63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 5. Ciências Florestais
MASSA DE RAÍZES FINAS AO LONGO DO PROCESSO SUCESSIONAL NO MUNICIPIO DE PEIXE-BOI, PARÁ.
Kênia Samara Mourão Santos 1
Natália do Amaral Mafra 1
Tâmara Thaiz Santana Lima 2
Luiz Gonzaga da Silva Costa 2
Izildinha de Souza Miranda 2
1. Bolsista PET-Florestal; Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA
2. Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA
INTRODUÇÃO:
Na Amazônia o sistema agrícola de corte e queima da vegetação para a implantação de cultivos agrícolas e pastos tem contribuído significativamente para a formação de um complexo mosaico com florestas secundárias em diferentes estágios sucessionais. As florestas secundárias, nas diversas etapas de desenvolvimento, são capazes de prover importantes recursos às populações tradicionais. Além disso, desempenham um papel de elevada importância ecológica em termos de crescimento florestal, acúmulo de biomassa, controle de erosão, conservação de nutrientes, benefícios hidrológicos e manutenção da biodiversidade.
O estágio sucessional, bem como o histórico de uso do solo tem sido registrados como uma fonte de variação para a produção de raízes. Nesse sentido, a biomassa de raízes tem uma participação efetiva nos processos que ocorrem abaixo do solo em ecossistemas tropicais. A produção em raízes finas contribui com mais da metade do ciclo de carbono em ecossistemas florestais. Este trabalho teve como objetivo avaliar o estoque de raízes finas em florestas tropicais secundárias com diferentes idades no entorno da microbacia do Rio Peixe-Boi.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na área da sub-bacia hidrográfica do Rio Peixe-Boi, situada no nordeste paraense. Foram selecionadas três florestas de diferentes estágios sucessionais: 15, 40 e 70 anos. Em cada área foram instaladas 4 parcelas de 10mx25m, e em cada parcela estabelecidos 4 pontos amostrais, totalizando 16 pontos por área, nos quais foram coletadas amostras de solo com cilindro de aço inoxidável (diâmetro =5cm; altura =10cm) para avaliar o estoque de raízes finas na profundidade de 0-10cm do solo. As amostras coletadas foram acondicionadas em sacos plásticos e congeladas (-2ºC) até a triagem manual das raízes.
Para a triagem foi utilizado o método de peneiras sobrepostas. As raízes finas foram classificadas em vivas (≤ 1 mm; 1-2 mm e 2-5 mm de diâmetro) e mortas (≤ 5 mm de diâmetro). Após a triagem as amostras foram secas em estufa a 75ºC por um período de 24h e pesadas em uma balança de precisão para a obtenção da massa seca.
A análise dos dados foi realizada usando o programa SYSTAT 11. Os dados foram submetidos à análise de variância e logaritmizados quando necessário em busca de uma distribuição normal. Os resultados apresentados são média ± erro padrão calculados com dados não transformados e a comparação múltipla das médias foi realizada com o teste de Tuckey (5%).
RESULTADOS:
A massa total de raízes finas (vivas + mortas) nas florestas de 70, 40 e 15 anos foi de: 361,256g/m²; 367,951 g/m² e 473, 329g/m² respectivamente. A maior biomassa encontrada na floresta de 15 anos pode estar associada ao baixo aporte de serapilheira nesses ambientes, o que reduz o potencial de ciclagem de nutrientes. Uma vez que as raízes finas em ambientes tropicais maximizam a aquisição de nutrientes investir em sua produção é uma estratégia de sobrevivência, considerando que estas florestas estão sobre solos pobres em nutrientes. A semelhança entre a biomassa de raízes finas para as florestas de 40 e 70 anos pode estar relacionada com as características florísticas das mesmas. Estudos sobre a dinâmica de florestas tropicais têm demonstrado que a composição florística é um fator diretamente relacionado com a produção de raízes finas.
Houve diferença significativa entre as áreas estudadas (P < 0.05) nas classes ≤ 1 mm e 2-5 mm como demonstram os resultados apresentados em média ± erro padrão (≤ 1 mm: 70 anos= 196.41 ± 8.27; 40 anos = 193.06 ±14.83; 15 anos =263.66 ± 22.12 e 2-5 mm: 70 anos = 39.76 ± 13.92; 40 anos = 86.08 ± 22.48; 15 anos = 118.91 ± 36.09). Não foi verificada diferença entre as áreas nas classes 1-2 mm e mortas.
CONCLUSÃO:
A diferença de idade entre os sítios estudados mostrou influenciar a biomassa de raízes finas, fazendo com que esta varie de forma inversa ao estagio de sucessão, sendo assim para os dados de biomassa analisados a massa de raízes aumenta a medida que a idade do sitio diminui, porém estudos mais detalhados são necessários para caracterizarmos esse comportamento.
Palavras-chave: biomassa, sucessão florestal, nordeste paraense.