63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 4. Literaturas Modernas
Análise da paisagem em O cão sem plumas, de João Cabral de Melo Neto
Amanda Pestana Pereira 548
Márcia Manir Miguel Feitosa 548
1. Graduanda -Curso de Letras -UFMA
2. Profa.Dra./Orientadora -Depto.de Letras-UFMA
INTRODUÇÃO:
O cão sem plumas (2007), considerada uma das principais obras de João Cabral de Melo Neto, retrata a degradação de um dos rios mais importantes da cidade de Recife, o rio Capibaribe. No poema, o escritor pernambucano trabalha com a quebra dos significados comuns das palavras e desenvolve um estilo em que mantém o sentido do texto voltado tanto para as questões sociais, como para as questões relacionadas à natureza humana.
METODOLOGIA:
O poema está dividido em quatro partes. Nas duas primeiras partes –“paisagem do Capibaribe”–, o poeta descreve a situação do rio de forma bastante pessimista. Tendo como objetivo analisar a paisagem construída no poema, realizaremos uma leitura dos versos de João Cabral à luz da teoria da percepção. Para essa atividade, desenvolveremos uma análise específica sobre a primeira e a segunda partes do poema, buscando destacar a relação homem e meio ambiente, com base nos estudos propostos por Yi-Fu Tuan.
RESULTADOS:
Na poesia de João Cabral, o rio é apresentado como algo sem valor para a sociedade e retratado apenas como espaço. Posterior à descrição do Capibaribe, o poema se abre para a descrição do homem ribeirinho e aos poucos se constrói uma relação entre o homem e o rio.
Em O Cão sem Plumas, o rio é o reflexo do homem. A fragilidade do homem vai sendo desnudada à medida que o próprio rio vai se despindo. A relação homem/meio expressa uma fusão ao mesmo tempo nobre e dolorosa, porque há uma união e um aprendizado em meio a toda essa luta.
As experiências dolorosas do rio e do homem os unem e é por meio de tais experiências que o homem aprende a lutar. Tuan destaca que “a experiência é um termo que abrange as diferentes maneiras através das quais uma pessoa conhece e constrói a realidade” (1983, p.9). No entanto, todas essas necessidades e situações adversas contribuíram para forjar um novo olhar, pois, como afirma Tuan: “a dor é indesejável, mas também é um meio de conhecer o mundo” (1980, p.54). De modo semelhante, a partir de tal situação, o homem é levado a tomar novas atitudes, pois “[...] a experiência implica a capacidade de aprender a partir da própria vivência. Experenciar é aprender, significa atuar sobre o dado e criar a partir dele” (1983, p.10).
CONCLUSÃO:
O projeto “Paisagem e escrita poética: análise crítica da produção da poesia moderna e contemporânea de expressão portuguesa à luz da teoria da percepção” proporciona uma nova perspectiva acerca do estudo do espaço na literatura, pois, ao aliar elementos da geografia humana, como a experiência do ser com o lugar, o espaço torna-se representativo e influente, assumindo, assim, papel fundamental nos versos de grandes escritores.
Palavras-chave: Homem, Rio, Experiência.