63ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 6. Recursos Florestais e Engenharia Floresta |
DETECÇÃO DE TANINOS EM MADEIRAS E CASCAS DE ESPÉCIES FLORESTAIS DA AMAZÔNIA POR METODOLOGIA NÃO DESTRUTIVA |
Cristiano Souza do Nascimento 1 Maria de Jesus Coutinho Varejão 2 Niro Higuchi 3 |
1. Doutorando/PPGCFT-INPA 2. Dra./Co-orientadora - Laboratório de Química da Madeira/CPPF/INPA 3. Dr./Orientador - Laboratório de Manejo/CPST/INPA |
INTRODUÇÃO: |
O conhecimento da natureza química de espécies florestais possibilita o uso de seu potencial para diversos fins, principalmente no que se refere ao tipo e quantidade de extrativos. Dentre estes, os taninos, podem alcançar altas concentração na casca e no cerne de algumas espécies. São classificados em hidrolisáveis e condensados. Estes podem ser utilizados na elaboração de diversos produtos: manufatura do couro; indústria de cosméticos e fonte de fenol para adesivos. Os taninos também têm efeito terapêutico, entretanto quando associado a outros compostos naturais podem ser nocivos a vários organismos biológicos entre eles o homem. A caracterização dos taninos é baseada em métodos convencionais. A técnica do infravermelho próximo (FT-NIR) não necessita da destruição das amostras e várias são as vantagens em relação a técnicas convencionais. As analises são rápidas, sem preparo prévio da amostra, não utiliza reagentes químicos e, não gera resíduos. Somada à calibração multivariada, a técnica de FT-NIR é capaz de prever múltiplos resultados simultaneamente mantendo a mesma precisão, eficiência e a confiabilidade das metodologias convencionais. O presente trabalho teve como objetivo desenvolver modelo para predição de taninos em madeira e casca de espécies florestais da Amazônia. |
METODOLOGIA: |
A caracterização dos taninos de 57 amostras de cascas e madeiras de espécies florestais foram quantificados por metodologia convencional utilizando como padrão para taninos condensados a catequina (Merk) e taninos hidrolisáveis o ácido gálico (Vetec). A partir dos extratos aquosos procedeu-se a análise com a reação com Cloreto férrico, Sulfato ferroso amoniacal e gelatina. Espectros na região do infravermelho próximo foram obtidos das amostras em sistema FT-NIR Antaris II Thermo Scientific. Os espectros foram coletados utilizando software de análise RESULTTM na região entre 10.000 e 4.000 cm-1, com resolução de 8 cm-1 e 96 varredura (16 scan) por espectro para cada amostra. As calibrações foram construídas para os dois tipos de taninos (condensados e hidrolisáveis) e amostras sem a presença de taninos no software TQ AnalystTM. O modelo foi desenvolvido utilizando uma classificação por análise de discriminante. |
RESULTADOS: |
A técnica FT-NIR é baseada na quimiometria, e isso permite estabelecer uma correlação entre os espectros e características químicas das amostras sem a necessidade de destruição (metodologia não destrutiva). O estudo apresentou a hipótese de modelo de base ampla para predição (classificação) dos taninos em espécies florestais da Amazônia. O resultado da modelagem utilizou 46 amostras para calibração, 12 para validação e 1 outlier, sendo produzidas 10 análises de componentes principais (PCA) com 99,9% da variabilidade descrita. Neste modelo de predição realizou-se a análise em 20 novas amostras de cascas e madeira. Os resultados mostram que 11 amostras foram classificadas no grupo de taninos condensados, das quais, 7 amostras de casca e 4 de madeira. Para taninos hidrolisáveis foram detectadas 2 amostras (casca e madeira). As 7 amostras restantes foram classificadas no grupo sem taninos. Sabe-se que no ritidoma (casca) a presença de compostos fenólicos é mais freqüente que no lenho, daí a maior freqüência de taninos condensados nas amostras de casca. As ocorrências de taninos hidrolisáveis estão associadas a outras partes dos vegetais como o fruto, semente e folhas, contudo, certas espécies florestais se especializam na biosíntese por necessidade fisiológica e/ou de defesa. |
CONCLUSÃO: |
O modelo desenvolvido com a técnica FT-NIR é um recurso prático e promissor para detecção de taninos em espécies florestais da Amazônia. Na análise quimiométrica verificou-se que existe diferença espectral entre os diferentes materiais quando na classificação de taninos condensados e sem taninos. Este modelo pode ser aplicado para predição e identificação corretamente novas amostras. Entretanto, sugere-se a inclusão de novas variáveis no banco de dados para que o modelo se torne mais robusto e completo. |
Palavras-chave: Taninos vegetais, Madeiras da Amazônia, FT-NIRS. |