63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional
CERRADO: UMA ÁREA DE TRANSIÇÃO NA SERRA DO OURO E SANTA ISABEL, NO PROLONGAMENTO DA SERRA DO ESPINHAÇO, ENTRE A CAATINGA DE GUANAMBI E CAETITÉ - BA
Ivanilda Almeida Soares Bomfim 1
Jane Mary Lima Castro 2
1. Colégio Estadual Governador Luiz Viana Filho
2. Colégio Municipal Professora Josefina Teixeira de Azevedo
INTRODUÇÃO:
O cerrado é o segundo maior domínio vegetal do Brasil, ocupando áreas de quase todas as regiões do país, embora haja predomínio da vegetação no Centro-Oeste, a sua extensão é ultrapassada somente pela Floresta Amazônica e, pertence à classificação do bioma savana. Ross (2005) define cerrado como floresta-ecótono-campo, apresentando várias fisionomias: cerradão, onde predomina as árvores - cerrado, onde as árvores se encontram distantes uma das outras, campo cerrado, campo limpo e campo sujo, onde a predominância vegetal cabe á biomassa arbustiva e herbácea.
O domínio paisagístico do cerrado, até final da década de 1990 era considerado uma área inóspita e com insignificante biodiversidade, hoje, sabe-se que é uma das regiões de maior diversidade do planeta, com coberturas vegetais endêmicas variando desde campos com vegetação rasteira até florestas, como o cerradão.
Nesse sentido, o presente estudo surgiu da necessidade de conhecer e compreender a realidade natural do Cerrado, uma faixa de vegetação de transição localizada na Serra do ouro e Santa Isabel, prolongamento da Serra do Espinhaço, entre a Caatinga de Guanambi e Caetité. Fez-se necessário um diagnóstico e levantamento das áreas, conhecer e analisar essa área nativa de vegetação endêmica, no meio do sertão nordestino. Essa pesquisa foi realizada por alunos da 2º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Governador Luis Viana Filho, em Guanambi/BA.
METODOLOGIA:
Na realização dessa pesquisa de iniciação científica, enfocando o estudo geográfico e ambiental da vegetação cerrado, fez-se necessário um estudo bibliográfico com debate sobre a configuração natural dos cerrados, bem como estudo cartográfico com mapeamento dos biomas brasileiros e baianos destacando o cerrado e a caatinga, leitura e interpretação de mapas em diferentes escalas, análise da carta topográfica de Guanambi localizando o local em estudo.
Também foi realizada palestra sobre o cerrado na Bahia; observação sistemática; aula de campo e registro fotográfico para analisar a distribuição e a configuração natural do cerrado brasileiro, incluindo suas várias fisionomias, relacionando as coberturas vegetais, fauna, clima, relevo, solos e recursos hídricos do bioma com a realidade da faixa de cerrado entre Caetité e Guanambi; confecção de painel com fotos da aula de campo; produção de vídeo, elaboração de slides, jornal mural sobre notícias do cerrado e edição de um livro-álbum com a vegetação da área pesquisada.
Para encerramento foram realizadas oficinas com comidas típicas do Cerrado regional, e a sistematização da aprendizagem com a exibição de vídeo e exposição dos trabalhos.
RESULTADOS:
A área da vegetação em estudo localiza-se nas Serras do Ouro e Santa Izabel, prolongamento da Serra do Espinhaço, no município de Caetité-BA, a leste-nordeste de Guanambi.
Segundo Ab’Saber (2003), o cerrado é um domínio vegetal nativo do Brasil central, mas surgem manchas de maiores ou menores proporções em outras regiões. Nesse contexto, apesar de está localizado no Sertão Nordestino, com vegetação predominantemente da caatinga, há uma faixa de vegetação divisória entre a caatinga do município de Guanambi e Caetité, devido está centralizada em região de sazonalidade climática úmida, apesar do clima característico ser o semi-árido, em local de alta altitude, com regiões de nascentes, constatou-se que é uma área endêmica dentro da caatinga, com características de floresta-ecótono-campo, (Ross, 2005) sendo campo sujo, campo cerrado na parte de encostas e vertentes, e cerradão em área de nascentes, onde há reserva de preservação.
Os resultados da pesquisa revelaram que em decorrência do desmatamento, para dar lugar a agropecuária, o bioma sofreu impactos ambientais como erosão do solo, assoreamento dos rios e destruição das matas de galeria, já a área de cerradão não sofreu degradação.
Constatou-se ainda, o extrativismo vegetal do pequi, mangaba, gabiroba, barbatimão, araticum, sucupira como atividade de subsistência . Durante a aula de campo, observou-se que nessa área vegetal nascem dois rios intermitentes que passam pela cidade de Guanambi.
CONCLUSÃO:
A construção do espaço geográfico se faz no processo de apropriação contínua da natureza, pela sociedade em movimento, dessa forma, o ensino da geografia contribui para revelar os vários processos que passam a vegetação, sobretudo o cerrado baiano, através da forma de viver e da relação da sociedade com a natureza.
Na Bahia, a área de predominância do cerrado é a porção ocidental, na região oeste, no entanto, aparecem manchas por diversas localidades como é caso da área em estudo que situa na região sudoeste do Estado. Por se destacar entre a extensão da caatinga, fez se necessário um estudo para analisar a distribuição natural desse cerrado.
A presente pesquisa procurou fazer uma análise das transformações ocorridas nessa vegetação, correlacionando a distribuição e biodiversidade do bioma, com a caatinga, vegetação predominante nessa porção da Bahia, assim como compreender e avaliar os processos de expansão agrícola possibilitando ao aluno, identificar o cerrado como divisor da caatinga entre Guanambi e Caetité, reconhecer as causas dos impactos ambientais causados nessa vegetação e as razões pelas quais ela aparece nessa região. Portanto, o aluno foi visto como um sujeito social, pesquisador atuante na construção do seu conhecimento, uma vez que assimilou o tema em estudo, ao realizar as atividades propostas com ótimo desempenho.
Palavras-chave: Cerrado, vegetação, área de transição.