63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 7. Saúde Materno-Infantil |
CONTATO PELE-A-PELE DE RECÉM-NASCIDOS INTERNADOS EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: É SEGURO PRATICAR A POSIÇÃO CANGURU NA UTIN? |
Maísa Renata Pires de Faria 1 Fernando Lamy Filho 2,3 Zeni Carvalho Lamy 1,3 Silvia Helena Cavalcante de Sousa 1 Julia Brandão De Paiva Teixeira Custódio 1 |
1. Depto. de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Maranhão – UFMA 2. Prof. Dr. Me. / Orientador – Depto. de Ciências da Saúde – Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ 3. Instituto Fernandes Figueira-FIOCRUZ |
INTRODUÇÃO: |
A posição canguru consiste em manter o recém nascido de baixo peso, em decúbito prono, na posição vertical, contra os seios da mãe. Seus membros superiores e inferiores devem estar fletidos e aduzidos, com a cabeça lateralizada, em contato pele-a-pele contínuo. Apesar de a literatura mostrar muitas vantagens quanto à exposição de um RN estável, internado em unidades semi-intensivas à essa posição, até o momento pouco se sabe sobre a segurança de colocar bebês internados em uma unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) nessa posição. OBJETIVO: Avaliar a segurança da posição canguru em RNs internados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). |
METODOLOGIA: |
Estudo descritivo e analítico transversal que estudou Recém-Nascidos Internados nas unidades neonatais dos Hospitais Universitário-UFMA, Maternidade Marly Sarney e Maternidade Benedito Leite, de agosto de 2009 a julho de 2010. Foram estudados RNs com peso entre 1200 e 1800 gramas; com tempo de internação igual ou superior a quatro dias na UTIN e que foram submetidos à posição canguru durante a internação em UTI. Os RNs eram colocados em posição canguru duas vezes ao dia com duração de uma hora cada intervenção, período durante o qual eram tomadas as medidas dos dados fisiológicos. Foram observados episódios de bradicardia (freqüência cardíaca menor que 120bpm), de hipertermia ( > 37º C), de hipotermia ( <36°C) e de dissaturação de oxigênio (< 85%) nessa posição. Dados perinatais foram coletados em ficha específica, com as mães ou diretamente dos prontuários. As variáveis consideradas como possível risco para os episódios de bradicardia e de hipotermia foram: apgar 5min. episódios de hipotermia, estado nutricional ao nascimento, idade gestacional, parto vaginal, peso de nascimento e sexo masculino. Foi testado a relação dessas variáveis com os episódios de bradicardia, hipotermia e de dissaturação, pelo teste de regressão linear do programa Epiinfo. |
RESULTADOS: |
Fizeram parte do estudo 48 RNs que realizaram a posição canguru. Quatorze recém-nascidos (29%) foram perdidos por dificuldades nas medições dos parâmetros fisiológicos. Foram levados para análise final 34 recém-nascidos. As características perinatais dos RNs que foram analisadas são: Apgar do 1o min, Apgar do 5o min, tamanho para idade gestacional, sexo, peso de nascimento, tipo de parto, tipo de alimento recebido pelo RN. A média da idade gestacional foi 31,7 (± 2,60) semanas. A maioria dos recém nascidos (54,55%) não apresentou nenhum episódio de bradicardia, entretanto 45,45% apresentaram pelo menos um episódio. Em relação à hipotermia, 81,82% dos recém nascidos não apresentou nenhum episódio. Não houve episódios de dissaturação de oxigênio. As variáveis consideradas como possível risco para os episódios de bradicardia e de hipotermia não mostraram associação estatisticamente significante com mesmos. |
CONCLUSÃO: |
O presente estudo demonstrou, para a amostra utilizada de bebês entre 1200 e 1800g de peso de nascimento, estáveis clinicamente, mas ainda internados na UTIN, que a colocação na posição canguru é segura para a grande maioria dos recém-nascidos. Isto, porém, não dispensa o uso de critérios de estabilidade clínica rigorosos para sua indicação e uma monitorização intensiva durante o procedimento, para que sejam evitados episódios esporádicos de alterações dos parâmetros fisiológicos. |
Palavras-chave: Segurança, posição canguru, UTIN. |