área de Estudos Literários e mais especificamente com a Teoria Literária, a respeito da questão da relação da poesia em estilo épico e a história, bem como a confirmar a pertinência do estilo épico na atualidade. |
Palavras-chave: Mito, História, Épica. |