63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
DIVERSIDADE DE MORCEGOS (MAMMALIA: CHIROPTERA) DE NOVA MARINGÁ, MATO GROSSO
Elizabete Carolina Pinheiro Zaratim 1
Thaís da Costa Tavares 1
Teresa Cristina da Silveira Anacleto 2
1. Graduanda - Depto. de Ciências Biológicas - UNEMAT- Nova Xavantina/MT
2. Graduanda - Depto. de Ciências Biológicas - UNEMAT- Nova Xavantina/MT
3. Profª. Dra./Orientadora - Depto.de Ciências Biológicas - UNEMAT- Nova Xavantina/MT
INTRODUÇÃO:
A ordem Chiroptera é a segunda ordem mais representativa do país em diversidade de espécies. No Brasil são descritas nove famílias, 64 gêneros e 167 espécies. No Cerrado os morcegos constituem o grupo mais representativo em número de espécies (n=81), com destaque para a família Phyllostomidae que compreende 50% das espécies de morcegos do bioma (n=41). Os morcegos desempenham importante papel na dinâmica do ecossistema, são polinizadores, dispersores de sementes e também controlam as populações de insetos. Os morcegos são bons indicadores de qualidade ambiental, sendo importantes em estudos relacionados à fragmentação de hábitat. O presente trabalho visou conhecer a diversidade de morcegos em uma área de Nova Maringá, Mato Grosso.
METODOLOGIA:
A área estudada é uma transição entre Cerrado e Amazônia, uma propriedade particular (Fazenda Cachoeira do Roncador), no município de Nova Maringá (S 13°27’21.2” W 57°16’12.6”). As coletas foram realizadas em duas campanhas, uma em novembro/2008 (início da estação chuvosa) e outra em março/2009 (final da estação chuvosa), durante dez dias de coletas, em unidades de paisagem distintas. Foram utilizadas cinco redes de neblina (7m de largura x 2,5 m de altura, malha 16 mm e 4 bolsas), dispostas em trilhas já existentes na propriedade. Foram amostrados três pontos de coletas (área alterada, mata ciliar próximo ao rio e mata ciliar próximo ao pasto). As redes permaneceram três dias em cada ponto abertas das 19:00 às 24:00 horas, totalizando um esforço de 275 redes/hora nas duas campanhas. Os morcegos coletados foram identificados, fotografados, medidos e soltos. A nomenclatura das espécies segue WILSON & REEDER (2005), modificada segundo publicações mais recentes.
RESULTADOS:
Foram registrados 106 indivíduos, pertencentes a dez gêneros e 16 espécies, com predomínio da família Phyllostomidae (n=13). A dominância de Phyllostomidae quando comparada com as outras famílias é comum quando se trabalha com quiropterofauna neotropical. Carollia perspicillata (n=64) e Glossophaga soricina (n= 11) foram as espécies com maior capturabilidade (70%). Essas duas espécies possuem grande variedade alimentar e foram capturadas somente no início da estação chuvosa, provavelmente devido à maior abundância de recurso alimentar. Quando comparado o total de capturas por campanhas observa-se que a primeira campanha foi a mais abundante (n= 102), com dez espécies frugívoras. Na segunda campanha, embora ainda estivesse com chuvas ocasionais, o número de capturas foi muito menor (n= 4). É possível que o final do período de frutificação tenha interferido no sucesso de captura da segunda campanha. Dos três ambientes amostrados, na área alterada houve maior abundância de morcegos (n=43), seguida por mata ciliar próxima ao pasto (n=16). A maior riqueza foi registrada na mata ciliar transição com pasto (n= 9). Esses fragmentos de mata são utilizados pelos morcegos tanto para forragear como durante o deslocamento entre o local de abrigo e o recurso alimentar.
CONCLUSÃO:
As espécies registradas neste ecótono não possuem distribuição restrita ao bioma Cerrado ou parte dele. Dentre as espécies registradas, Artibeus obscurus, Carollia castanea, Uroderma billobatum e Rhogeessa sp., são espécies descritas para a Amazônia e as demais espécies registradas são comuns nos dois biomas. São necessárias ações de conservação das áreas de transição entre Cerrado e Amazônia Legal, garantindo a complexidade estrutural do hábitat, e conseqüentemente a manutenção das espécies animais. Desta forma, observa-se que os fragmentos florestais estão servindo de refúgio para a quiropterofauna provavelmente devido às alterações antrópicas no entorno, como as áreas de pastagens da propriedade estudada. A diferença da riqueza e abundância de morcegos entre as campanhas pode estar associada a fatores que interferem no sucesso de captura da quiropterofauna, como vento, chuva e oferta de alimento.
Palavras-chave: Ecótono, Phyllostomidae, Indicadores ambientais.