63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 4. Farmacotecnia
DESENVOLVIMENTO DE NANOPARTÍCULAS DE PLA CONTENDO ZIDOVUDINA E AVALIAÇÃO DO PERFIL DE LIBERAÇÃO IN VITRO
Luciana Facco Dalmolin 1
Diani Meza Casa 1
Ana Cristina de Mattos 1
Rubiana Mara Mainardes 2
1. Depto. de Farmácia, Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO
2. Profa. Dra./Orientadora – Depto. de Farmácia, Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO
INTRODUÇÃO:
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) constitui uma das doenças infecciosas mais graves e um dos grandes desafios para a saúde pública mundial. A Zidovudina (AZT) foi o primeiro anti-HIV aprovado para uso clínico e ainda é amplamente utilizado, em associação com outros antirretrovirais. O AZT é absorvido 30 a 90min após administração oral, mas sofre significativo metabolismo pré-sistêmico, resultando em biodisponibilidade de 60-70% e tempo de meia vida de apenas 1h. Assim frequentes administrações do fármaco são requeridas, resultando em efeitos adversos, sendo o principal a toxicidade hematológica, dose-dependente. O uso de um sistema de liberação prolongada para o AZT representa uma estratégia para vencer os efeitos colaterais. Dentro do contexto da nanotecnologia farmacêutica, as nanopartículas poliméricas se mostram como eficientes dispositivos para promover liberação controlada de fármacos, em que a velocidade da liberação do mesmo depende de fatores tais como, tamanho das partículas, método de preparação e tipo de polímero utilizado. A avaliação do perfil de liberação de um fármaco in vitro, é um requisito muito importante no conjunto de avaliações de um sistema de liberação controlada. A partir desse perfil pode-se supor como o sistema vai ser comportar in vivo.
METODOLOGIA:
As nanopartículas de PLA (Ácido Poli-lático) foram preparadas pela técnica da dupla emulsão evaporação do solvente. O PLA ou PLA-PEG (Polietilenoglicol) dissolvido em diclorometano foi emulsionado por sonicação em PVA 0,2% (Álcool Poli-vinílico) contendo AZT. Essa primeira emulsão A/O obtida foi re-emulsionada em PVA 1%, resultando na emulsão múltipla (A/O/A). Em seguida, a emulsão foi submetida à evaporação do solvente orgânico por meio de rotaevaporador sob vácuo. As nanopartículas foram isoladas do fármaco não-encapsulado por ultracentrifugação à 14.000 rpm à 4°C. Para a determinação do perfil de liberação in vitro, as nanopartículas foram incubadas em tubos contendo 2 mL de água destilada e mantidas sob agitação em estufa à 37°C. Em intervalos de tempo pré-determinados (até 72h) os tubos foram centrifugados e o sobrenadante foi retirado e analisado por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. As nanopartículas foram ressuspensas em 2 mL de água destilada e incubadas até o próximo tempo de coleta. Construiu-se uma curva em metanol:água (25:75) com diferentes concentrações de AZT (µg/mL) para padronizar sua quantificação. As condições cromatográficas utilizadas foram as estabelecidas pela Farmacopéia Americana. As nanopartículas foram caracterizadas em função do seu tamanho.
RESULTADOS:
Os resultados indicaram que o método utilizado para o preparo das nanopartículas foi adequado, pois obteve-se partículas de tamanho nanométrico (PLA - 259,5nm e PLA-PEG – 261,1nm). A curva analítica foi construída com base na variação da área sob a curva do pico característico do fármaco pela sua concentração e foi utilizada para a análise da quantidade de fármaco liberado por unidade de tempo. Os resultados indicaram linearidade no intervalo de concentração utilizado (50-500ng/mL - coeficiente de correlação 0,9993), garantindo confiança no uso da equação da reta. Os resultados, após 72h de ensaio demonstraram que houve um pronunciado prolongamento do tempo de liberação do fármaco, principalmente a partir das nanopartículas de PLA. Observou-se uma liberação inicial rápida nas duas primeiras horas do ensaio seguida por uma fase mais lenta e prolongada. Analisando a estrutura da superfície das nanopartículas de PLA, obviamente, a natureza menos hidrofílica das cadeias terminais do PLA na superfície restringiu a hidratação inicial da matriz polimérica, resultando em uma liberação mais lenta do fármaco. Por sua vez, o PEG apresentando característica mais hidrofílica, permitiu uma maior molhabilidade das partículas, resultando em liberação mais rápida do fármaco.
CONCLUSÃO:
Nanopartículas de PLA ou PLA-PEG foram desenvolvidas para veiculação de AZT com o objetivo de manter um perfil de liberação lento do fármaco e com isso contribuir para diminuir a sua toxicidade. Os resultados dos testes in vitro demonstraram que houve um pronunciado prolongamento no tempo de liberação do fármaco contido nas nanopartículas. As nanopartículas compostas por PLA apresentaram tempo de liberação mais prolongado do fármaco em relação às compostas por PLA-PEG. Os resultados mostram que as características físico-químicas do polímero influenciam no tempo de liberação do fármaco. Nanopartículas poliméricas constituem potenciais sistemas coloidais para veiculação de AZT.
Palavras-chave: Nanopartículas, Zidovudina, Liberação controlada.