63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 2. Inspeção de Produtos de Origem Animal
CAMPYLOBACTER SPP. EM AMBIENTE DE ABATE DE AVES DO ESTADO DE GOIÁS: IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DA SUSCETIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS
Thatyana Lacerda de Almeida 1
Cintia Silva Minafra e Rezende 1
1. Graduanda- escola de agronomia e engenharia de Alimentos- UFG
2. Profa.Dra./Orientadora-escola de veterinária e zootecnia - UFG
INTRODUÇÃO:
Aves de corte estão entre os principais carreadores de patógenos em abatedouros e apresentam alta correlação com a contaminação por Campylobacter spp.
A campilobacteriose tem sido apontada com um dos relatos zoonóticos mais freqüentes, associados a doenças de veiculação alimentar nos cinco últimos anos, sendo que Campylobacter jejuni é o patógeno de maior ocorrência. ( WESTRELL et al., 2009).
Este patógeno compõe a lista dos microrganimos relacionados à veiculação de doenças por alimentos, constituem severidade para a saúde pública e à segurança alimentar, sendo preocupante para a avicultura mundial e para órgãos com ações diretas à saúde pública (HARIHARAN et al., 2004).
Outro fator importante e preocupante é o aparecimento de cepas de Campylobacter spp. resistentes a diversos princípios antimicrobianos, o que ressalta a urgência de vigilância e monitoramento com ação precípua de assegurar a qualidade dos alimentos associada aos preceitos da saúde pública.
Considerando o exposto, desenvolveu-se o presente estudo com o objetivo de verificar a ocorrência de Campylobacter spp em ambientes de abatedouros de aves, pelo isolamento convencional bacteriano em contraste pela técnica de PCR em tempo real e a suscetibilidade das cepas isoladas frente a antimicrobianos.
METODOLOGIA:
Foram analisadas 120 amostras de ambiente de três frigoríficos distintos
(A, B e C) do estado de Goiás, compostas por caixas de transporte de frangos vivos e calha de evisceração. As amostras foram colhidas dentro dos abatedouros, e encaminhadas imediatamente ao Laboratório de Biologia Molecular do Centro de Pesquisa em Alimentos da Universidade Federal de Goiás, para que as análises fossem efetuadas..
Para o isolamento convencional bacteriano (ICB), adotou-se a metodologia segundo a ISO 10272-1 (2006), que determina a execução das fases de enriquecimento, plaqueamento diferencial, seleção de colônias características, confirmação e testes bioquímicos.
Na análise de PCR em tempo real, seguiu as determinações de STERN et al. (2001) e WANG et al. (1997),utilizando um terceiro oligonucleotídeo, a sonda TaqMan e o equipamento Step One Plus.
Quanto à suscetibilidade aos antimicrobianos, a metodologia utilizada foi a preconizada por Kirby-Bauer, (Bauer et.al., 1966), e a verificação referiu-se somente às cepas isoladas pelo ICB. As cepas isoladas foram testadas quanto aos seguintes princípios: ácido nalidíxico, cefalotina, cefoxitina, cefotaxima, eritromicina, enrofloxacin, sulfazotrim e cloranfenicol.
RESULTADOS:
Ao avaliar os lotes de frangos de corte produzidos e abatidos no estado de Goiás, revelou uma positividade para Campylobacter spp. da ordem de 50% dos lotes analisados pelo isolamento bacteriano convencional (ICB).Também pode-se verificar que quando o ensaio analítico referiu-se à PCR em tempo real (PCR tr) o percentual encontrado foi 83,33%.
Subdividindo os lotes de frangos em caixas de frango vivos e calhas de evisceração, pode ser observar que das 60 amostras de caixas de frango vivos, 16,77% mostraram-se positivas para Campylobacter spp. quando a técnica empregada foi ICB e 23,33% por PCR tr. Para as 60 amostras de calha de evisceração, 15% foram positivas para ICB e 20% para PCR tr.
Quanto ao perfil de susceptibilidade, 100% das cepas foram sensíveis aos antibióticos da classe das cefalosporinas, o que traduz tranqüilidade à população humana, entretanto 36,84% das cepas foram resistentes aos antibióticos da classe das fluoroquinolonas, o que não condiz com um resultado desejado, já que esse tipo de antibiótico são os eleitos para as principais ocorrências médicas. .
Os resultados geram preocupação, uma vez que havendo aves portadoras desse patógeno em plantas processadoras podem decorrer em contaminação do produto acabado e riscos para a saúde pública.
CONCLUSÃO:
Considerando os resultados do presente estudo, é importante salientar que as medidas de monitoramento e segurança aplicadas ao controle de Campylobacter spp. em abatedouros de outros países, devem ser entendidas como necessárias no Brasil. Pode ser concluir que apesar das práticas higiênico-sanitárias das indústrias e das integrações, o percentual de 50% foi o menor quanto à presença de Campylobacter spp em lotes de frangos abatidos e com carne destinada ao mercado interno e externo. Das amostras de ambiente analisadas, o menor percentual de positividade relacionou-se a 15,83%, sendo provável carreador do agente para a carne processada e mesmo que em menor grau, a resistência a antimicrobianos de diferentes classes demostra necessidade de maior estudo para cepas isoladas de alimentos ou de ambientes em que as matrizes animais são abatidas e seus produtos elaborados.
Palavras-chave: Ambiente de abate, Campylobacter spp, PCR em tempo real.