63ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira |
A INVISIBILIDADE DE PERSONAGENS NEGROS NOS LIVROS DE LITERATURA BRASILEIRA INFANTO-JUVENIL |
Liliam Teresa Martins Freitas 1 Camila Augusta Melo Mendes 1 Vanessa Tereza de Fátima Lima Cardoso 1 Maria Iranilde Almeida Costa 3 |
1. Universidade Federal do Maranhão 2. Universidade Estadual do Maranhão 3. Profª Ms. -UEMA |
INTRODUÇÃO: |
O estudo tem como objeto a literatura infantil, campo que não é neutro, ele está submerso a uma sociedade e seu status quo social. Neste universo literário, constata-se uma “supremacia branca”, isto é, a maioria dos personagens é de pele branca, olhos claros, cabelos loiros ou pretos, um arquétipo europeu que vem com as histórias infantis do Velho Mundo e ainda está arraigado no gênero literário infantil brasileiro. A pouca representação de personagens negros nos livros marginaliza e exclui o povo afro-descendente, confirmando estereótipos preconceituosos O trabalho teve com objetivo analisar a invisibilidade de personagens negros nos livros e neste contexto: compreender os efeitos da ausência de livros com personagens negros na literatura infantil; investigar como dos referenciais permeiam a construção da identidade do educando; perceber a função da literatura infantil no desenvolvimento do educando; conhecer melhor a realidade escolar no que diz a utilização dos livros da literatura infantil; e discutir a lei 10.639 e os Parâmetros Curriculares Nacionais. Com o intuito de iniciar uma reflexão sobre o tema é que este trabalho se assenta, tomando como ponto de partida uma pesquisa in loco realizada em 10 escolas públicas de São Luís-MA. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa foi baseada em pressupostos metodológicos da pesquisa qualitativa e método analítico-sintético. Sujeitos: A pesquisa envolveu uma amostra de vinte seis (26) professores e setenta e oito (78) alunos, de turmas da 2ª etapa do 2º ciclo (4ªsérie) nas quais de dez escolas que participaram dessa pesquisa: Centro Integrado do Rio Anil, Unidades Integradas Antonio Vieira, Estado de Alagoas, Estado do Piauí, Barbosa de Godois, Rio Grande do Norte, Unidades Educação Básica José Assub, Profº Sa Valle, Luis Viana e Miguel Lins. As seis primeiras são escolas da rede estadual, as outras municipais. A pesquisa de campo foi realizada no período de 6 a 21 de Maio de 2009. Procedimentos: As técnicas empregadas foram: levantamento bibliográfico, análise de dados e elaboração de relatório; Instrumentos utilizados: um formulário dirigido ao corpo docente e outro ao discente. |
RESULTADOS: |
Foi perguntado aos alunos se eles lembravam de algum personagem negro: 50% dos estudantes não lembraram, e 50% lembraram. Dos que disseram lembrar 5% (2 alunos) não soube citar o personagem, 95% (a maior parte) citaram. Sendo que apenas 5,40% (2 alunos) conseguiram citar dois personagens. Foram elencados 11 personagens. O mais citado foi Saci Pererê com 40%, personagem de Monteiro Lobato que já foi veiculado na televisão, com a adaptação de O Sitio do Picapau Amarelo. Segundo, O Negrinho do Pastoreiro com 16%. O terceiro são personagens que eram escravos, que em geral os alunos nem lembram o nome, apenas a condição de escravidão, com 13%. Paradoxalmente, em seguida, Zumbi que até pouco tempo não aparecia nos livros de histórias com 8%. Tia Nastácia, 5% e Tio Barnabé com 2,5%. Duas alunas citaram a Tainá, personagem indígena como sendo negra. A outra citou Moranguinho, quando na verdade a personagem negra que faz parte do livro Moranguinho é a Biscoitinho. Um aluno citou Lobo Mau, personagem este da literatura, conhecido da História de Chapeuzinho Vermelho, que remete a maldade. A criança negra não tem o número grande de opções em que ela se vê para elaborar sua identidade, ela encontra imagens poucas dignas para se reconhecer |
CONCLUSÃO: |
A literatura infantil espelha o mesmo tratamento que é dado ao negro pela sociedade. As construções dos personagens negros tem implicações na identidade, principalmente das crianças negras que não se notam nas histórias infantis de reis, rainhas, príncipes,e princesas e heróis. Os negros no geral estão em personagens que exercem posições subalternas, uma espécie de escravidão ou escravos, estes últimos referentes ao período colonial escravocrata. Não há história do negro antes dessa época nas obras infantis. Neste sentido, buscou se iniciar uma reflexão sobre personagens negros na literatura infantil, e a pesquisa aconteceu na escola por ser espaço onde acontece a veiculação das obras infantis. Percebeu-se que os professores não costumam trabalhar efetivamente com o gênero literário específico para a criança Há livros com personagens negros nas escolas, mas, são poucos, e a maioria do professores não conhece e considera “normal” o supremacismo branco nas historias infantis e que ele não influencia em nada. Panorama que persiste mesmo com a lei federal 10.369/03. Espera-se com que este trabalho pensar essa realidade educacional e as implicações de um ensino que se paute em representações negativos dos negros para mudar |
Palavras-chave: literatura infantil, negros, educação. |