63ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física |
A PRÁTICA DA FORMAÇÃO DO RPOFESSOR REFLEXIVO |
Pedro Paulo Siqueira Arrais 1 Luiz Gonzaga Roversi Genovese 1,2 |
1. Instituto de Física - UFG 2. Prof. Dr./ Orientador |
INTRODUÇÃO: |
Vários são os fatores que contribuem para a melhoria do ensino e aprendizagem dos estudantes das escolas brasileiras. Dentre eles têm-se: maior preocupação da sociedade em relação aos assuntos ligados à educação; maior investimento dos governos em todas as esferas educacionais; investimento na formação de professores tanto no Ensino Superior como Ensino Básico, dentre outros. Contudo, a formação de professores é um desses elementos imprescindíveis para a melhoria da educação brasileira. Não é por acaso que a LDB (Lei das Diretrizes e Bases da Educação) prevê a necessidade de formar, em quantidade e qualidade, professores reflexivos. E mais, aponta que é necessário formá-los de maneira que sejam capazes de aprimorar seu trabalho utilizando da prática de pensar e repensar seu entendimento e a forma como age em sala de aula. Nesse sentido, o presente trabalho procura analisar as potencialidades e limitações de um, dentre os vários modelos de formação de professores (ZEICHNER, 1983), como é o caso do modelo do professor prático reflexivo (SCHÖN, 1997). Para tanto, foi analisada a prática de um futuro professor, que, simultaneamente realiza o curso de Licenciatura em Física da Universidade Federal de Goiás e leciona Física numa sala de nono do Ensino Fundamental de uma escola particular da cidade de Goiânia, Goiás. Os dados coletados e analisados correspondem às atividades docentes realizadas por esse futuro professor durante o segundo semestre de 2010. |
METODOLOGIA: |
A principal preocupação, dentre as várias percebidas pelo futuro professor, era a de caracterizar e demarcar, a partir da reflexão, os conhecimentos elaborados por ele durante sua atividade docente. O contexto, as falas e ações dos agentes envolvidos na realização constituem os dados dessa pesquisa. Esses dados foram coletados via instrumentos qualitativos sendo registrados mediante anotações feitas em um diário pessoal do futuro professor (BOGDAN & BIKLEN, 2010). Essas ações correspondem às atividades desenvolvidas na sala de aula que versava sobre alguns conteúdos de Física. Para a análise dos dados foi empregado o trabalho sobre a epistemologia prática elabora por Donald A. Schön (2000): Num primeiro momento o profissional, no exercício de sua atividade profissional, demonstra seu conhecer-na-ação que é manifestado na realização de suas ações inteligentes. Continuando, no segundo momento da prática se faz presente a reflexão-na-ação ato em que se é capaz de refletir no momento em que se realiza a atividade buscando soluções para um inesperado problema. Depois de finalizada pode-se iniciar um terceiro processo o de reflexão sobre a reflexão-na-ação que possibilita uma reflexão mais profunda da prática já que, este pode analisar o que já foi feito com mais calma e clareza. E finalmente se for do desejo aprimorar a prática este pode fazer uma nova reflexão sobre àquela reflexão sobre a reflexão na ação que, mais uma vez permite refletir sobre sua prática. |
RESULTADOS: |
Com relação ao conceito de conhecimento na ação pode-se afirmar que o diálogo estabelecido entre o futuro professor e os alunos, descrito a seguir, evidenciam o que é sinalizado pela prática. Na discussão os alunos puderam explicitar certas confusões conceituais, demonstraram dificuldades em exemplificar situações em que cada assunto é aplicado de forma correta, dentre outras. Tais dificuldades causaram no professor um desequilíbrio provocando naquele momento o processo de conhecer-na-ação que, possibilitou tornar lúcido principalmente, as deficiências ao trabalhar com a matéria. No que se refere ao conceito de reflexão-na-ação verifica-se no mesmo momento em que realizava a explicação um processo de refletir e reorganizar seus conhecimentos de forma a explicitá-los de maneira que se fizesse entendido por parte dos alunos. Com o intuito de aprimorar aquilo que foi feito, o professor, em outro momento, se encontra na terceira situação o de refletir sobre a reflexão na ação. Finalmente uma nova reflexão pôde ser realizada em outro momento de forma proposital ou por meio de vislumbres que surgiam repentinamente. Talvez este processo de visualizações possa se configurar em um maior problema caso estes pensamentos não ocorram e prática acabe se limitando. É importante ressaltar que estas descrições valeram para outras aulas, claro que foram manipuladas às exigências do conteúdo. |
CONCLUSÃO: |
A epistemologia prática elaborada por Schön, pode se tornar importante ferramenta para o professor poder aprimorar o seu trabalho em sala. Tornar lúcido as deficiências que surgem durante a prática ajudam a evitar equívocos a respeito do que se fala. Contudo deve ser uma prática contínua e não deve se restringir ao ambiente da sala de aula. Para tanto se tem a reflexão sobre a reflexão na ação uma atividade que deve ser feita em um ambiente diferente da escola. O professor sempre pode refletir sobre suas reflexões na ação e, tentar fazer disso um processo contínuo, acontecendo à medida que o conteúdo for aplicado a outras turmas com alunos diferentes. E, apesar do conteúdo admitir apenas uma explicação coerente é preciso sempre repensar a forma como o conteúdo é explicado. Para finalizar a discussão um fator relevante condiz com o fato de que o professor irá se deparar com diversas turmas, que os instigaram a pensar das mais diversas formas por conta das suas dúvidas, ou seja, serão criados diversos ambientes que podem causar no professor diversos pensamentos que o obrigarão a dar uma resposta coerente com o conteúdo de forma a construir no aluno um entendimento mais claro. Sendo que apesar da diversidade de ambiente que podem ser formados, é de se esperar que situações semelhantes possam acontecer em momentos diferentes. |
Palavras-chave: Reflexividade, Formação de professores, Epistemologia prática. |