63ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 2. Biologia Geral - 2. Biologia Evolutiva

EVOLUÇÃO E EXPANSÃO HUMANA NA PERSPECTIVA DA SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA E DA BIOGEOGRAFIA

Sérgio Almeida Loiola 1 Lilian Toledo Gomes de Rezende 2 Felipe Francisco Barbosa 3 Maria Nazaré Stevaux 4

1. Estudante de doutorado - Instituto de Estudos Socioambientais - IESA - UFG 2. Estudante de Ciências Biológicas - Depto.de Ciências Biológicas - PUC - GO 3. Estudante de Ciências Biológicas - Instituto de Ciências Biológicas - ICB - UFG 4. Profa. Dra/Orientadora - Instituto de Ciências Biológicas - ICB - UFG

INTRODUÇÃO:

Sabe-se que o “lugar dos humanos na natureza” insere-se na história evolutiva do gênero Homo, família Hominidae, ordem Primates, e que nosso grupo-irmão vivente mais próximo é o dos Chimpanzés (Panini: Pan paniscus e Pan troglodytes), cujo ancestral comum deve ter vivido na África, há cerca de 7 mi de anos. Na atualidade pode-se aperfeiçoar a visão desse nosso lugar na natureza, pois há uma profusão de pesquisas e informações sobre nossa história evolutiva e biogeográfica. Porém, as informações encontram-se dispersas. A fim de reunir, divulgar e estimular o interesse pelo tema elaborou-se uma pesquisa com o objetivo de apresentar a evolução humana no contexto dos primatas, e as principais hipóteses das rotas de expansão dos gêneros Australopithecus e Homo. Especificamente procurou-se: Explicar o processo evolutivo humano por meio da Sistemática Filogenética; Refletir acerca da origem e evolução da espécie humana; Produzir um painel didático-interativo, com as rotas migratórias, características e relações de parentesco. A visão conjunta biogeográfica e cladística permitiram apreender o método e compreender que os humanos evoluem como todos os seres vivos, com os quais estamos conectados numa teia de interdependência de processos antropossociais, físicos e biológicos no ambiente.

METODOLOGIA:

Para a construção de um cladograma mostrando as relações filogenéticas dentro da ordem Primates, realizou-se um levantamento de 69 caracteres morfológicos na literatura acerca de zoologia de vertebrados, mamíferos, primatas e evolução humana. Os caracteres foram codificados, polarizados e analisados com o auxílio do programa PAUP 4.0b 10 utilizando o critério da parcimônia. Por meio de uma revisão bibliográfica dos principais conhecimentos sobre o tema, elaborou-se uma árvore evolutiva e tabela com características da subtribo Hominina. Por fim, indicou-se as prováveis rotas de expansão dos gêneros Australopithecus e Homo, em um mapa de relevo do globo terrestre, com batimetria. As rotas foram demarcadas por LEDs coloridos de modo a permitir a distinção das espécies e a interatividade ligando ou desligando chaves.

RESULTADOS:

O cladograma obtido apresentou a topologia: (Outros Mamíferos (Strepsirrhini (Tarsiformes (Platyrrhini (Cercopithecoidea (Hylobatidae (Pongo (Gorilla (Homo, Pan))))))))). A árvore evolutiva da subtribo Hominina foi acompanhada de descrição das características das espécies, com datações atuais da origem e extinção. Foram plotadas no mapa mundi de relevo rotas de expansão de quatro grupos: Australopithecus spp. (4,2 mi - 1,9 mi AP); Homo erectus (1,8 mi - 0,03 mi AP); Homo neanderthalensis (0,3 mi - 0,02 mi AP); 1ª Expansão Homo sapiens (0,22 mi - 0,018 mi AP); 2ª Expansão Homo sapiens (0,018 mi AP - Dias atuais). As análises cladística e biogeográfica apontam que a “linhagem humana” se assemelha a um arbusto evolutivo, composto por diversos gêneros, muitas espécies, com possível intercruzamento, já que houve co-presença no tempo e no espaço. As espécies podem ter trocado conhecimentos (uso do fogo, manufatura de ferramentas, estratégias de caça). Vestígios arqueológicos sugerem diferentes rotas marítimas e terrestres de expansão do gênero Homo. Seus ancestrais tiveram a primazia da manufatura de ferramentas e, provavelmente, até a navegação e o uso controlado do fogo. Sabe-se agora que o andar ereto antecedeu ao aumento encefálico, e ocorreu em ambiente de floresta e não savana.

CONCLUSÃO:

Com o presente trabalho foi reconstruído o panorama filogenético dos primatas e da subtribo Hominina, utilizando-se dos dados mais recentes da literatura cientifica acerca da evolução humana. Além disso, foi plotado de forma didática o complexo panorama biogeográfico das expansões humanas pelo globo. Diferentes rotas de migração foram desenvolvidas, tanto por espécies como H. erectus, H. neanderthalensis quanto pelo próprio H. sapiens. Este último tornou-se cosmopolita num momento recente da história da vida, enquanto que as demais espécies dos gêneros Australopithecus e Homo desapareceram. Cabe indagar: Quais as diferenciais que permitiram esse relativo sucesso? Seria puramente um “acaso” a nossa espécie ser a única sobrevivente, ou ela teria algum diferencial? Quem sabe o complexo sistema cognitivo a qual somos dotados. Por isso é essencial que novos trabalhos sejam realizados procurando não apenas um melhor entendimento da complexidade da evolução humana, do seu contexto biogeográfico e do papel do sistema cognitivo humano em sua evolução, mas também com o objetivo de revisar e reunir informações sobre o assunto, para que possam estar mais acessíveis em outros círculos sociais que não a academia científica.

Palavras-chave: Evolução Humana, Expansão Humana, Sistemática Filogenética.