63ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 2. Biologia Geral - 1. Biologia da Conservação

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE FUNGOS MICORRÍZICOS ASSOCIADOS ÀS RAÍZES DE Epidendrum nocturnum JACQ. e Cyrtopodium saintlegerianum HORT.

Kellen Cristhina Inácio Sousa 1,2 Amanda Abdallah Chaibub 2 Aldeíde Dias de Sousa 2 Rejane Guimarães de Araújo 2 Acássio Coelho Eugênio 2 Leila Garcês de Araújo 2,3

1. Mestranda em Genética e Melhoramento de Plantas, Escola de Agronomia, Universidade Federal de Goiás. 2. Laboratório de Genética de Microrganismos, Instituto de Ciências Biológicas, UFG. 3. Profa. Dra./ Orientadora - Laboratório de Genética de Microrganismos, ICB, UFG.

INTRODUÇÃO:

As orquídeas apresentam um elevado interesse comercial pela beleza e diversidade de suas flores. No Cerrado, as orquídeas estão entre as cinco famílias mais diversas e representativas da flora. Os gêneros mais significativos são Cattleya Lindl., Catassetum Rich. Kunth., Epidendrum Lindl. e Cyrtopodium Rchb. A espécie Epidendrum nocturnum Jacq. pode ser rupícola, epífita ou tererestre, apresenta flores brancas e caule ereto. Cyrtopodium saintlegerianum Hort., é geralmente encontrada como epífita, apresenta pseudobulbos e flores amarelas com pigmentos em marrom. Estas espécies são encontradas difundidas em regiões de clima quente e úmido, como por exemplo, o Cerrado. Na natureza, um grande número de plantas possui associações com fungos micorrízicos visando aumentar a absorção de nutrientes, água e sais minerais. As orquídeas epífitas e rupícolas, por possuírem hábitos aéreos, necessitam do fungo micorrízico tanto para a germinação de sementes, quanto para o desenvolvimento das plântulas. Os fungos micorrízicos que colonizam as raízes de orquídeas pertencem ao grupo dos rizoctonióides. Os mais comuns em orquídeas brasileiras são Ceratorhiza sp., Epulorhiza sp. e Rhizoctonia sp. O objetivo do presente trabalho foi realizar a caracterização morfológica dos fungos micorrízicos de Epidendrum nocturnum Jacq. e Cyrtopodium saintlegerianum Hort.

METODOLOGIA:

Os fungos micorrízicos foram isolados de raízes de três plantas, tanto para a espécie E. nocturnum, quanto para C. saintlegerianum. A coleta do material vegetal foi realizada na Reserva Biológica Prof. José Ângelo Rizzo, Mossâmedes, GO. Para cada espécie de orquídea foram identificados cinco isolados fúngicos pertencentes ao grupo dos rizoctonióides utilizando a metodologia de Currah e Zelmer (1992). Foram avaliadas as características morfológicas qualitativas como presença ou ausência de micélio aéreo, formato da margem, aspecto do micélio e cor da colônia para todos os isolados. Para E. nocturnum, três isolados de Epulorhiza sp. (isolados En02, En03 e En05) e dois de Rhizoctonia sp. (isolados En07 e En24), e para C. saintlegerianum, quatro isolados de Rhizoctonia sp. (isolados Cs02, Cs10, Cs18 e Cs21) e um de Epulorhiza sp. (isolado Cs16). Avaliou-se a morfologia dos isolados em placas de Petri contendo 20 ml de meio BDA (Batata-Dextrose-Agar) e em meio CMA (Caldo de milho-Agar), em delineamento inteiramente casualizado, no esquema fatorial com cinco repetições para cada isolado. As placas foram incubadas no escuro contínuo a 26 °C ± 2. As características foram avaliadas visualmente após 72 e 336 horas.

RESULTADOS:

Todos os isolados micorrízicos de E. nocturnum, apresentaram micélio abundante e cotonoso. A margem das colônias é regular, exceto para a Rhizoctonia sp. (isolado En07). A coloração dos isolados En02, En03 e En05 de Epulorhiza sp. foi branca na avaliação após 72 horas e branco-rosada às 336 horas. Os isolados En07 e En24, ambos de Rhizoctonia sp. mostraram cor creme. Os isolados Cs02, Cs10, Cs18 e Cs21 (todos de Rhizoctonia sp.), oriundos da espécie C. saintlegerianum produziram micélio aéreo não cotonoso, por outro lado o isolado Cs16 (Epulorhiza sp.) apresentou micélio abundante e cotonoso. A margem de todas as colônias foi regular. Os isolados Cs02, Cs18 e Cs21(todos de Epulorhiza sp.) foram de cor creme, enquanto Cs10 (Rhizoctonia sp.) e Cs16 (Epulorhiza sp.) apresentaram cor rosada e branca com tons cinza, respectivamente. Observou-se que a identificação baseada nas características microscópicas como constrição da hifa na região do septo, ramificação logo após o septo e a formação de células monilióides, realizada em conformidade com Currah e Zelmer (1992) corrobora a avaliação morfológica visual. Houve predominância do gênero Epulorhiza sp., que é o fungo micorrízico mais encontrado em associação com orquídeas epífitas e rupícolas.

CONCLUSÃO:

Os fungos micorrízicos encontrados em raízes de E. nocturnum e C. saintlegerianum, apresentaram características morfológicas qualitativas que os incluem no grupo dos rizoctonióides.

Palavras-chave: características morfológicas, simbiose, orquídeas no Cerrado.