63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
A FAMÍLIA FRENTE A VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA: PERCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Leonora Rezende Pacheco 1
Priscila França Zanelatto 1,2
Luana Cássia Miranda Ribeiro 1
Dalva Marques da Costa 1,2
Marcelo Medeiros 3,1
1. Faculdade de Enfermagem - UFG
2. Secretaria Municipal de Saúde - Goiânia/GO
3. Prof. Dr./ Orientador
INTRODUÇÃO:
Anualmente, no Brasil, 12% dos 55,6 milhões de crianças menores de 14 anos são vítimas de alguma forma de violência doméstica. Isso significa que 18 mil crianças são agredidas por dia, 750 por hora e 12 por minuto (CECOVI, 2009). Uma das formas de violência mais frequente contra a criança é aquela que ocorre no ambiente intrafamiliar, constituindo-se como uma habitual e grave violação de direitos, por negar-lhes a liberdade, a dignidade, o respeito e a oportunidade de crescer e se desenvolver em condições saudáveis (PESCE, 2009). Com o intuito de contribuir para a produção do conhecimento e aprofundamento da compreensão/discussão sobre uma importante faceta da violência, bem como aclarar algumas questões referentes à violência contra a criança, foi proposta a presente investigação com o seguinte objetivo analisar o papel da família frente a violência contra a criança, sob a perspectiva dos profissionais da estratégia saúde da família.
METODOLOGIA:
Pesquisa qualitativa desenvolvida junto a equipes da estratégia saúde da família do Distrito Sanitário Leste de Goiânia no ano de 2009. Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada com os profissionais das equipes e por observação com registros anotados em um diário de campo. As entrevistas foram gravadas e o tratamento do material coletado baseou-se na modalidade temática da análise de conteúdo. Todos os sujeitos assinaram o “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” e o projeto foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica Humana e Animal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás.
RESULTADOS:
Participaram do estudo 18 sujeitos, entre agentes comunitários de saúde, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e médicos. Das falas dos participantes emergiram três categorias temáticas: “tradição familiar”, “tradição da violência” e “gênero”. As falas que contemplaram a primeira categoria foi referente à família, envolvendo aspectos de ausência dos pais na criação dos filhos, desestrutura familiar, vícios e, contrapondo os pontos negativos, a importância dos vínculos familiares na formação dos indivíduos mais conscientes. Já na segunda categoria os profissionais apontaram as lesões físicas e psicológicas derivadas dos atos violentos cometidos contra as crianças, além da repercussão que esses traumas podem causar, o que influencia diretamente na perpetuação da violência. E ainda, na terceira categoria foram ressaltados os aspectos referentes ao gênero, à força física propriamente dita, ao papel do pai na sociedade atual, além do silêncio da mãe mediante violência contra os filhos, demonstrando conivência com o fato.
CONCLUSÃO:
Dessa forma e mediante os resultados apresentados, conclui-se que a família tem um papel primordial na formação dos indivíduos, ela se apresenta como característica definidora no desenvolvimento de pessoas com perfil acentuado para comportamentos violentos ou não. Além disso, fica evidente também a necessidade de investir em aprimoramento dos profissionais de saúde para enfrentar as questões referentes a violência e a importância do estímulo a vínculos familiares fortalecidos.
Palavras-chave: Violência, Programa Saúde da Família, Criança.