63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica |
A ESCOLA PÚBLICA NA VISÃO DE FAMÍLIAS BRANCAS E NEGRAS |
Edenar Souza Monteiro 1 Maria Lúcia Rodrigues Muller 2 |
1. Doutoranda do Instituto de Educação - UFMT 2. Profa. Dra./ Orientadora da Pós-Graudação do Departamento de Educação - UFMT |
INTRODUÇÃO: |
Este trabalho que objetivou conhecer como as famílias negras e brancas percebem a escola de seus filhos, teve como foco abrir um espaço de escuta de famílias de classe popular sobre suas visões em relação à escola, promovendo discussões das problemáticas por elas consideradas relevantes. Uma das contribuições deste estudo foi buscar compreender a relação família-escola, especificamente famílias de classe popular e as escolas onde se desenvolvem o processo de formação de seus filhos/alunos. O enfoque deste trabalho foi pautado na oportunidade dada às famílias de se pronunciarem sobre suas opiniões em relação à escola, haja vista que as inúmeras pesquisas que envolvem as referidas instituições partem dos valores dos professores e da escola. |
METODOLOGIA: |
Com metodologia qualitativa, os procedimentos utilizados para o desenvolvimento deste estudo foram: observação no ambiente escolar, questionário socioeconômico, entrevistas individuais com os membros das famílias dos alunos e representação gráfica, produzidas pelos alunos. A observação se deu com o objetivo de selecionar os sujeitos da pesquisa. Sobre o questionário, a mãe representou a família e, nas entrevistas, todos os membros (pai, mãe e filhos) participaram com depoimentos, com exceção de alguns pais que alegaram ser das mães a responsabilidade da educação dos filhos ou que estão ausentes na vida das famílias. Os filhos, além da entrevista, participaram com representações gráficas sobre a percepção da discriminação por eles sofrida no espaço escolar. |
RESULTADOS: |
Os resultados obtidos revelaram convergência nos discursos das famílias negras e brancas quanto à valorização da educação formal, dos projetos e expectativas de formação escolar para seus filhos. Houve convergência também quanto à insatisfação das famílias nas reuniões escolares, uma vez que elas consideram que as escolas priorizam o comportamento dos alunos e não tratam das expectativas dos pais quanto ao processo educativo e que, as escolas utilizam uma linguagem que, segundo as famílias não é compreendida pelos seus membros (linguagem formal). As divergências estão na forma como as famílias lidam com a discriminação racial. As famílias brancas pouco, ou quase nunca, percebem a incidência desse fenômeno. As famílias negras percebem, reclamam sobre as formas de tratamentos dispensados aos filhos no espaço escolar e, em alguns casos, ensinam os filhos a reagirem a esse tipo de situação, em outros silenciam e ensinam os filhos a ignorarem, por perceberem indiferença dos responsáveis das instituições em relação a esse fenômeno. |
CONCLUSÃO: |
Pode-se verificar, através deste estudo que, as famílias negras e brancas de camadas populares, pesquisadas, depositam na escola toda a esperança de um futuro melhor para seus filhos e a percebem como projeto primordial de ascensão social, ou seja, concebem essa instituição como uma das prováveis possibilidades, senão única, dos filhos “mudarem” de vida. Percebeu-se que as famílias negras reclamam das atitudes discriminatórias de colegas de seus filhos e salientam que, quando buscam meios para amenizar o problema, escutam dos professores que esse comportamento entre as crianças é muito comum, pois, logo após uma briga já estão todos brincando novamente. Percebeu-se, também, que essa atitude revela que a escola não discute os problemas decorrentes das relações raciais conflituosas e que sob os olhares dos profissionais todos são tratados de forma igualitária. |
Palavras-chave: Escola, Famílias Negras e Brancas, Discriminação Racial. |