63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública |
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE A SÍNDROME PÓS-POLIOMIELITE ENTRE FISIOTERAPEUTAS |
Jéssica Nathalia Soares Oliveira 1 Rodrigo Luiz Vancini 2 Luiz Fernando Peixinho-Pena 2 Marília dos Santos Andrade 2 Sandra Aparecida Benite-Ribeiro 1 Claudio Andre Barbosa de Lira 3 |
1. Setor de Fisiologia Humana, Universidade Federal de Goiás – UFG/Campus Jataí 2. Departamento de Fisiologia, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP 3. Orientador - Setor de Fisiologia Humana, Universidade Federal de Goiás – UFG/Campus Jataí |
INTRODUÇÃO: |
A síndrome pós-poliomielite (SPP) é o termo usado para descrever os sinais e sintomas, tais como perda de força muscular, a atrofia e os problemas respiratórios que podem acometer pessoas que tiveram a poliomielite paralítica. O processo é caracterizado por uma piora lenta desses sinais e sintomas sendo, portanto, uma doença neuromuscular progressiva. Quanto ao critério diagnóstico, este requer uma abordagem clínica com caráter de exclusão de outras doenças neurológicas, ortopédicas, psiquiátricas ou mesmo de consequências associadas ao envelhecimento. O tratamento da SPP deve envolver uma equipe multiprofissional e visa atenuar os sintomas e a melhorar a qualidade de vida do paciente. Um dos principais problemas no tratamento é a falta de profissionais especializados dentre eles, o fisioterapeuta. Este profissional é formado para reabilitação relacionada a diversos sistemas fisiológicos como, por exemplo, os sistemas respiratório e muscular. Estima-se que existam, no Brasil, 20 milhões de pessoas vivas que foram acometidas pela poliomielite paralítica. Estudos revelam que aproximadamente 78% dos indivíduos que possuem histórico de poliomielite podem desenvolver a SPP. Assim, a avaliação do conhecimento de fisioterapeutas sobre a SPP é de grande importância. |
METODOLOGIA: |
Foi elaborado um questionário auto-administrável sobre a poliomielite e a SPP com 33 questões do tipo sim/não/não sei (15 questões sobre a poliomielite paralítica e 18 sobre a SPP). Além disso, existiam questões sobre a formação acadêmica do profissional, tais como, anos de estudo e maior titulação. O questionário foi respondido por 61 fisioterapeutas (11 homens e 50 mulheres) com idade média de 29,6 anos (mín-máx: 22–48 anos). Com relação à formação acadêmica, 51% possuíam somente a graduação, 37% especialização, 9% mestrado e 3% doutorado. Os profissionais tinham, em média, 5 anos de experiência. Para participação no estudo, os voluntários assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Todos os instrumentos de coleta e análise do presente estudo foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFG e obedeceram a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para procedimentos envolvendo seres humanos. |
RESULTADOS: |
Dos entrevistados, 23% responderam que o paciente não recupera, total ou parcialmente, a capacidade funcional, sendo que 7% desconhecem esse tópico; 44% já prestaram serviço para pessoas com sequela de poliomielite; 10% negaram que existe tratamento para a poliomielite e 18% não sabem se existe tratamento. Com relação à SPP, 31% nunca ouviram falar sobre a doença; 46% não tiveram informações sobre a SPP; 31% não sabem quais são as manifestações clínicas apresentadas por pacientes com SPP e 3% negaram que a nova fraqueza, fadiga e dores musculares e/ou articulares são as manifestações clínicas mais frequentes; 34% não souberam responder se a SPP é uma doença que acomete somente pessoas que no passado tiveram a forma paralítica da poliomielite e 47% responderam que essa afirmação é incorreta; 60% não souberam dizer se existe uma forma de tratamento para a SPP; 29% negaram que a SPP é uma doença neuromuscular progressiva de piora lenta de sinais e sintomas e 39% não souberam responder. Finalmente, 69% não tiveram acesso a informações de como lidar com a SPP na sua graduação; 21% responderam que não há restrição para prática de atividade intensa por pessoas com SPP e 36% não souberam responder sobre este tópico. |
CONCLUSÃO: |
Nossos resultados revelam uma falta de conhecimento sobre a SPP por parte dos fisioterapeutas avaliados no presente estudo. Possivelmente, este desconhecimento sobre a SPP é devido ao fato da poliomielite paralítica ter sido erradicada no Brasil e em grande parte dos países do mundo. É preciso lembrar, no entanto, que existem pessoas com sequelas de poliomielite paralítica, que ainda não desenvolveram a SPP, que podem ser beneficiadas pela melhora do conhecimento da doença por esses profissionais. Portanto, programas e políticas públicas de conscientização desses profissionais devem ser elaborados tendo em vista que a perspectiva atual é de um contínuo aumento do número de casos de pessoas com a SPP. Adicionalmente, a inclusão de disciplinas relacionadas a doenças neuromusculares e, em especial, a SPP nas matrizes curriculares dos cursos de graduação pode contribuir para a melhora do conhecimento sobre a doença entre os profissionais. |
Palavras-chave: Síndrome pós-poliomielite, Tratamento, Fisioterapia. |