63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
VIOLÊNCIA ESCOLAR, PROBLEMAS E MEDIAÇÃO
Leila Oliveira Rodrigues 1
Solange Martins Oliveira Magalhães 2
1. Mestranda em Educação / Faculdade de Educação / UFG
2. Profa. Dra./ Orientadora - PPGE / Faculdade de Educação / UFG
INTRODUÇÃO:
O tema violência é pouco discutido no contexto educacional, por isso é importante sua investigação para revelar sua origem e banalização, sobretudo na escola. As manifestações de violências nos contextos escolares vêm agravando por vários motivos, mas sobretudo pela falta de prevenção e intervenção diante dos conflitos que as originaram. Os cursos de formação docente precisam desenvolver novos saberes que estimulem os professores a militar em favor de uma Cultura de Paz, que busquem estratégias acadêmicas e cultural que oriente ações humanizadoras. Analisamos os teóricos que têm identificado que os índices de violência escolar se misturam a ação de educar. O fenômeno da violência escolar existe, é concreto. Então interrogamos: quais medidas de intervenção e prevenção vêm acontecendo? Quais os conceitos de violência escolar, seus significados, suas formas? Como os sujeitos as identificam? Como se manifesta no contexto e nas práticas pedagógicas? O campo antropológico, filosófico, sociológico, psicológico e educacional nos auxiliaram no entendimento da violência; revelam que em muitos casos tende a ser justificável, mas nunca legítima.
METODOLOGIA:
O método utilizado foi o materialismo histórico dialético. A abordagem foi a qualitativa e o tipo de pesquisa foi um estudo de caso. A pesquisa foi realizada em uma escola pública da educação básica da capital de Goiânia/GO, localizada em um setor periférico com características violentas. Os sujeitos pesquisados no ano de 2010 foram 10 professores e 26 alunos. A sala de aula trabalhada apresentava violência escolar. Realizamos observações das aulas e entrevistas com todos os professores e nove alunos que apresentaram maior índice de violência identificado pela escola e que aceitaram participar da entrevista. As entrevistas foram autorizadas pelos sujeitos e instituição que concentraram nas experiências vividas pelos sujeitos tanto em relação à família quanto ao seu convívio social, principalmente na escola. Foi realizada uma análise de conteúdo do material produzido, a qual destacou algumas categorias que compuseram o entendimento sobre a violência escolar. O objetivo foi favorecer contato com a maneira de pensar, sentir, agir e revelar as crenças, as motivações e as atitudes dos sujeitos perante o tema pesquisado.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos detectou violência física através da observação de conflitos entre os alunos na escola. Os meninos apresentam e participam da maior incidência do fenômeno; eles contam a violência estando nela envolvidos. Às meninas relatam a violência com conotação de valores e demonstram vítimas dela. Elas esclarecem ser contra a violência, descrevem que ela é ruim para as relações na família e escola. No caso dos professores a pesquisa mostra que eles vivem uma crise em sua profissão e prática docente; entendem que a violência escolar é a continuidade que os alunos têm da relação que convivem em casa, local de muita briga, onde apanham dos pais e desse modo, acredita-se que os alunos manifestarão a violência em suas vidas. Dessa forma, muitos professores ainda não conseguem perceber que esse é o motivo central pelo qual se sentem incomodados, ou que dificulta o próprio trabalho, embora muitos admitisse que não consegue resolver a violência. A maior contribuição da pesquisa foi desvelar a violência escolar que se encontra invisível na prática pedagógica. Muitos professores praticam a violência escolar em suas práticas pedagógicas, mesmo sem saber e ainda não estão preparados para terem esse entendimento. Nossas conclusões colaboram para o entendimento dessas questões.
CONCLUSÃO:
A pesquisa identificou as manifestações de violência na escola e revelou também que a formação inicial e continuada não favorece o entendimento da violência escolar e a escola em muitos momentos se transforma em um palco de violências de classes, onde representam uma relação social na qual o aluno pertence à classe desfavorecida, portanto, reprimida, e o professor torna-se representante da classe burguesa, dominante. O despreparo dos professores é notório e a violência ainda não é fato nas academias que os prepara e o papel do professor ainda é compreendido como um mero transmissor de conhecimento, distanciando-se da atuação necessária – formação de cidadãos. Os professores precisam conscientizar-se da importância do entendimento das leis que permitem coibir, compreender ou assegurar que seus alunos não sejam vitimas (ou agressores) da violência. Fazem-se necessário que a formação gere novas informações para que os professores aproximem-se da condição de atuar em sala de aula buscando autonomia e segurança para atuarem na prevenção da violência escolar. Acreditamos que a intervenção passa pela formação e pelo ensino de valores, que auxiliarão na melhora do processo ensino-aprendizagem - educação integral.
Palavras-chave: Violência, Violência escolar, Formação docente.