63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal |
SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA EM SEMENTES DE Caesalpinia ferrea Mart. ex Tull EM DIFERENTES ISOTERMAS |
Arlete da Silva Bandeira 1 Débora Leonardo dos Santos 2 |
1. Laboratório de Biodiversidade do Semi-Árido - UESB, Vitória da Conquista/BA 2. Profª. Dra./Orientadora - Depto. de Ciências Naturais, UESB, Vitória da Conquista/BA |
INTRODUÇÃO: |
Caesalpinia ferrea, conhecida como pau ferro, é uma espécie nativa da caatinga cujas sementes possuem dormência tegumentar, apresentando germinação lenta e irregular, sendo necessário a aplicação de tratamento pré-germinativo. A biometria de sementes é um instrumento importante para detectar a variabilidade dentro de populações de uma mesma espécie e está relacionada a características de estabelecimento e de disseminação de plântulas, além de ser usadas para distinguir espécies pioneiras e não pioneiras em florestas tropicais (BASKIN & BASKIN, 1998). A dormência de sementes, na maioria dos casos, ocorre porque seus tegumentos duros e impermeáveis impedem a entrada de água e oxigênio, oferecendo alta resistência física ao desenvolvimento do embrião. A remoção da dormência pode ser feita através de escarificação: mecânica, que é feita através do atrito das sementes contra uma superfície abrasiva, corte ou perfuração; tratamento químico, com uso de ácidos ou bases e imersão em água quente. Contudo, a aplicação e eficiência desses métodos dependem da causa e do grau de dormência, que varia entre as espécies. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a biometria e o efeito de diferentes temperaturas e tratamentos para quebra de dormência em sementes de pau-ferro. |
METODOLOGIA: |
Frutos maduros de pau-ferro foram coletados de matrizes existentes no campus da UESB. Os testes foram conduzidos no Laboratório de Biodiversidade do Semi-árido (LABISA). Para a remoção das sementes foi necessário quebrar os frutos com auxílio de martelo. Determinou-se a biometria de 100 sementes, com auxilio de paquímetro digital; grau de umidade (quatro repetições de 25 sementes), adotando-se o método de estufa a 105°C por 24 horas e o peso de mil, usando-se oito repetições de 100 sementes. Os tratamentos pré-germinativos utilizados foram: imersão em água por 24 horas (temperatura ambiente), imersão em soda cáustica (1 hora), desponte com alicate no lado oposto ao hilo, escarificação com lixa nº 4 e a testemunha. Após a escarificação, as sementes foram semeadas em caixas (Gerbox) utilizando como substrato a vermiculita. O experimento foi conduzido em incubadoras do tipo B.O.D. e mantidas à temperatura constante de 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40ºC, sob luz branca continua. Os testes de germinação foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e quatro repetições de 20 sementes e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey. A germinabilidade foi avaliada pela percentagem, velocidade e distribuição da freqüência de germinação. |
RESULTADOS: |
O lote de sementes de pau-ferro apresentou os seguintes dados biométricos: 8,0 a 11,5 mm de comprimento; 4,0 a 9,1 mm de largura e 3,0 a 5,7 mm de espessura. O teor de umidade foi 7,22% e a massa média de mil sementes foi 183,1, equivalente a 5.461 sementes por quilograma. Nos resultados de germinabilidades observou-se que as sementes escarificadas com soda cáustica e lixa nº 4 superaram os valores obtidos pelos demais tratamentos (desponte, imersão em água e a testemunha). Em relação à temperatura, a faixa ótima para germinação foi entre 20 e 30ºC, apresentando maior uniformidade, enquanto que as temperaturas de 10 e 40ºC apresentaram resultados nulos. Grus et al. (1984), através da lixação, obteve um alto porcentual de germinação em um menor período de tempo, para sementes de Caesalpinia leiostachya. A soda cáustica também foi um método bastante eficiente na superação da dormência de sementes de Leucena leucocephala (LAGES, 1989). As sementes com tegumento impermeável à água apresentam baixa germinação, nesse caso, o tegumento deve ser rompido para que ocorra a emergência das plântulas. Com base nos resultados deste trabalho, recomenda-se a utilização da escarificação com lixa ou soda cáustica para romper o tegumento, pois essas técnicas foram mais eficientes. |
CONCLUSÃO: |
O teor de umidade de 7,22 confirmou que as sementes são ortodoxas e o peso de mil permitiu determinar que um quilograma de pau-ferro pudesse conter 5.461 sementes. As maiores porcentagens e velocidades de germinação foram observadas nos tratamentos de escarificação química com soda cáustica e mecânica através da lixa, promovendo uma germinação acelerada e uniforme. A faixa de temperatura ótima para germinação de sementes de pau-ferro foi entre 20 e 30ºC. |
Palavras-chave: germinação, dormência, escarificação. |