63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 2. Currículo
VIOLÊNCIA DE GÊNERO: A ESCOLA COMO POSSIBILIDADE DE MUDANÇA
Nilvaci Leite de Magalhães Moreira 1
Maria Lúcia Rodrigues Muller 2
1. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação (UFMT)
2. Profa. Dra./Orientadora do Programa de Pós-Graduação em Educação (UFMT)
INTRODUÇÃO:
O presente estudo é parte da pesquisa sobre violência de gênero como resultado de uma construção social e a escola como possibilidade de mudança de mentalidade. Este estudo tem como objetivo analisar como as relações interpessoais entre homens e mulheres são influenciadas pelas relações desiguais de gênero, evidenciar a existência de violência decorrente dessa desigualdade na sociedade brasileira como também, a concepção de escola como um espaço possível de mudança e rompimento de paradigmas. Para a realização desta pesquisa, se fez uma recuperação histórica da evolução do papel social da mulher, considerando as questões das desigualdades de gênero frutos de uma construção social. Nos dias atuais os meios de comunicação evidenciam a crescente onda de violência que se faz presentes em nossa sociedade. No entanto, a violência de gênero continua tendo índices alarmantes, mesmo com o advento da Lei nº 11.430/2006 - Lei Maria da Penha, cujos dispositivos visam a proteção da mulher. Daí o interesse em desenvolver esta pesquisa, ressaltando a urgência na definição de novos padrões de masculinidade apoiados em atributos e valores não-violentos e no envolvimento da escola na efetivação de práticas pedagógicas indispensável à formação de novos conceitos para uma igualdade de gênero.
METODOLOGIA:
O presente estudo opta por uma abordagem qualitativa tendo como base a pesquisa bibliográfica, consultando livros, periódicos, artigos e sites para alcançar o objetivo pretendido. Utilizou-se como fonte de comprovação dados estatísticos sobre a existência de gênero obtidos de pesquisas realizadas pela Sociedade Mundial de Vitimologia e registro de boletins de ocorrência fornecido pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá/MT no ano de 2009.
RESULTADOS:
Dentro desse contexto, com a finalidade de demonstrar essa realidade, a Revista ISTO É (2005) traz uma pesquisa realizada pela Sociedade Mundial de Vitimologia (IVW), ligada a ONU, a qual o Brasil aparecia como campeão da violência doméstica num ranking de 54 países. Dentre os dados apresentados destacam-se que a mulher só faz a denúncia depois de levar, em média, dez surras e que 30% da população acredita que a violência seja o principal problema da mulher, mais que o câncer de mama e de útero. Em 2009, a Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá concluiu 2.179 inquéritos policiais, registrou e recebeu 2.014 ocorrências, intimou 4.325 pessoas e realizou 873 medidas protetivas. Percebeu-se nesta pesquisa que o efeito da violência de gênero, é devastador para a auto-estima da mulher, gerando insegurança, instabilidade, temor e transtornos psicológicos. O resultado desta pesquisa aponta para uma intervenção do Estado por meio de medidas públicas adequadas e a instituição escolar como possibilidade de mudança de mentalidade a partir da inserção em seu Projeto Político Pedagógico da valorização de gênero numa perspectiva de equidade.
CONCLUSÃO:
A história social da humanidade evidência que as violências de gênero afligem as mulheres desde a Grécia Antiga até os dias atuais. A mulher por muito tempo fora submetido às vontades e desejos dos homens, cabendo-lhe apenas o direito de servir-lhes e cuidar dos filhos. Não podiam estudar, votar, trabalhar fora, ou seja, não exerciam sua cidadania. É preciso entender que a erradicação da violência social, política, econômica e inclusive urbana exige necessariamente o fim da violência de gênero. Esta é a violência que tomamos conhecimento e aprendemos desde nossa infância, quando aprendemos a bater ou a apanhar, a desempenharmos o papel de agressor ou vítima. Conclui-se diante dos resultados obtidos que a violência de gênero existe e permeia em todos os espaços sociais e percebe-se que o passo fundamental que pode fazer brotar novas perspectivas para a humanidade são os investimentos nas ações de prevenção e a educação por intermédio da escola como forma de corrigir a desigualdade de gênero.
Palavras-chave: mulher, violência de gênero, escola.