F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 5. Economia Internacional |
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DA CRISE À “GUERRA CAMBIAL”: UMA BREVE ANÁLISE DO DESEMPENHO RECENTE DO SETOR EXTERNO BRASILEIRO |
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Luiz Otávio Stefanelli Potsch 1 Deyvid Alberto Hehr 1
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1. Depto de Economia - UFES
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INTRODUÇÃO: |
As relações econômicas do Brasil com o exterior foram afetadas por dois importantes eventos nos últimos anos: a crise mundial de 2008 e a chamada “Guerra Cambial”, em 2010. Estes acontecimentos geraram consideráveis impactos sobre os indicadores econômicos brasileiros e, no caso do problema cambial, ainda poderão gerar profundas mudanças no Balanço de Pagamentos e na estrutura produtiva do país. O objetivo deste trabalho, com isso, é analisar o desempenho do Brasil na relação com o setor externo, avaliando principalmente as flutuações da taxa de câmbio nos antecedentes e no pós-crise de 2008 até o final de 2010, assim como a relação que esta tem com as variações nas entradas e saídas de capitais estrangeiros do país. Junto a este exame, discute-se acerca da debatida “guerra cambial” sob a qual a economia mundial estaria passando, bem como algumas de suas implicações sobre a economia brasileira. |
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METODOLOGIA: |
O artigo é fruto de pesquisa de iniciação científica realizada no Programa de Educação Tutorial (PET)/CAPES da UFES e foi desenvolvido através de uma leitura sistemática de artigos científicos, artigos de opinião veiculados em periódicos virtuais e compilação de dados buscados em sites de importantes instituições, tais como o Banco Central do Brasil (BACEN), o Federal Reserve (FED) – Banco Central norte-americano – e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Num primeiro momento é feita uma breve discussão acerca da crise econômica de 2008 e seus efeitos sobre a saída de dólares do Brasil, bem como a depreciação do real e as implicações sobre o Balanço de Pagamentos por ela causado. Em seguida, são analisadas as intervenções do governo norte-americano, principalmente com as imensas injeções de liquidez nos mercados no intuito de estimular a sua economia, e a conseqüência que estas medidas tiveram sobre a moeda brasileira. Posteriormente é feita uma abordagem acerca da “guerra cambial”, seus efeitos e soluções propostas. |
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RESULTADOS: |
Anteriormente à crise, a moeda brasileira, o real, encontrava-se valorizada frente à moeda americana, o dólar. Com o agravamento da turbulência financeira, a situação cambial do Brasil deteriorou-se, tendo a taxa de câmbio nominal frente ao dólar sofrido uma desvalorização de mais de 50%. Entre outros motivos, como a contração do nível de atividade econômica mundial e a diminuição dos preços de commodities, o principal fator atribuído a essa queda foi a fuga de capitais decorrente da maior aversão ao risco. No intuito de retomar o crescimento do seu país, sucederam-se diversas medidas de incentivo tomadas pelo governo norte-americano, como diminuições na taxa básica de juros e injeções de liquidez nos mercados. Tais políticas, que não surtiram o efeito esperado de recuperação econômica, geraram um enorme fluxo de dólares para o Brasil, atraídos pelas altas taxas de juros oferecidas no país, o que fez com que o real se valorizasse. Ao final do ano de 2010 e início de 2011, estaria havendo um desequilíbrio cambial e comercial nas relações entre os países, situação chamada de “guerra cambial”, caracterizada por um esforço principalmente da China de desvalorização de sua moeda no intuito de ganhar competitividade. Com isso, o Brasil estaria sendo prejudicado por tal ação externa. |
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CONCLUSÃO: |
O dólar, com o aumento de sua oferta no mercado, continua a perder valor frente às outras moedas, e de certa forma não há indícios de quando o governo norte-americano interromperá suas políticas econômicas expansionistas, visto os recentes indicadores de atividade econômica e do nível de desemprego. O real, no patamar valorizado no qual se encontra, é uma ameaça à dinâmica industrial interna e ao Balanço de Pagamentos, na medida em que encarece os produtos nacionais vendidos externamente e torna os importados mais competitivos frente aos nacionais. Além de elevar a dependência do Brasil por capitais externos para financiar seu crescente déficit em transações correntes, ou seja, aumentando sua vulnerabilidade externa. E é clara a preocupação das autoridades de política econômica brasileira quanto a isso, tendo em vista as recorrentes compras de dólares no mercado que o Banco Central tem feito em busca de interromper a tendência de valorização do real. |
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Palavras-chave: Taxa de câmbio, Fluxo de capitais, Crise econômica. |