63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 1. História da Cultura
PROJETO SEXTA CARIBENHA
Wanessa Damasceno Moreira 1
Leonardo de Melo Rodrigues 2
Olga Rosa Cabrera Garcia 3
1. Graduação: Faculdade de Letras – UFG
2. Metrado: Faculdade de História – 2007/2009 – UFG
3. Profa. Dra/Orientadora: CeCab – Faculdade de História – UFG.
INTRODUÇÃO:
O projeto Sexta Caribenha visou estreitar o contato entre o público docente, acadêmico e a comunidade com a multiplicidade que são os “Caribes”, estes são formados pelo complexo de ilhas e áreas metropolitanas do norte, centro e sul da América: a Cuenca do Caribe; locais cuja diáspora africana deixou marcas culturais, e a partir delas, encontramos possíveis elementos caribenhos na formação social, cultural e histórica do Brasil.
Na paisagem intelectual contemporânea das ciências humanas há uma guinada reflexiva quanto às relações e perspectivas dos objetos. Com isso, emerge-se uma nova potência auto-reflexiva do outro, do não-europeu. Essa fissura abalou pressupostos tradicionais de leitura historiográfica e o lugar de enunciação de forças marginalmente inseridas na história.
Assim, abordamos a multiplicidade de culturas que formam os “Caribes”. A aproximação destas culturas em relação ao Brasil é positiva, ambas são perpassadas e engendradas por uma potência comum: a matriz cultural africana, negra.
O intento inicial deste projeto, ao promover encontros quinzenais explorando as temáticas caribenhas, foi ampliar espaços de relação entre matrizes culturais que velam entre si correspondências, proporcionando perspectivas de inclusão do negro para a produção de conhecimento histórico.
METODOLOGIA:
A metodologia de trabalho se baseou na realização de encontros quinzenais, às sextas feiras, no auditório do FCHF-UFG, no segundo semestre de 2007. Ofereceremos atividades em forma de debates promovidos por especialistas em cultura afro-americana (vinculados ou não ao CeCab – Centro de Estudos do Caribe no Brasil – na época, com sede no FCHF-UFG), acompanhados de exposições artísticas tratando da cultura negra, na dança, na música, na literatura etc. E procurando estabelecer relações e atuações da matriz africana no Caribe e no Brasil. Os participantes palestrantes foram professores e/ou pesquisadores da história e cultura caribenha. Os demais eram docentes, discentes de graduação e pós-graduação, e a comunidade interessada. Os palestrantes usaram ou não, equipamentos de áudio e vídeo, na exibição de filmes, documentários, músicas e outros, bem como, optaram pela palestra oral seguida de debate, e apresentações com outras mídias como o power-point. A divulgação foi feita por meio de cartazes, folders, e-mail, e contou com um publico variando de vinte a trinta participantes a cada encontro.
RESULTADOS:
As atividades do Sexta Caribenha abordaram diferentes aspectos de países do Caribe. A professora Olga Cabrera trabalhou a situação atual de Cuba, como a revitalização de Havana e o recente salto na produção artística daquele país. O professor Luis Sérgio Silva trabalhou as teorias da fronteira presentes no ensaio latino-americano. O professor Danilo Rabelo proferiu a palestra: “Rastafarianismo: identidade e hibridismo cultural na Jamaica, 1930-1981. O professor Alexandre Martins palestrou sobre o conflito cultural entre negros e coolies em Trinidad, 1845-1870. O professor Rafael Saddi trabalhou o processo disciplinador e o espírito festivo da Revolução cubana. Essas atividades resultaram numa produção de conhecimentos e saberes acerca dos temas abordados, justamente por dar visibilidade a culturas não muito estudadas no interior das ciências humanas. Por isso, as discussões levantadas circundaram a promoção cultural dos povos caribenhos, levando em conta os processos de hibridismo e desdobramentos da matriz cultural africana, que também são presentes na formação social brasileira.
CONCLUSÃO:
As atividades realizadas pelo projeto Sexta Caribenha, por meio de metodologias cotidianas no meio acadêmico, ou seja, não muito distantes da realidade de sala de aula, buscaram ampliar a formação tanto de acadêmicos quanto da comunidade em geral acerca de culturas subalternas que geralmente não são contempladas na grade tradicional de estudos históricos e sociais, propiciando a elaboração de uma visão de mundo multicultural e híbrida, longe dos purismos discriminatórios e hegemônicos. Outra contribuição do projeto foi que em vista da regulamentação da lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino nas escolas da história dos povos negros e africanos, o projeto teve muito a contribuir na medida em que ofereceu acontecimentos e traços culturais de povos que desdobraram a matriz cultural africana. Pois, para que esta lei seja efetiva é preciso que os professores sejam habilitados para dar conta de trabalhar positivamente as culturas de caráter afro-descendente.
Palavras-chave: Relações Brasil-Caribe, Matriz africana, Hibridismo cultural.