63ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia |
PRÉ-CULTIVO DE ADUBOS VERDES NA CULTURA DO TOMATE, INFLUENCIANDO O DESENVOLVIMENTO POSTERIOR DAS ALFACES CV. PIRA-VERDE E GLORIOSA CULTIVADA SOB MANEJO AGROECOLÓGICO. |
Edmilson José Ambrosano 1 Nivaldo Guirado 1 Fabrício Rossi 1 Gláucia Maria Bovi Ambrosano 2 Eliana Aparecida Schammass 3 Fábio Luis Ferreira Dias 4 |
1. Pólo Regional Centro Sul – APTA 2. Universidade de Campinas, Bioestatística-FOP 3. Instituto de Zootecnia, Bioestatística- APTA 4. Instituto Agronômico de Campinas – APTA |
INTRODUÇÃO: |
Um dos entraves da produção familiar é o equilíbrio das receitas da unidade e a busca constante na redução de custos de produção. A produção de hortaliças é uma atividade que se caracteriza pelo uso intensivo da terra e recursos naturais e requer a adoção de estratégias de manejo com enfoque agroecológico de modo a sustentar sua produção. A alface representa 50% do consumo total das hortaliças folhosas do mundo e no Estado de São Paulo ela é cultivada em mais de 6.500 hectares. A prática da adubação verde se caracteriza pelo cultivo de plantas da família das Fabaceaes (Leguminosas), com o intuito de promover uma rotação de cultivos e melhorar a fertilidade do solo e adicionar nitrogênio ao sistema por se tratar de grupo de plantas que são fixadoras biológicas de nitrogênio. Quando utilizadas consorciadas elas fornecem nitrogênio diretamente para as plantas em taxas que podem chegar a 27% de transferência. Com o intuito de avaliar a viabilidade de se aliar duas práticas utilizadas em sistemas de produção sustentáveis, durante dois ciclos da alface, o presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito do pré-cultivo de do adubo verde, na forma de cobertura morta e consorciado na cultura do tomate e seu efeito na alface cultivada em sucessão. |
METODOLOGIA: |
As alfaces cultivar Gloriosa e Pira-verde foram cultivadas em sucessão ao tomateiro em delineamento experimento de blocos casualizados, em esquema fatorial 4x2 (adubos verdes x preparados homeopáticos), com seis repetições, por dois ciclos. Os adubos verdes utilizados foram: Feijão-de-porco (Canavalia ensiformis L.), Feijão-mungo [Vigna radiata (L.) Wilczek], palha de Crotalária-júncea (Crotalaria juncea L.) e testemunha (sem adubo verde). O preparado homeopático utilizado foi o Phosphorus na CH100 e o álcool 70% como testemunha. As parcelas foram constituídas por canteiro de 1,20 m de largura e 3,60 m de comprimento. Entre agosto e dezembro de 2009 e junho e outubro de 2010 foi cultivado o tomate (cultivar Saladete DRW 3410. Os adubos verdes foram cultivados intercalarmente ao tomateiro, com duas linhas espaçadas a 0,30 m entre si, e a Crotalária-júncea foi colocada na forma de palha sobre o canteiro na quantidade de 5 t ha-1 de massa seca. Os tratamentos homeopáticos foram aplicados somente no primeiro ciclo, no tomateiro. Os parâmetros avaliados foram massa fresca e seca da cabeça, diâmetro, altura e número de folhas por cabeça. Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística utilizando-se do procedimento PROCMIXED do SAS 9.2 para medidas repetidas no tempo. |
RESULTADOS: |
Observou-se na alface cultivada no segundo ciclo maior massa fresca de cabeças nos tratamentos com homeopatia phosphorus para os adubos verdes crotalária-júncea, feijão-mungo e testemunha, observando-se também a superioridade da alface Gloriosa sobre a Pira-verde. Com relação ao peso seco da alface pode-se observar que houve uma queda nos pesos nos tratamentos com feijão-mungo, no primeiro ciclo de cultivo, principalmente devido ao fato desta espécie ter produzido 1300 a 1600 kg ha-1 de grãos nas parcelas sem e com homeopatia respectivamente, que deve ter exportado nutrientes que prejudicaram a alface (P<0,10). Com relação ao diâmetro das cabeças da alface o maior valor foi obtido no primeiro ciclo independente dos adubos verdes, tipo de alface e homeopatia. Observou-se também que no segundo ciclo a cultivar Pira-verde apresentou maior diâmetro que a Gloriosa, na presença da homeopatia nos adubos verdes crotalária-júncea, feijão-mungo e testemunha, indicando uma vantagem comparativa na comercialização. A mesma tendência foi observada para o número médio de folhas da alface. Trabalhos encontrados na literatura mostram a influência da espécie utilizada no consórcio e sua época de estabelecimento que podem acarretar competição, prejudicando o desenvolvimento da cultura. |
CONCLUSÃO: |
Para os parâmetros observados nas alfaces observou um prejuízo no peso seco das cabeças quando se produziu grãos de feijão-mungo consorciado com o tomate em pré-cultivo a alface no primeiro ciclo. No segundo ciclo de produção de tomate o feijão-mungo se mostrou muito susceptível ao ataque do fungo Oídio (Shaerotheca fugilinea) e devido a esse fato ele foi rapidamente cortado e o cultivo intercalar no tomate com feijão-mungo praticamente não existiu nesse ciclo. Esse fato refletiu no desenvolvimento das alfaces que no segundo ciclo não mais apresentaram o baixo desempenho dos tratamentos com feijão-mungo As espécies adubos verdes, conduzidas em pré-cultivo, bem como sua época de semeadura em relação ao estabelecimento do consórcio podem influenciar no desempenho da hortaliça. A utilização da palha como cobertura morta pode ser uma alternativa ao produtor que não domina a técnica do consorcio sem prejuízo no crescimento da hortaliça e com a grande vantagem do fornecimento do nitrogênio através da mineralização da matéria orgânica da palha da Crotalária-júncea adicionada, o que pode ocasionar queda no custo de produção com a economia na aquisição de fertilizantes nitrogenados. |
Palavras-chave: Lactuca sativa L., Práticas agroecológicas, Nitrogênio transferido da Fixação Biológica do Nitrogênio. |