63ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal

Comportamento de forrageio de macaco-prego (Cebus libidinosus) em Parques de Anápolis - Goiás

Gleise Josefina Queiroz Amaral 2 Lucivânio Oliveira Silva 3 Rafael da Silva 4 Juliana Rodrigues 5 Thiago Pitaluga 1

1. Prof.Ms./Orientador -Depto de piscicologia - FAA 2. Biologa -FAA 3. Prof.Ms.Depto Ciências Biológicas-FAA 4. Prof.Esp.Depto Ciências Biológicas-FAA 5. Profa.Ms.Depto Ciências Biológicas-FAA

INTRODUÇÃO:

De acordo com os estudos realizados sobre a distribuição de primatas no planeta, o Brasil é o país onde se encontra o maior número de espécies. Entretanto, a caça predatória e o desmatamento das florestas têm ocasionado um rápido processo de diminuição dessas espécies em seu ambiente de vida natural, representando uma perda significativa a todo ecossistema. No Brasil, a defesa dos primatas não-humanos é prevista na Lei de Proteção à Fauna de n° 5.197, que teoricamente, assegura todo amparo à fauna selvagem. O gêneroCebus tem sido foco de muitos estudos tanto em cativeiros quanto na natureza. Em cativeiro a maioria dos estudos tem testado as suas capacidades cognitivas e o uso de ferramentas, enquanto na natureza os estudos têm enfocado a ecologia alimentar e comportamento social. No entanto há poucos estudos abordando seu comportamento de forrageio (procura por alimento). Pelo seu comportamento flexível e sua grande capacidade adaptativa, os grupos de Cebus libidinosus convivem facilmente com humanos, interagindo e recebendo alimentos dos mesmos, muitas vezes produtos industrializados, causando aos macacos obesidade e doenças, como a diabetes. Ao receber alimentos de humanos, os macacos prego deixam de buscar os recursos naturais na mata, tornando-se “preguiçosos”.

METODOLOGIA:

Foram estudados onze animais de dois grupos de macacos-prego (Cebus libidinosos) que habitavam dois parques urbanos no Município de Anápolis. A coleta de dados sobre o comportamento alimentar e de forrageio de C. libidinosus. foi fundamentada no método de varredura instantânea, com duração de cinco minutos e intervalo de dez minutos. A varredura instantânea consiste no registro instantâneo da atividade realizada por cada indivíduo do grupo, a intervalos de tempo pré-estabelecidos e tem como objetivo primário estudar a quantidade ou a porcentagem do tempo gasto pelo grupo em uma determinada atividade. Os comportamentos observados em campo foram agrupados em: forragear, alimentação, deslocar e comportamentos adquiridos. Todas as atividades realizadas pelos animais eram anotadas e comparadas entre os parques, foram analisadas questões como o fluxo de seres humanos nos parques e a relação direta destes com o comportamento dos animais. Os dados foram tabulados, gerando gráficos com os resultados das observações.

RESULTADOS:

De dezembro de 2009 a outubro de 2010, foram realizados 89 dias de observações divididas em 45 dias no Parque da Criança e 44 dias no Parque Onofre Quinan, 712 horas de observações com 1282 horas de varreduras no primeiro parque e 2345 no segundo parque, totalizando 3627 horas, sendo no Parque da Criança 4 (2 macho, um adulto e um filhote e 2 fêmeas) 7(2 machos, um adulto e um jovem e 5 fêmeas) e no Onofre Quinan. Desta forma o presente estudo observou que os animais no Parque da Criança não sofriam quase nenhum gasto de energia no seu forrageio, pois era diretamente influenciado pela ação antrópica, no qual os itens com maior consumo pelos animais eram fornecidos pelos visitantes. Já no Central Parque Onofre Quinan os itens de maior consumo dos animais estavam concentrados nos frutos existentes no local, e sofreram pouca intervenção antrópica. Outro comportamento observado foi que os animais tinham habilidades de abrir garrafas de refrigerantes e outras garrafas com as mãos, como seres humanos, este comportamento ocorreu com maior ênfase no parque da criança, pelo fluxo de pessoas ser maior. Este tipo de comportamento se tornou comum na espécie, na qual foi observado em outros locais como no campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG).

CONCLUSÃO:

Com base no presente estudo concluiu-se que o local de menor influência antrópica no comportamento de forrageio do macaco-prego (Cebus libidinosus) na região de Anápolis foi o Central Parque Onofre Quinan, no qual os animais realizavam um forrageio ótimo (seleção do melhor local de forrageio e o que forragear) sem alteração aparente no comportamento original da espécie, porém o local encontrava-se fragmentado e não comportava grande número de indivíduos, como aconteceu no Parque da Criança que comportava até 20 indivíduos no local. Em relação às questões ligadas a alimentação, pôde-se listar os seguintes fatores: gestos diferentes utilizados pelos humanos nas suas tentativas de alimentar os macacos, que poderiam ter sido interpretados por eles como forma de agressão ou ameaças; tentativa dos macacos adquirir recursos e negativa por parte dos humanos, que poderiam levar esses macacos a utilizar diferentes estratégias de extorsão com sucesso; roubos a humanos. Então a sugestão seria uma melhor administração desta interação por meio primeiramente de uma educação ambiental nos parques estudados, e um manejo correto dos animais a fim de evitar que o forrageio destes animais se torne cada dia mais antropizado.

Palavras-chave: Cebus libidinosus, Hábitos alimentares, Comportamento animal.