63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 4. Turismo e Hotelaria - 2. Planejamento e Projetos Turísticos
O TURISMO EM PARQUES URBANOS E A ACESSIBILIDADE
Luzimar Soares Bernardo 1
Sandra Emi Sato 2
1. Lab. de Turismo, Universidade Guarulhos - UnG
2. Profa. Ms / Orientadora – Lab. de Turismo, Universidade Guarulhos – UnG
INTRODUÇÃO:
O turismo é um campo de práticas histórico-sociais que pressupõem o deslocamento dos sujeitos em tempos e espaços produzidos de forma objetiva. Pode ser considerado como uma atividade que possibilita a formação humana, que por meio desta vivência se percebam no contexto social, com noção de pertencimento democrático e consciente aos bens materiais, patrimoniais e simbólicos. Essas concepções de turismo e lazer possibilitam ampliar o olhar sobre a dimensão social sobre esses fenômenos, principalmente ao atuar com pessoas com mobilidade reduzida. As barreiras arquitetônicas encontradas nas cidades, tanto nos espaços públicos como privados, são fatores que dificultam e/ ou impedem o deslocamento dessas pessoas e promover a acessibilidade faz parte do processo de inclusão social não só das pessoas com deficiência, mas de todos que, permanente ou temporariamente, apresentam dificuldade de locomoção. O parque urbano é um elemento típico da grande cidade moderna, com dimensões significativas e com função ecológica, estética e de lazer, mas a maioria não proporciona acessibilidade adequada. Neste contexto, o objetivo principal desta pesquisa foi realizar o diagnóstico das condições da acessibilidade nos parques do Ibirapuera, do Trote e o Bosque Maia.
METODOLOGIA:
Com base nas cartilhas do Ministério do Turismo sobre Turismo Acessível, foi elaborado um formulário padrão sobre as variáveis de acessibilidade para ser preenchido nas visitas técnicas. A escolha do parque do Ibirapuera se justificou devido a sua importância para a cidade de São Paulo; o parque do Trote pelo marketing de sua infra-estrutura acessível às pessoas portadoras de necessidades especiais (PNEs); e o Bosque Maia por ser considerada a principal área de lazer do município de Guarulhos. Em cada parque foi observado a existência de estacionamentos ou locais de embarque / desembarque, os acessos externos, as rampas, as escadas, os desníveis, a existência de pisos táteis de alerta e de direção, sinalização em braille, mobiliário, bebedouro, comunicação sonora entre outras variáveis, além do registro fotográfico. Ao término das visitas técnicas, as informações coletadas em campo foram sistematizadas e, baseada na legislação vigente foi elaborado o diagnóstico da acessibilidade geral e específico de cada parque.
RESULTADOS:
A maior parte das suas instalações e mobiliários urbanos do Parque do Trote é adaptada. Dentre as variáveis de acessibilidade verificadas os pontos fracos foram a ausência de sinalização em Braille, de comunicação sonora e de pessoas qualificadas para o atendimento direto para esse público. Foi verificada a necessidade de adequar alguns espaços para os deficientes visuais, pois a sinalização tátil e de alerta não é contínua, diminuindo a autonomia e segurança. No Parque do Ibirapuera ficou evidente a ausência de espaços adaptados de qualidade. Devido a sua grande dimensão, a demanda alta e por possuir espaços culturais importantes esperava-se encontrar as variáveis de acessibilidade aplicada nos principais atrativos turísticos. A impressão que ficou foi a de que não há um projeto de acessibilidade, mas sim, uma série de adaptações mal realizadas, pois todas as variáveis de acessibilidade verificadas possuíam alguma falha. O Bosque Maia, apesar de possuir muitos atrativos e ser muito frequentado, ele não está adaptado as pessoas PNEs. O grau de conformidade com as normas obrigatórias de acessibilidade não foi atendido em nenhuma variante de acessibilidade. O único espaço verificado destinado aos PNEs foi a presença de sanitários, mas com condições mínimas de conforto e segurança.
CONCLUSÃO:
Chega-se a conclusão que o modelo atual de gestão dos parques urbanos, considerados atrativos turísticos, está voltada a atender o público sem algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida. Estes locais necessitam de uma reestruturação para que os seus espaços se tornem adaptáveis. É necessário um projeto que seja elaborado por uma equipe técnica e também com participação de PNEs, pois atenderia as expectativas desse público e a tendência de falhar em alguma variante de acessibilidade não existiria. Esta adequação atenderia à legislação pertinente e seria vista como uma ação de responsabilidade social, oferecendo segurança, autonomia, comodidade e bom atendimento a esse público. Há um grande desafio para o estabelecimento de uma cultura de acessibilidade, pois é necessário que os cidadãos tenham conhecimento, respeito, valorização e compreendam a problemática da acessibilidade e que estejam capacitados para poder atuar em prol dos PNEs. Estruturar os parques urbanos para atender ao segmento de portadores de deficiência ou mobilidade reduzida constitui um desafio e pode contribuir para a abertura de novas perspectivas para a construção de uma sociedade mais humana e consciente.
Palavras-chave: Parques públicos, Acessibilidade, Turismo.