63ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 3. Línguas Estrangeiras Modernas |
O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA A ALUNOS DEFICIENTES VISUAIS NA ESCOLA PÚBLICA: UMA BUSCA AOS LUGARES VERDADEIROS |
Rosycléa Dantas Silva 1 Betânia Passos Medrado 2 |
1. Depto. de Letras Estrangeiras Modernas, Universidade Federal da Paraíba – UFPB 2. Profa. Dra. /Orientadora - Depto. de Letras Estrangeiras Modernas - UFPB |
INTRODUÇÃO: |
Nas últimas décadas, o contexto educacional tem adquirido novas formas e entendimentos diante de uma política de inclusão que demanda sensibilização sobre o tema por parte de toda a sociedade. Nesse contexto, entendendo que no processo de aprendizagem, afetividade e cognição são indissociáveis (VYGOTSKY, 2008 [1934]) e que a educação deve ser inclusiva à medida que envolve a todos e a cada um (CARVALHO, 2007), objetivamos compreender os aspectos interacionais, afetivos e cognitivos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa a alunos deficientes visuais. A inclusão desses discentes na escola regular redimensiona ações pedagógicas de docentes que, na maioria das vezes, não foram formados para lidar com situações que envolvam alunos cegos ou de baixa visão, pois os cursos de formação inicial e continuada de professores parecem, ainda, desconsiderar a complexidade do contexto escolar. Desse modo, considerando que o trabalho docente com esses alunos ainda está ganhando formas e os estudos nessa área são bastante escassos, percebemos a relevância dessa pesquisa no fornecimento de subsídios teóricos e práticos para o ensino de língua inglesa a deficientes visuais. |
METODOLOGIA: |
Fundamentados, principalmente, em Vygotsky (2000, 2008, 1994 [1934]) e Tomasello (2003), partimos do pressuposto de que o desenvolvimento humano depende da interação social e que, portanto, é através da interação entre videntes e não videntes que a criança cega consegue se desenvolver, construir conhecimento e conquistar seu lugar na sociedade. Diante da necessidade de um contexto natural para a investigação proposta nessa pesquisa, adotamos uma metodologia de base etnográfica e de cunho qualitativo-interpretativista. Para tanto, nosso corpus, coletado no âmbito de uma escola pública na cidade de João Pessoa – PB, na sala de aula de duas professoras de inglês que tinham dois alunos deficientes visuais, está composto de notas de campo de onze aulas observadas e de entrevistas com as docentes, com os alunos não videntes e com outros informantes. |
RESULTADOS: |
Carvalho (2007) discute em suas pesquisas sobre o fato de os professores alegarem que não estão preparados para lidar com a educação inclusiva, argumentando que não recebem formação específica. A análise qualitativa dos dados evidenciou que os discursos das professoras investigadas são representativos dessa inquietação e marcados, principalmente, pelas dificuldades relacionadas à falta de preparação para trabalhar com deficientes visuais. Com relação às barreiras enfrentadas por estes discentes, o barulho na sala de aula e o layout das perguntas nas atividades foram as principais dificuldades identificadas. Constatamos, ainda, que a deficiência física desses alunos não se constitui em impedimento para a construção de domínios conceituais na língua inglesa, pois, como ressalta Vygotsky (1994 [1934]), a criança cega é tão capaz de aprender quanto à vidente. Além disso, verificamos que o espaço afetivo construído por uma das professoras teve papel determinante para que os alunos pudessem desenvolver uma aprendizagem significativa. Assim, entendendo que o indivíduo, como ressalta Tomasello (2003), aprende através de outras pessoas, a professora, as ferramentas didáticas utilizadas e os colegas foram mediadores da construção do conhecimento por parte dos alunos não videntes. |
CONCLUSÃO: |
Essa pesquisa sinaliza para a necessidade premente de discutirmos a formação inicial e continuada dos professores para que estes possam se sentir preparados para lidar com o processo educacional inclusivo, tendo em vista que, no momento atual, a carência dessas discussões, principalmente nos cursos de licenciaturas, ainda é grande. Além da formação dos professores, ressaltamos a importância da disponibilização de recursos adequados às necessidades dos alunos, pois acreditamos que a simples presença do aluno na sala de aula não se constitui uma atitude de inclusão, mas sim de exclusão. Apontamos, também, para a relevância de um trabalho de conscientização entre professores e alunos para que as mudanças de atitude frente à diferença e o querer fazer em prol da diversidade possam prevalecer nas relações pedagógicas nas quais todos aprendam juntos, pois o processo educacional voltado para a deficiência da criança deve ser eliminado para dar lugar a uma educação que promova a interação entre todos, num respeito mútuo as diferenças individuais de cada um. |
Palavras-chave: Inclusão, Deficientes visuais, Ensino da língua inglesa. |