63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 6. Medicina Veterinária
PROTEINOGRAMA E LEUCOGRAMA DE BOVINOS ALIMENTADOS COM FENO DE Brachiaria brizantha E CANA- DE- AÇÚCAR
Neryssa Alencar de Oliveira 1
Daniela Cardoso 1
Victor Yunes Guimarães 1
Flávia Gontijo de Lima 1
Gustavo Lage Costa 1
Maria Clorinda Soares Fioravanti 2
1. Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás - UFG
2. Profa. Dra./Orientadora - Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás - UFG
INTRODUÇÃO:
A Brachiaria brizantha é descrita como uma das causadoras de fotossensibilização hepatógena, sendo este o tipo mais observado em bovinos (TOKARNIA et al., 2000). A lesão hepática deve-se a esporodesminotoxicose, causada pela micotoxina esporidesmina, que é produzida pelo fungo Pithomyces chartarum presente principalmente em pastagens do gênero Brachiaria (FAGLIARI, 1990; FIORAVANTI, 1999) ou por saponinas esteróides, que tem sido associada com a deposição de material cristalóide no sistema biliar (PIRES et al., 2002). Com o fígado lesado, a desintoxicação do organismo é comprometida e substâncias fotodinâmicas se acumulam na circulação periférica e com a incidência da luz solar, são causadas lesões características com aspectos de "casca de árvore" em áreas despigmentadas da pele do animal (BRUM, 2006).
O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar, por meio do leucograma, determinação do fibrinogênio plasmático e eletroforese, a resposta inflamatória de bovinos alimentados com feno de Brachiaria brizantha ou cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.).
METODOLOGIA:
No experimento foram utilizados 12 bovinos da raça Nelore, com oito meses de idade, que constituíram dois grupos experimentais: GB – seis alimentados com feno de braquiária e GC – seis alimentados com cana-de-açúcar. Os bovinos foram submetidos a um período de adaptação de sete dias e a manejo sanitário que constou de vacinação e tratamento com ecto e endoparasiticidas. O período experimental foi de quatro meses.
Os animais permaneceram durante o experimento, alojados em baias, alimentados com concentrado (ração) e, cada grupo, com um tipo específico de volumoso (feno ou cana), suplementação mineral e água. A braquiária utilizada para a produção do feno e o feno depois de pronto não apresentaram esporos do fungo Pithomyces chartarum.
Para os exames hematológicos e fibrinogênio foi obtido 5 ml de sangue, por venopunção da jugular, em tubo com anticoagulante EDTA a 10%. Para o proteinograma sérico o sangue foi colhido em tudo sem anticoagulante, que após a retração do coágulo, o soro foi separado e congelado à -20°C.
As amostras foram colhidas a cada 14 dias, iniciando-se no dia zero (D0) e sucessivamente nos dias D14, D28, D42, D56, D70 e D84. O resultado da colheita do D0 é a média de duas colheitas sucessivas com intervalo de 24 horas, estabelecendo-se o momento controle.
RESULTADOS:
A avaliação dos resultados revelou que os animais do GB no início do experimento apresentaram processo infeccioso agudo, demonstrado pela diminuição de leucócitos totais, neutrófilos segmentados e linfócitos; aumento de fibrinogênio, alfa-1 globulina, gama globulina. É provável que o sistema intensivo de criação dos animais, aliado ao estresse inerente ao manejo, tenha desencadeado um processo crônico de inflamação, uma das características da resposta tardia ao estresse, com valores diminuídos de alfa-2 globulina no meio do experimento e valores elevados de gama globulina até o final.
Resultados semelhantes foram observados nos animais do GC, no início do experimento apresentaram processo infeccioso agudo, demonstrado pela diminuição de leucócitos totais, neutrófilos segmentados, albumina e relação albumina:globulina; aumento de fibrinogênio, proteína total, alfa1 globulina, gama globulina. O processo tornou-se crônico, com valores diminuídos de alfa-2 globulina no meio do experimento, valores elevados de gama globulina até o final e aumento do fibrinogênio também no final do experimento.
CONCLUSÃO:
O processo inflamatório agudo em ambos os grupos no início do experimento foram atribuídos à pneumonia que acometeu animais dos dois grupos. Posteriormente a resposta inflamatória apresentada foi atribuída ao estresse. Sendo assim, bovinos jovens alimentados com feno de Brachiaria brizantha ou cana-de-açúcar em sistema intensivo de criação apresentam alterações laboratoriais que caracterizam processo infeccioso crônico.
Palavras-chave: Braquiaria, Leucócitos, Proteína de fase aguda.