63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 2. Engenharia Agrícola - 5. Máquinas e Implementos Agrícolas
DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE RUÍDO EMITIDO POR DERRIÇADORA PORTÁTIL
Braiam Raiell Gomes 1
Leidy Zulys Leyva Rafull 2
Cristiano Márcio Alves de Souza 3
Jhonatan Gomes Takara 1
1. Estudante de Engenharia Agrícola, Faculdade de Ciências Agrárias, UFGD
2. Profa. Dra./Orientadora, Faculdade de Ciências Agrárias, UFGD
3. Prof. Dr. Faculdade de Ciências Agrárias, UFGD
INTRODUÇÃO:
Atualmente a forma de colheita mais utilizada para o pinhão manso (Jatropha curcas) é a manual, que se mostra muito demorada e dificultada pelo látex liberado pela planta durante a catação dos frutos. Porém, como a escala de produção do pinhão manso vem aumentando, a colheita mecanizada virou a melhor opção e mais vantajosa para o produtor. Acredita-se que a colheita mecânica, usando derriçadoras portáteis, seja o método mais prático, rápido e econômico para a colheita seletiva dos frutos maduros. Quando uma máquina proporciona conforto ao seu operador, seu desempenho aumenta sensivelmente. O ruído laboral é um agente de risco físico que pode causar doenças, como redução da capacidade auditiva, estresse, perda de sono, impotência, entre outras. Em estudos realizados na colheita de café, usando derriçadoras portáteis, constatou-se que os níveis de ruído emitidos pelas máquinas foram maiores que os limites de conforto estabelecidos pelas normas brasileiras, fato esse que também ocorre durante a colheita de pinhão manso. Dessa forma o objetivo do trabalho foi determinar o nível de ruído produzido por uma derriçadora com motor de combustão interna 2 tempos, em função da freqüência de vibração das hastes e do lado e raio de afastamento da fonte geradora de ruído.
METODOLOGIA:
A máquina avaliada foi formada pela haste vibradora Brudden/DCM11 e motor Kawasaki/2T/27 cc. Para determinar o nível de ruído foi utilizado um decibelimetro INSTRUTHERM/DEC5040. O ruído foi determinado próximo ao ouvido do operador e em função dos quatro lados (frontal, esquerdo, traseiro e direito) e do raio de afastamento da máquina (10 m de distância a partir da fonte do ruído). Foi avaliado o efeito da freqüência de vibração das hastes, que foram obtidas fixando o gatilho de aceleração da máquina nas posições mínima, média e máxima (1.245, 1.861, 2.181 rpm). A freqüência foi determinada utilizando um tacômetro digital laser, fazendo-se coincidir o feixe de luz com o último dedo da haste. Foi utilizado o protetor de ventos, com o intuito de uniformizar as condições de leitura e evitar a influência de rajadas de vento. Os dados experimentais foram comparados com o limite de conforto de 85 dBA para 8h diárias, estabelecido pela Norma NBR 10152 e pela portaria 3214,NR15 CLT. Os dados obtidos foram submetidos à análise de regressão, sendo os modelos de superfície selecionados com base no coeficiente de determinação e na significância dos coeficientes de regressão, utilizando-se o teste t a 1% de probabilidade. Nas análises estatísticas foi utilizado o programa SAEG.
RESULTADOS:
O ruído teve comportamento linear para a freqüência das hastes vibradoras para todos os lados da máquina. Nos lados frontal, direito e traseiro o comportamento foi quadrático para o raio de afastamento do motor e linear para o lado esquerdo. Para o lado frontal e esquerdo, para as três freqüências e para os lados direito e esquerdo, para as freqüências 1.861 rpm e 2.181 rpm, o ruído no ouvido do operador esteve acima dos 85 dBA. Indica-se a necessidade do uso de protetor auricular pelo operador. Analisando o raio de afastamento do motor, observa-se que para o lado frontal na freqüência de 2.181 rpm, somente a partir dos 3 m o ruído encontra-se abaixo dos 85 dBA, enquanto na freqüência de 1.861 rpm é a partir de 2 m. Para o lado esquerdo na freqüência de 2.181 rpm, acontece somente a partir dos 6 m, enquanto na freqüência de 1.861 rpm é a partir de 3 m. Para o lado traseiro e freqüência de 2.181 rpm, somente a partir dos 4,5 m, enquanto na freqüência de 1.861 rpm é a partir de 2,6 m. Para o lado direito e freqüência de 2.181 rpm, somente a partir dos 5 m, enquanto na freqüência de 1.861 rpm é a partir de 2,5 m. Indicando esses valores que os trabalhadores que estiverem na entrelinha da cultura de pinhão manso, onde a derriçadora estiver trabalhando, devem usar protetor auricular.
CONCLUSÃO:
O nível de ruído emitido pelo motor da derriçadora, diminui na medida em que há um afastamento da fonte emissora e aumenta com o incremento da freqüência de vibração das hastes. Para as três freqüências de vibração das hastes, o nível do ruído no ouvido do operador apresenta níveis acima dos 85 dBA, estabelecidos como limite de conforto para 8 horas de exposição diária. Independente do lado da derriçadora em que foi medido o nível de ruído, somente a partir dos 1,8 metros esse parâmetro encontra-se abaixo do limite de conforto para 8 horas estabelecido, indicando que o operador da máquina e os trabalhadores que estiverem na entrelinha da cultura de pinhão manso, onde a derriçadora estiver trabalhando, obrigatoriamente devem usar protetor auricular.
Palavras-chave: Ergonomia, Desempenho, Segurança.