63ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 5. Teoria e Análise Lingüística |
ANÁLISE DO CONTORNO DE PICHT DE INTERROGATIVAS GLOBAIS E PARCIAIS |
Mayara Ferraz Lopes 1, 2 Dyuana Darck Santos Brito 1, 2 Jaciara Mota Silva 1, 2 Tássia da Silva Coelho 1, 2 Vera Pacheco 1, 2 , 3 |
1. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB 2. Lab. de Pesquisa e Estudos em Fonética e Fonologia - UESB 3. Profa. Dra./Orientadora - Depto de Estudos Linguísticos e Literários - UESB |
INTRODUÇÃO: |
Na língua, padrões entoacionais distintos concorrem para a realização de diferentes tipos de frase. Dentre esses padrões, nós temos padrões entoacionais que levam a perceber uma sentença como interrogativa. No Português Brasileiro, além desses padrões, uma sentença interrogativa também pode ser indicada por pronomes interrogativos. Assim, no PB, como em outras línguas, há dois tipos de interrogativas: Globais e Parciais. As interrogativas globais não são indicadas por um pronome interrogativo e pedem uma resposta sim ou não. As interrogativas parciais possuem o pronome interrogativo e pedem uma resposta mais elaborada. O objetivo do nosso trabalho é observar, através do programa Praat, se o pitch contour apresenta o mesmo padrão na fala de crianças e adultos em interrogativas globais e parciais. |
METODOLOGIA: |
Na elaboração do corpus montamos algumas frases que teriam sentido tanto como interrogativas globais quanto como parciais: “Você chora?” e “Por que você chora?”; “Você faz bolo?” e “Como você faz bolo”; “É o carro dela?” e “Qual é o carro dela?”. Em seguida, digitamos e imprimimos essas e outras frases (elaboradas para que o informante não desconfiasse o que estávamos querendo perceber) e confeccionamos uma ficha para cada uma. As informantes foram uma menina de 11 anos e uma mulher adulta, ambas naturais do estado da Bahia. A gravação foi feita numa cabine acústica, via Audacity, no Laboratório de Fonética da UESB. As duas informantes gravaram mais de uma repetição. A análise dos dados foi feita por meio do programa Praat. |
RESULTADOS: |
Na interrogativa parcial “Você chora?”, numa das gravações, a informante adulta começou em aproximadamente 230 Hz, caiu para aproximadamente 215 Hz e no final chegou a subir para aproximadamente 314 Hz. É importante ressaltar que nessa mesma frase, dita pela mesma pessoa em outra gravação, encontramos um padrão entoacional alternativo: ela começou com aproximadamente 229 Hz, subiu para aproximadamente 260 Hz e no final caiu para 206 Hz. Na interrogativa global “Por que você chora?”, a mesma informante começou com aproximadamente 350 Hz, chegou a cair para aproximadamente 174 Hz, subiu de novo para aproximadamente 338 Hz e terminou caindo para aproximadamente 180 Hz. Na gravação da informante criança, realizada para “Você chora?”, observamos que ela começou com aproximadamente 214 Hz e foi subindo, terminando com aproximadamente 339 Hz. Em “Por que você chora?”, a mesma informante começou com aproximadamente 249 Hz e no final caiu para aproximadamente 165 Hz. Percebemos então que o contorno de pitch apresentou um padrão ascendente nas interrogativas parciais tanto na fala da informante criança quanto na da adulta. Nas interrogativas globais observamos um padrão descendente também nas duas. |
CONCLUSÃO: |
Os resultados observados mostram que o pitch contour apresenta o mesmo padrão na fala de crianças e adultos, tanto nas interrogativas globais quanto nas parciais, sendo que, o que pode variar é a freqüência fundamental, que tende a ser maior na fala de crianças. Porém, no nosso caso, talvez por conta da idade da informante (11 anos), nem mesmo a freqüência fundamental sofreu uma variação muito grande. |
Palavras-chave: Pitch countour, Interrogativas |