63ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 5. Teoria e Análise Lingüística |
OS CORPOS DOS ALUNOS DO CERRADO: NORMAS, PROMESSAS E REBELDIA |
Alita Carvalho Miranda Paraguassú 1 Eliane Marquez da Fonseca Fernandes 2 |
1. Depto. de Pós-Graduação em Letras e Linguística, Faculdade de Letras – UFG 2. Profa. Dra. / Orientadora – Depto. de Pós-Graduação em Letras e Linguística – UFG |
INTRODUÇÃO: |
Esta pesquisa tem por objetivo geral realizar uma análise discursiva de documentos que regulamentam como o corpo do aluno deve ser tratado nas instituições educacionais, bem como analisar a promessa do cumprimento dessas normas nas peças publicitárias escolares e o descumprimento da norma e da promessa no noticiário impresso. Um estudo como este nos remete às discussões sobre a posição do sujeito-aluno na escola e como essa posição tem sido discursivizada em diferentes instâncias de produção e divulgação. |
METODOLOGIA: |
Foram realizadas leituras e estudos sobre o corpo, tendo como fundamentação teórica a Análise do Discurso, destacando-se como teóricos principais Foucault e Pêcheux. Durante os estudos buscamos construir um arquivo com propagandas, regulamentos e notícias em que pudéssemos comprovar o como da manipulação desse corpo-aluno e as contradições que envolvem a sua discursivização. Algumas propagandas foram fotografadas nas próprias ruas de Goiânia, os regulamentos foram selecionados no meio virtual, assim como a maioria das notícias. |
RESULTADOS: |
Os diferentes gêneros discursivos que analisamos apontam para objetivos diferentes. As normas tratam os corpos de maneira essencialmente colaborativa, os alunos devem aprender a trabalhar em grupo e a estabelecer o seu espaço e o do outro. Nas propagandas, apesar de uma visualidade coletiva, os alunos são individualizados pelo estilo, pela moda, pelas próprias características físicas. Nas notícias de jornal o evento da mutilação de um corpo, na escola, serve como generalização da possibilidade de uma mutilação em massa. |
CONCLUSÃO: |
O espaço escolar é também espaço de uma multiplicidade de discursos que se apropriam do corpo de modo diferente. O corpo na escola é construído a partir da moda, a partir do enunciado bíblico – o corpo como templo – , a partir do disciplinamento que requer um corpo produtivo, emerge também de uma nova ordem que exige o constante rejuvenescimento do corpo, incluindo os saberes sobre a beleza e a saúde. O corpo é inclusive discursivizado pela anormalidade e pela violência, o espaço escolar não é somente um lugar de disciplinamento e formação dos corpos, mas um lugar em que a normalidade dos corpos está sujeita a possíveis tragédias. Os corpos são colocados como vítimas no espaço escolar, ao mesmo tempo em que esse espaço seria o da sua proteção. |
Palavras-chave: Corpo, Sujeito-aluno, (A)Normalidade. |