63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia |
OSTEOLOGIA CRANIAL DE JACARÉ-AÇU (Melanosuchus niger), NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MAMIRAUÁ – RDSM, AMAZONAS, BRASIL |
Fernanda Pereira Silva 1 Robinson Botero-Arias 2 Miriam Marmontel 2 |
1. Centro de Estudos Superiores de Tefé - CEST/UEA 2. Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá - IDSM |
INTRODUÇÃO: |
Estudos das características ósseas e análises morfométricas craniais têm sido usados para descrever diversos aspectos da biologia dos crocodilianos (diferenças entre as espécies, dimorfismo sexual, relações alométricas, etc.). Melanosuchus niger (Crocodylia: Alligatoridae) é o maior predador do continente sul-americano, podendo atingir até seis metros de comprimento total. Esta espécie tem uma ampla distribuição na bacia Amazônica. Um sistema de aproveitamento de jacaré-açu está sendo proposto na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, com base nos altos índices de abundância desta espécie. No entanto, existe uma grande deficiência de informações biológicas que possam subsidiar este sistema de manejo. Desde 2009 estamos analisando e descrevendo a osteologia de crânios de Melanosuchus niger, depositados no Acervo Biológico do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, com o objetivo de identificar aspectos associados ao sexo e ao tamanho da espécie. |
METODOLOGIA: |
Em 95 crânios de jacaré-açu, foram tomadas 12 medidas morfométricas. Para estabelecer a relação entre as medidas morfométricas e o tamanho total foram realizadas analises de regressão linear. Foram identificadas 14 suturas craniais, as quais foram classificadas de acordo com o grau de fusionamento (escala de 0 a 2): 0, sutura totalmente aberta; 1, sutura parcialmente ossificada; e 2, sutura totalmente ossificada. A relação entre o comprimento total do crânio e o grau de ossificação foi analisada. Além disso, foi realizada uma descrição macroscópica da forma dos ossos craniais para identificar diferenças morfológicas associadas ao sexo. |
RESULTADOS: |
Dos 95 crânios de jacaré-açu analisados, 59 apresentavam informações associadas ao sexo (46 machos e 13 fêmeas) e à biometria do indivíduo. O tamanho total dos crânios variou entre 20,1 cm e 43,5 cm. Verificou-se uma relação entre o comprimento total do indivíduo e o comprimento da cabeça, sendo que o comprimento total equivale a oito vezes o comprimento da cabeça (N=59; r2=0,8779; P=0,014). Oito medidas morfométricas do crânio apresentaram relação estatisticamente significativa com o comprimento total do indivíduo, sendo que o comprimento do crânio foi o que apresentou a relação mais significativa (N=59; r2=0,8779; P≤0,001). Para descrever diferenças morfológicas associadas ao sexo foram excluídos os crânios com comprimento da cabeça maiores que 37,5 cm (correspondentes a machos). Foram analisados 31 crânios de macho e 11 fêmeas. Foram encontradas diferenças entre o comprimento do crânio e o comprimento total, associadas ao sexo (Machos:N=31; r2=0,7417 Fêmeas: N=11; r2=0,6806). Foi analisado o grau de fusionamento das suturas em 60 crânios, registrando-se suturas até o grau de ossificação 1. Não se encontrou relação entre o grau de ossificação e o tamanho dos indivíduos. Identificou-se diferenças morfológicas nos ossos nasais, frontais e pré-frontais associadas ao sexo. |
CONCLUSÃO: |
Existe uma relação entre as medidas morfométricas dos crânios e o comprimento total dos indivíduos de jacaré-açu. No entanto, o grau de ossificação dos ossos craniais de Melanosuchus niger não estão relacionados ao tamanho. Por outro lado, foram encontradas diferenças morfométricas e morfológicas dos crânios associados ao sexo dos indivíduos. |
Palavras-chave: Melanosuchus niger, Osteologia, Amazônia. |