63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
A SEMANA DA ÁGUA NO ESPAÇO CIÊNCIA, OLINDA – PE: CONSIDERAÇÕES SOBRE UMA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL
Rodolfo Antônio Jerônimo do Prado 1
Josafá Henrique Gomes 1,2
Josilene Henriques da Silva 2
Djanira Alencar 1
Regina Cristina Albuquerque 1
1. Núcleo de pós-graduação em Geografia – FUNESO
2. Depto. de Ciências Geográficas - UFPE
INTRODUÇÃO:
As discussões em torno dos problemas ambientais, embora iniciadas nas décadas de 1960 e 1970, têm apresentado um panorama de alarmante estado de caos, resultado dos modelos de desenvolvimento adotados até hoje. A urgência de uma nova forma de se relacionar com a natureza aponta para uma necessária sensibilização das pessoas, no que se refere aos danos causados ao ambiente, denominada de educação ambiental, seja ela formal (promovida como atividade escolar) ou não-formal (práticas educativas voltadas para a comunidade). O sucesso para uma educação ambiental formal, entretanto, perpassa por um problema antigo, a fragilidade do sistema educacional no Brasil. Antes mesmo de se pensar em sua obrigatoriedade ou não no conteúdo programático das escolas e a responsabilidade ligada ao professor, é preciso lembrar-se das condições em que operam muitas dessas instituições de ensino em todo o país: sem professores e com estruturas que não atendem sequer aos requisitos de uma educação em seu sentido mais amplo. Assim, independentemente de ser uma questão de obrigatoriedade, ou não, do estabelecimento de uma educação ambiental em instituições de ensino, a modalidade não-formal acaba trazendo para si o papel de sensibilização ambiental
METODOLOGIA:
O presente trabalho busca responder ao seguinte problema de pesquisa: de que forma eventos não-formais de sensibilização ambiental podem contribuir com o complexo processo de educação ambiental formal para crianças e jovens? A hipótese levantada é que, na falta de um programa de educação ambiental formal consolidado, interdisciplinar e contínuo, as atividades relacionadas à educação não-formal tendem a ser utilizados pelas escolas como complementação das didáticas em sala de aula. O local escolhido para a realização dessa pesquisa foi o Espaço Ciência de Olinda – Pernambuco, um museu situado na divisa dos municípios de Recife e Olinda. É um local que apresenta uma área de mangue onde são realizados trabalhos pedagógicos e científicos voltados para a conservação ambiental. A metodologia consistiu em coleta de dados, incluem-se pesquisa documental e bibliográfica, e pesquisa de campo que incluiu a realização de entrevistas com organizadores do evento e parceiros como instituições públicas e alguns dos professores. Utilizou-se tanto de aspectos qualitativos com o método não probabilístico intencional para os organizadores do evento (primeira amostragem) e seus parceiros; quanto de aspectos quantitativos com a técnica probabilística aleatória para os professores (segunda amostragem).
RESULTADOS:
O cenário atual é formado por uma inversão de papéis, no qual a fragilidade de certas instituições deixa um espaço cada vez mais esperançoso para os projetos tidos como não-formais de educação ambiental. Para tanto, a ação das organizações não governamentais da sociedade civil tem sido importante, uma vez que o Estado não tem exercido suas atribuições como articulador, coordenador e promotor da educação ambiental no país. Logo, a importância do trabalho reside na problematização da referência entre a educação ambiental formal e não-formal regida pela legislação brasileira através da Política Nacional de Educação Ambiental, e a contextualização de um cenário concebido por especialistas no assunto sobre como vem ocorrendo de fato a sensibilização das crianças e jovens no Brasil. Portanto, sem esquecer o fato de que a educação ambiental deve ser um processo dinâmico e presente durante a toda a vida do indivíduo, a presente pesquisa procurou focalizar a fase escolar, em que o caráter formal da educação ambiental seria, em tese, mais visível.
CONCLUSÃO:
Das informações obtidas a partir da visita de campo, através das entrevistas e conversas informais, pôde-se observar como o evento estudado reflete o posicionamento do próprio Espaço Ciência, sendo uma extensão de suas atividades cotidianas. Utilizando a água como tema central, outros assuntos puderam ser relacionados como a geração de lixo e a necessidade de redução do consumo, reutilização e reciclagem de alguns materiais; e a importância de conservação de certos ecossistemas como o manguezal. O evento já acontece há três anos e, apesar de ser aberto ao grande público, a
proposta foi priorizar os alunos do ensino fundamental de escolas públicas e privadas. Para isso, as atividades usuais do Espaço Ciência foram voltadas ao acontecimento que mobilizou todo seu pessoal para isso, além de contar com o apoio dos parceiros. Observa-se que a abordagem dada à Semana da Água é semelhante ao trabalho do Espaço Ciência e se enquadra no objetivo educacional do lugar, cujas atividades são voltadas para o despertar para as ciências em seus aspectos mais amplos. No entanto o enfoque ambiental do evento se destaca pelo objetivo de sensibilizar para a importância dos recursos naturais e divulgar a necessidade de proteger a água, visto que ela é fundamental para vida e as atividades humanas.
Palavras-chave: educação ambiental, educação informal, conscientização ambiental.