63ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE HORTALIÇAS COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE-CE
Higo Tavares Barbosa 1
Mário Henrique Cândido Leite 1
Rodrigo da Costa Freitas 1
Charleston de Oliveira Bezerra 1
Jefferson Queiroz Lima 2
Francisco Clark Nogueira Barros 3
1. Depto. de Eng. Ambiental – IFCE Campus Juazeiro do Norte
2. Prof. Dr. - Depto. de Eng. Ambiental – IFCE Campus Juazeiro do Norte
3. Prof. MSc./ Orientador - Depto. de Eng. Ambiental – IFCE Campus Juazeiro do Norte
INTRODUÇÃO:
Variações no processo de produção e colheita de hortaliças podem resultar em risco potencial de contaminação por diferentes patógenos, principalmente aqueles de veiculação hídrica. As técnicas utilizadas no cultivo, transporte, armazenamento e o uso de águas contaminadas para irrigação destacam-se como possíveis fontes de contaminação. Não existem parâmetros de análise imediata que possibilitem verificar a qualidade microbiológica de hortaliças. Além disso, a falta de fiscalização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) contribui para a falta de condições sanitárias adequadas nos locais de distribuição e comercialização de hortaliças. Portanto, é necessário avaliar as condições sanitárias durante a produção e cultivo desses alimentos, assim como nos locais de comercialização. O grupo de bactérias coliformes termotolerantes é formado por bactérias que habitam o trato digestório de animais de sangue quente. Os coliformes, em especial Escherichia coli, são utilizados como indicadores de contaminação fecal em água e alimentos e sua presença pode desencadear surtos de infecção alimentar. Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica de hortaliças comercializadas em feiras livres e supermercados da cidade de Juazeiro do Norte-CE.
METODOLOGIA:
Oitenta amostras das hortaliças alface, repolho, couve flor e acelga foram obtidas em 02 feiras livres e 02 supermercados da cidade de Juazeiro do Norte-CE. Em cada ponto de venda foram coletados 200g de cada hortaliça em sacos estéreis. Para cada hortaliça coletada, 05 exemplares foram homogeneizados e triturados assepticamente. Deste material, foram pesados 25g e diluídos dez vezes em água tamponada estéril. Foram realizadas diluições decimais das amostras, seguido de determinação de Coliformes termotolerantes, utilizando o Caldo A-1 pelo método do Número Mais Provável (NMP), onde as amostras foram incubadas a 35ºC por 03 horas (h) e a 45ºC por mais 21h. Uma alíquota de cada tubo positivo (com produção de gás) foi retirada com auxílio de alça microbiológica e transferida para placas contendo Ágar Levine Eosina Azul de Metileno para o teste confirmativo de E. coli, onde foram incubadas a 35,5 °C, durante 24 h. Ao final do processo, a confirmação de E. coli foi determinada pela presença de colônias bacterianas com coloração verde metálica.
As metodologias para amostragem, coleta, acondicionamento, transporte e análise microbiológica obedeceram às normas descritas pelo “Standard Methods for the Examination of Dairy Products” da American Public Health Association (APHA, 2001).
RESULTADOS:
A análise realizada mostrou que 100% das hortaliças coletadas nas feiras-livres apresentaram contagem de coliformes termotolerantes acima de 1100 NMP.g-1. Esses valores se encontram muito acima do limite de 100 NMP.g-1 estabelecido pela legislação brasileira através da RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Foi observado ainda que 100% das amostras ensaiadas apresentaram Escherichia coli, sugerindo contaminação do material analisado. Tais resultados sugerem condições sanitárias insatisfatórias durante a produção e colheita ou durante os períodos de armazenamento e exposição dos produtos. Contudo, somente 12,5% das hortaliças coletadas em supermercados mostraram valores de coliformes termotolerantes acima do limite estabelecido pela legislação vigente. Apesar de a maioria das amostras de supermercados apresentarem contagem de coliformes fecais dentro dos limites legais permitidos, pôde-se observar que a bactéria E. coli foi encontrada em 50 % das amostras de hortaliças analisadas, podendo indicar a coexistência de microrganismos patogênicos também nessas hortaliças. A diminuta presença de coliformes termotolerantes nas hortaliças obtidas de supermercados, quando comparado àquelas coletadas em feiras livres, pode ser devido às melhores condições sanitárias dos mesmos.
CONCLUSÃO:
A avaliação da qualidade sanitária através de ensaios microbiológicos das hortaliças alface, repolho, couve flor e acelga, coletadas na cidade de Juazeiro do Norte – CE, revelou altas taxas de contaminação por coliformes termotolerantes nas feiras livres (100% das amostras testadas) com resultado positivo para Escherichia coli em todas as amostras testadas. Nas amostras provenientes de supermercados, constatou-se que somente 12,5% confirmaram a presença de coliformes termotolerantes, apesar de 50 % das hortaliças apresentarem de E. coli. Os elevados níveis de contaminação microbiológica observados para as hortaliças comercializadas nas feiras-livres e em 12,5% das hortaliças provenientes de supermercados sugerem fortemente condições inadequadas de higiene durante a produção, acondicionamento e/ou comercialização, comprometendo sua qualidade sanitária. O consumo desses vegetais pode resultar em toxinfecções alimentares aos consumidores, haja vista que várias hortaliças têm sido relatadas como veículos de bactérias patogênicas relevantes para saúde pública como Salmonella, Shigella, Listeria monocytogenis, Yersinia enterocolitica, Clostridium botulinum, Aeromonas hydrophila, Campylobacter jejuni, Escherichia coli enterohemorrágica O157:H7, além de protozoários, helmintos e vírus.
Palavras-chave: Hortaliças, Coliformes termotolerantes, Escherichia coli.