63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal |
BIGNONIACEAE DAS SERRAS DOS MUNICÍPIOS DE CAPITÓLIO E DELFINÓPOLIS, MINAS GERAIS |
Ana Isa Marquez Rocha Machado 1 Rosana Romero 2 |
1. Mestranda - Pós-graduação em Biologia Vegetal - UFU 2. Profa. Dra./ Orientadora - Instituto de Biologia - UFU |
INTRODUÇÃO: |
O Cerrado apresenta uma vegetação bastante diversificada e rica, representada pelas formações florestais, savânicas e campestres. A flora deste bioma vem sofrendo constante exploração, restando atualmente apenas 20% de vegetação nativa. Representantes de Bignoniaceae são reconhecidos por apresentar hábito predominantemente de liana, sendo encontradas no Cerrado brasileiro árvores e arbustos. As folhas são opostas, compostas, pinadas ou palmadas, raramente simples, folíolos, às vezes, diferenciados em gavinhas, flores vistosas, cálice com 5 sépalas, truncado, 5-denticulado, raro espatáceo, corola com diversas colorações, 5 pétalas, bilabiada, 4 estames didínamos e um estaminódio, às vezes ausente, disco nectarífero aneliforme ou cupuliforme, às vezes ausente e fruto cápsula, raramente baga ou drupa. O Brasil é o centro da diversidade desta família, com 391 espécies distribuídas em 32 gêneros. No Cerrado, Bignoniaceae está representada por aproximadamente 170 espécies em 27 gêneros, as quais ocorrem em praticamente todas as fitofisionomias do bioma. Considerando a representatividade da família no estado de Minas Gerais, o presente estudo tem como objetivo realizar o tratamento sistemático das espécies de Bignoniaceae ocorrentes nas serras dos municípios de Delfinópolis e Capitólio. |
METODOLOGIA: |
Os municípios de Delfinópolis e de Capitólio estão localizados na região sudoeste de Minas Gerais e suas serras fazem parte do Complexo Serra da Canastra composto também pelo Parque Nacional da Serra da Canastra (PNSC). Diferentemente do PNSC, as serras dos municípios de Delfinópolis e de Capitólio ainda não estão protegidas por Unidades de Conservação. É importante ressaltar que as áreas destas serras já foram desapropriadas pelo governo federal, porém nenhuma unidade foi criada até o momento. As coletas botânicas foram realizadas nas serras dos municípios de Delfinópolis no período de 2002 a 2004 e de Capitólio, no período de 2006 a 2007. Todo o material coletado foi preparado segundo as técnicas usuais de herborização e depositado no Herbarium Uberlandense (HUFU). Além do acervo do HUFU, foram examinadas duplicatas dos herbários SPFR (Ribeirão Preto) e UEC (Campinas). Descrições morfológicas das espécies, relação do material examinado, dados de distribuição geográfica e de floração e frutificação das espécies são apresentados. A identificação e/ou confirmação dos táxons foram feitas com base nas características morfológicas do material examinado utilizando-se literatura disponível. |
RESULTADOS: |
Nas Serras dos municípios de Capitólio e Delfinópolis foram amostrados um total de 14 gêneros e 27 espécies. Os gêneros mais representativos em número de espécies foram Jacaranda e Fridericia, com cinco e quatro espécies, respectivamente, seguidos pelos gêneros Adenocalymma, Anemopaegma e Cuspidaria com três espécies cada, Amphilophium, Dolichandra, Handroanthus, Lundia, Pleonotoma, Pyrostegia, Stizophyllum, Tanaecium e Zeyheria com uma espécie cada. As espécies apresentam hábitos variados, sendo mais frequente as lianas, hábito característico de 15 espécies. Já o hábito subarbustivo a arbustivo ocorre em nove espécies e apenas quatro espécies apresentam hábito arbóreo. Somente uma espécie apresentou sobreposição de hábitos. Esta diversidade de hábito permite que as espécies ocupem as fitofisionomias campo rupestre, campo sujo e campo limpo, cerrado, cerrado rupestre, mata de encosta, ciliar e de galeria. Trabalhos sistemáticos feitos com Bignoniaceae em outras áreas de campo rupestre de Minas Gerais evidenciam que as serras dos municípios de Delfinopólis e Capitólio apresentam o segundo maior número de espécies. Este número foi superado somente pelo trabalho realizado no Parque Estadual do Itacolomi, no qual foram amostradas 55 espécies distribuídas em 21 gêneros. |
CONCLUSÃO: |
As serras dos municípios de Delfinópolis e Capitólio são áreas que necessitam urgentemente de uma maior proteção ambiental. Há em andamento um projeto de desapropriação dessas áreas pelo governo federal para que sejam instaladas Unidades de Conservação. O presente estudo evidencia um número expressivo de espécies de Bignoniaceae nestas duas serras da porção sudoeste do estado de Minas Gerais e estudos futuros com outras famílias botânicas, certamente, fornecerão mais subsídios para a preservação destas áreas. |
Palavras-chave: Tratamento Sistemático, Bignoniaceae, campo rupestre. |